As 20 redações selecionadas pela OQSP-2004


Alunos de 1ª Série em 2003:


Alunos de 2ª Série em 2003:



Alunos da 1ª Série do Ensino Médio em 2003

Larissa Consoli; Flávia Cristina de Souza e Letícia da Silva
1a série
Prof.(a): Eugênia A. Atílio Pita
Escola Estadual Maurício Montecchi, Pitangueiras

As Descobertas de Dalva

        Acordou exausta naquele dia.
        —Vida de doméstica não é fácil, murmurou consigo mesma.
        Dalva tomou seu humilde café, enquanto assistia, no jornal da manhã, um debate sobre os alimentos transgênicos. Especialistas do assunto expunham ali suas opiniões sobre os alimentos modificados geneticamente.
        Os críticos, majoritariamente ambientalistas, afirmavam que os alimentos transgênicos não causam mal para os humanos em curto prazo, e que, no futuro, podem causar efeitos ainda ignorados pelos estudiosos. Em resposta, os defensores mostravam alguns dos testes por eles executados, nos quais não foram apontados efeitos perigosos à saúde humana.
        Quando o jornalista ousou questionar sobre a comercialização destes produtos, o estúdio pareceu entrar em chamas: de um lado, os ambientalistas defendiam com voracidade o uso de etiquetas que identifiquem os produtos; do outro, os favoráveis à livre comercialização, sem controle nenhum.
        Dalva não entendia o porquê de tanta discussão, pois, apesar de não ter formação superior, ela sabia muito bem que todo consumidor tem o direito de saber o que está comprando, e desligou a TV no ápice do debate.
        Os sábados não eram, para Dalva, os melhores dias para trabalhar, pois este era o dia em que as compras semanais de D. Célia, sua patroa, eram feitas. Como era complicado!
        D. Célia não gostava que sua família consumisse produtos que contivessem aditivos alimentares em demasia; e pedia para que Dalva escolhesse preferencialmente os vegetais cultivados pela agricultura orgânica.
        Por isso, ela ficava muito nervosa no dia das compras. Afinal, como ela -que não entendia química - poderia escolher tais alimentos?
        Mas a vida continuava e, apesar de tudo, ela não perdia o bom humor. Seguia, então, às difíceis compras.
        Quando chegou ao supermercado, ficou atônita: a decoração de Natal já estava pronta, e pensou que os lugares bonitos atraem mais consumidores, assim como os produtos com melhor aparência são mais vendidos.
        A primeira prateleira vista por Dalva foi a dos doces. Achou que as crianças adorariam alguns chocolates.
        No entanto, antes de pegar qualquer coisa, deveria olhar atenciosamente uma listinha preparada por D. Célia, na qual eram citados alguns dos aditivos químicos não recomendados.
        —Mas parece que isto está escrito em outra língua! – murmurou baixinho. Olhou: emulsificantes e umectantes. Pensando bem, era melhor não levar. Via as margarinas, o leite, a manteiga. Todos possuíam algum tipo de aditivo químico. Ela levou assim mesmo. Concluiu que seria praticamente impossível encontrar produtos livres de tais substâncias.
        Até que chegou à parte dos vegetais. Dalva ficou espantada com os preços dos alimentos orgânicos. Chamou a gerente do supermercado para verificar se as etiquetas nas gôndolas não estavam erradas.
        Mas não foi difícil para Dalva entender que os preços eram aqueles mesmo. A gerente explicou que a agricultura orgânica no Brasil ainda está em processo de desenvolvimento, e que, por utilizar meios de produção mais trabalhosos do que a agricultura convencional, o preço é realmente um pouco maior. Ela ainda acrescentou que, se a procura por estes produtos aumentar, a probabilidade de queda dos preços é maior.
        —Como é bom conversar com gente entendida -foi o que Dalva pensou quando a gerente, com educação, terminou de explicar sobre os alimentos orgânicos.
        Pronto. Ela havia encerrado as compras. Poderia voltar para a casa de D. Célia. E agora, como nunca, sentia uma grande curiosidade para entender sobre todas aquelas substâncias citadas nas embalagens dos produtos que havia consultado.
        Quando chegou, a primeira coisa que fez foi perguntar a D. Célia a razão pela qual ela dava preferência aos alimentos que não continham os chamados aditivos alimentares.
        D. Célia, excelente professora de Química, explicou que atualmente estes produtos são usados abusivamente nos alimentos. Suas finalidades, antes apenas de conservação dos alimentos, hoje são muito distintas, servem até para mudar a cor e o sabor dos produtos. Disse também que algumas destas substâncias podem ser extremamente nocivas ao nosso organismo.
        Dalva ficou muito interessada no assunto, ela nunca poderia imaginar que em um simples chocolate, por exemplo, havia tantas coisas que influenciavam, inclusive, no seu sabor. Ela perguntou a D. Célia se os vegetais também recebiam aditivos.
        A paciente professora falou-lhe a respeito dos chamados agrotóxicos. Ela explicou que o principal motivo que levou o homem a utiliza-los foi o combate às pragas agrícolas.
        —É claro que, no começo, a produção aumenta e a maioria dos insetos desaparece. Mas, ao longo do tempo, gerações de pragas resistentes podem surgir, o que acarretará o uso de pesticidas cada vez mais fortes.
        Os pensamentos de Dalva pareciam confundir-se, e então ela perguntou:
        —Mas, D. Célia, se os agrotóxicos são feitos para exterminar as pragas da lavoura, que mal podem nos fazer?
        Ao que D. Célia respondeu:
        —Na verdade, Dalva, estes tipos de veneno não atacam somente os insetos. Grande parte deles concentra-se no próprio alimento, assim, nós também ingerimos uma parte, mesmo que pequena, dos agrotóxicos. Além disso, quando eles entram em contato direto com o homem, podem causar muitos danos a sua saúde, atacando muitas vezes o sistema nervoso.
        Dalva sentiu vergonha de fazer à patroa mais perguntas, e pensou que os alimentos cultivados pela agricultura orgânica não eram "vítimas" dos agrotóxicos, e que justamente por este motivo D. Célia os preferia.
        Já a boa patroa gostaria de ter falado a Dalva sobre os tipos de agrotóxicos. Lembrou-se dos tempos de faculdade, quando, junto com um grupo de amigos, realizou uma grande pesquisa sobre o tema. Deteve-se um instante quando se lembrou das substâncias organocloradas, organofosfatadas e os carbamatos, que compunham alguns pesticidas. Ela também não poderia esquecer de sua melhor nota dos tempos de estudo, que conseguiu ao apresentar para a turma sua pesquisa sobre DDT.
        —Como era mesmo o nome completo daquilo?- perguntou-se. Ah, já sei! É dicloro-difenil-tricloroetano. Nunca vou esquecer sobre isso. Imagine só um pesticida tão forte e que não se degrada. Lembro-me perfeitamente dos detalhes: o DDT já foi encontrado até mesmo no leite materno. Que coisa perigosa!
        E continuou pensando no assunto enquanto, Dalva, que se preparava para ir embora, lhe pediu emprestados alguns livros, pois queria entender um pouco mais sobre o assunto. Ela se interessou realmente pelo que estava aprendendo.
        Quando chegou em casa, ela não hesitou em logo começar a estudar. Achou mais interessante ler sobre os aditivos alimentares, pois queria entender aqueles estranhos códigos nas embalagens dos produtos.
        Chegou ao ponto que desejava: a classificação dos aditivos alimentares. Teve a oportunidade de conhecer um pouco sobre cada um deles: os corantes (C), os flavorizantes (F), os conservadores (P), os antioxidantes (A), os estabilizantes (ET), os espumíferos e os antiespumíferos, os espessantes (EP), os edulcorantes (D), os umectantes (U), os antiumectantes (AU) e os acidulantes (H).
        Dalva exclamou um – Ufa! quando terminou essa parte. Achou que fosse muita coisa para sua cabecinha (como ela mesma dizia) tão mal informada. Mas, com tudo que ela leu sobre alguns efeitos negativos causados pelos aditivos, não conseguiu imaginar o mundo de hoje sem eles. Afinal, como seriam preservados os alimentos para tanta gente no mundo inteiro não fossem aquelas substâncias?
        E pensou mais fundo ainda: o que seria do mundo sem pessoas como D. Célia, estudiosos da ciência que tanto marca presença em nosso cotidiano, a Química?
        Dalva não sabia de muitas coisas sobre a química dos alimentos e sua importância. Mas ela é só mais uma entre milhões e milhões de pessoas que ignoram esse fato.
        Porém, os próprios químicos, que vivem em função de novas descobertas em prol da humanidade, ainda ignoram muito sobre essa ciência que, para uns atemoriza, para outros fascina.
        São mistérios que só o tempo, aliado a muito esforço, poderá desvendar.

Bibliografia

1)Livros:

1.1) Narciso Jr., Jorge L.
 Projeto Escola e Cidadania: Química/ Jorge L.
Narciso Jr., Marcelo P. Jordão. – São Paulo: Editora do Brasil, 2000

1.2) Lutfi, Mansur
 Cotidiano e Educação em Química: os aditivos em alimentos como proposta para o ensino de química no 2º Grau / Mansur Lutfi;
[ apres.] Otavio Aloísio Maldaner.- - Ijuí : Liv. UNIJUÍ Ed., 1988.
- - 224p - - (Coleção Ensino de 2º Grau; 4)

1.3) Ambrogi, Angélica; Versolato, Elena F.; Foschini Lisboa, Julio Cezar.
 Unidades Modulares de Química – São Paulo: Gráfica Editora Hamburg LTDA, 1986.

1.4) Feltre, Ricardo.
 Química Volume 3: Editora Moderna.

2)Sites da Internet:

2.1) www.minerva.ufpel.tche.br/brauch/cultural/aditivos

2.2) www.nestle.com.br/OUTPUT/FAQ/faq_01.htm

2.3) http://ruinuno.50megs.com/química/html


Daniel O. Goldschmidt Kiminami; Lucas Giantaglia; Renata Alves; Paulo Casuccui e Jaqueline Sorregotti
1a série
Prof.(a): Simone Ravanini e Mazé Golinelli
Colégio Anglo de São Carlos

Importância da química na produção de alimentos

          As coisas estavam indo de mal a pior na vida do pobre fazendeiro Francisco, que, em virtude de problemas em sua lavoura, vinha levando um prejuízo cada vez maior, prejuízo que lhe impedia o relaxamento no horário do majestoso plenilúnio.
          Foi em mais um dia desses que, analisando sua improdutiva lavoura, com insetos famintos comendo todas as espigas de milho que serviriam de comida para as galinhas, com fungos massacrando seu voluptuoso campo de milho, e com as ervas daninhas competindo com as plantas por espaço e alimento, recebeu a visita de seu irmão da cidade de São Carlos.
        - Olá, Francisco, o que há de errado com seu sustento? - perguntou, com um sorriso caloroso no rosto.
        -  É que...
        - Já sei! Você finalmente criou juízo e decidiu juntar-se a mim na minha indústria de bebidas lá em São Carlos! - gritava agora com entusiasmo.
        - É claro que não, irmão. Eu só estou com um enorme problema na minha plantação. Não consigo mais plantar nada nessa terra cheia de fungos, insetos e ervas daninhas e, conseqüentemente, estou tendo problemas com meu sustento, com a alimentação do meu gado e das minhas galinhas. E já disse que o seu negócio na cidade não me interessa, aposto que para fazer os seus sucos, apenas compra as frutas já maduras e não sofre como eu, para cultivá-las. Não sou uma pessoa como você, não vivo da folgança, vivo do trabalho e, como seu trabalho é só para folgado, nunca trabalharei na sua indústria.
      - Mas irmão, você está errado! Na minha indústria sou eu quem cultiva as frutas e quem tira o leite das vacas... quero dizer, eu e meus funcionários! - olhava-o de novo com aquele olhar e sorriso de um verdadeiro amigo.
      - Ainda tenho minhas dúvidas, mas, se sabe cultivar, por favor, me ajude!
      - Bem, analisando o estado de sua lavoura, vejo que não tem usado na medida certa os minerais e os produtos químicos. Com ar sério, passou a analisar a lavoura.
      - Do que você está falando? Eu não utilizo nada disso.
      - Aí que está o seu problema! Você deve usá-los para ter sucesso nesse ramo.
      - Mas não são prejudiciais à saúde?
      - Não, quando usados de maneira adequada, com esses produtos você, com certeza, duplicará sua produção normal!
      Francisco continuava indeciso. Não sabia se deveria ou não seguir conselho do irmão, mas, como não sobreviveria à situação presente por muito tempo, resolveu confiar no seu amigo de São Carlos. E, assim, percebeu que o problema poderia talvez ser solucionado. Viu lá em cima do buraco em que se encontrava, uma luz, uma luz que se seguisse talvez o levasse para fora desse prejuízo que o amargurava.
      - Está bem, ensine me como devem ser utilizados esses produtos químicos e como eles aumentarão a produtividade da minha lavoura!
      - Certo. Para começar, você deverá, primeiro, acabar com todos esses insetos e fungos que tomaram a sua terra e, para isso, você deverá utilizar os inseticidas e fungicidas. Os inseticidas, se usados aos poucos, com moderação, com certeza acabarão com esses insetos e não trarão problemas ao alimento. Já os fungicidas, produtos químicos orgânicos que podem conter zinco, manganês e cobre, quando adicionados ao solo, evitarão a proliferação desses fungos.
      Francisco observava os insetos e fungos com um enorme sorriso, não um sorriso positivo como aquele que fizera quando pela primeira vez viu sua lavoura crescer, quando começou a cultivar, mas um sorriso vingativo de quem encontrou o ponto fraco do inimigo. Enquanto sorria, seu irmão continuava:
      - Se você, porventura, não encontrar esses produtos poderá usar também os denominados pesticidas que reduzem o número das pragas, por atacar suas funções vitais. Mas eu devo alertá-lo, fique de olho no pesticida que você for comprar, pois há alguns que chegam a matar plantas e animais e que podem até trazer riscos à saúde humana. Não sei bem quais são, mas tome cuidado! Em relação a essas ervas daninhas, eu recomendo o uso dos herbicidas, que as matam de várias maneiras alguns interferem na fotossíntese, paralisando sua capacidade de produzir o próprio alimento, enquanto outras envenenam as células novas das pontas das raízes e brotos. Entendeu até aqui, Francisco?
       - Sim, mas não sei utilizá-las, nem sei onde comprá-las!
       - Há uma loja agropecuária aqui perto, que vende esses produtos e, com certeza, quando você for comprá-los, haverá um agrônomo que o ensinará a utilizá-los.
       - Certo.
       - Bem, após você ter acabado com essas pragas, eu recomendo o uso dos fertilizantes, que nada mais são do que minerais suplementares de que as plantas necessitam, mas, de novo, cuidado, pois quando os fertilizantes são utilizados exageradamente, podem poluir a água. Deixe me ver... é, acho que é só.
       - Muito obrigado, irmão. Irei hoje mesmo comprar esses produtos e “ressuscitar” minha plantação ou, como você disse, meu sustento. Vamos entrar?
       - Tenho que ir agora, na verdade vim me despedir. Estou indo para o exterior vender um novo conservante que desenvolvi.
       - Eu sabia! Sua indústria fabrica sucos artificiais!
       - Que nada. Conservantes, ao contrário dos corantes e aromatizantes, não possuem a função de fazer com que os produtos industrializados pareçam ser o que não são. Sua meta na realidade é evitar a ação dos microorganismos que agem na deterioração dos alimentos, prolongando sua durabilidade. Tenho que ir agora, até mais Francisco.
       Passaram-se dois anos quando, enfim, o irmão volta à lavoura de Francisco, e, analisando o panorama, percebeu que a lavoura estava diferente; as plantas, anteriormente mirradas, agora se encontravam grandes, verdes e bonitas; e as espigas de milho, que antes serviam de banquete para os insetos, estavam agora amarelas como ouro; enfim, tudo estava maravilhoso. Francisco, que se encontrava camuflado dentro do magnífico campo de trigo, veio ao seu encontro com a felicidade estampada no rosto.
      - Irmão, que bom vê-lo! Viu como ficou a lavoura? Não ficou maravilhosa? - perguntou  percebendo algo de errado na feição de seu irmão.
      - De fato, ficou linda!
      - O que houve, por que essa cara?
      - Estou arrasado. Aquele produto que fui comercializar no exterior já era conhecido por todos; agora, o estudo gira em torno dos produtos transgênicos.
      - Mas o que seriam esses produtos?
      - Bem, transgênicos são organismos que, através de técnicas genéticas, incorporam genes recebidos de outras espécies. Ultimamente, os produtos são feitos para que haja uma melhoria nesses, como a soja, o milho, a batata, que, com essa melhoria, passam a ter características específicas. As plantas transgênicas, por exemplo, têm uma maior resistência contra pragas e, como você cultiva milho, quem sabe daqui a algum tempo você não comece a fazer o milho transgênico.
      - Que maravilha!
      - Não se anime muito, pois tudo tem seu lado bom e ruim. E esse lado você também precisa saber. O consumo desses produtos, na maioria das vezes, é prejudicial à saúde, por isso a utilização dos transgênicos deve ser feita de modo lento e seguro, com testes rigorosos, controlados por agências governamentais competentes e idôneas.
      - Que interessante, adorei saber dessa nova técnica, mas se foi só isso, não fique assim. Tenho certeza de que você desenvolverá...
      - Essa não foi a única má notícia que tive. Quando voltei encontrei, todas as minha vacas infectadas por algum vírus que acabou com a produção de leite na minha indústria. E a pior parte é que meus empregados não fazem idéia de como elas ficaram dessa maneira. – olhava agora para o chão, enquanto as lágrimas escorriam livremente sobre seu rosto ebúrneo camuflado pela sombra produzida pelo chapéu de sua empresa.
      - Bem irmão, não precisa chorar. Seus empregados provavelmente não têm limpado o local das vacas nem suas tetas de maneira adequada, com os produtos químicos adequados. E talvez a ração que você esteve utilizando não seja tão boa.
      - Mas do que você está falando? Eu não utilizo nenhum produto químico, e nenhuma ração.- olhava Francisco com espanto.
      - Aí está o seu problema! Após você ter me mostrado o caminho para o cultivo adequado, andei estudando esses produtos químicos e a maneira de utilizá-los, não só na minha lavoura, mas também no meu gado e galinhas, e descobri que, para que não haja riscos de infecção, é necessária utilização de produtos químicos na limpeza do ambiente onde se extrai o leite das vacas, produtos químicos na esterilização dos equipamentos de extração e na limpeza das tetas das vacas. Analisei também que as rações, produzidas quimicamente, ajudam no desenvolvimento das vacas e das galinhas como complemento aos alimentos naturais por conterem nitrogênio extra que ajuda a aumentar a resistência do animal e acelera seu crescimento.
      - Nossa... muito obrigado. Comprarei as rações e os produtos. – o sorriso agora retornava a seu rosto acolhedor.
      - Como a química ajuda não é, irmão? Principalmente nessa área alimentícia. Sem ela, com certeza estaria pobre e com fome.
      - Sem dúvida, Francisco, sem dúvida. E não só você. Sem os recursos da química, seria difícil a qualquer produtor produzir o suficiente e, mesmo que o fizesse, não teria como efetuar a venda pelo fato de os conservantes, que impedem a putrefação dos alimentos, serem em si, um produto químico.
      Os problemas na produção de ambos os irmãos estavam agora acabados, e a relação harmônica entre os dois se intensificava a cada dia. Francisco após alguns anos passou a trabalhar na empresa de seu irmão onde ambos estão até hoje, utilizando os já conhecidos produtos químicos, que serviram de corda para saírem do buraco escuro da miséria e da desarmonia.

Bibliografia: Globo Ciência_ Enciclopédia da ciência; www.greenpeace.org.br


Micael Masato Susuki e Murilo Torrezan Forte
1a série
Prof.(a): Simone Ravanini e Mazé Golinelli
Colégio Anglo, São Carlos

A importância da Química na produção de Alimentos

        O Salão de Conferências ia agitado. A Maçã chegou atrasada, vítima de um congestionamento na Rodovia dos Feirantes, mas caminhando rapidamente entre os representantes dos cantos do país, subiu ao palco num pulo e iniciou alegremente - seus olhos verdes chispando de êxtase.
        - Boa-noite – disse ela, com uma voz muito doce. Todos responderam em uníssono. – Sejam bem-vindos ao primeiro Congresso Nacional da Química para o Nosso Desenvolvimento. Eu sou a Maçã, coordenadora da União de Culturas dos Alimentos e vou presidir esta cerimônia.
        As batatas estavam agitadas, as latas industrializadas haviam se enfileirado logo em frente ao palco, como numa prateleira de supermercado. Havia representantes de todos os estados do país: melancias, tomates rubros. E eles cochichavam secretamente entre si.
        - Todos nós sabemos da importância da química no desenvolvimento sustentável, e por isso estamos aqui. O objetivo é apresentar alguns assuntos, discutir novos métodos. Afinal, o que se quer é produzir a maior quantidade possível de alimentos sem agredir a natureza. O uso consciente e fiscalizado da química só traz benefícios.
        Quando a Srta. Maçã pediu silêncio para continuar a audiência, os tomates estavam mais vermelhos do que nunca, e foi só ela perguntar quem gostaria de começar que eles logo levantaram as mãos.
        - Nós fomos incumbidos de expor a importância do uso inteligente da química nas lavouras por meio do uso de defensivos químicos. - O tomate de gravata disse com confiança.
        - Você poderia colocar a importância disso, Sr. Tomate Tavares?
        - Chegamos a essa conclusão depois de fazer uma pesquisa nos centros de agricultura. Os defensores, ou agrotóxicos, se utilizados com consciência, nos deixam livres das pragas e diminuem as perdas dos produtores, influenciando um crescimento econômico, o sustento da sociedade sem desperdício. O seu uso nos deixa livres de insetos, o que para muitos é um recurso importante. A importância dos defensores se deu devido à ocorrência do êxodo rural há algum tempo atrás, quando várias famílias se mudaram para a cidade, deixando o campo com uma mão de obra escassa, levando à proporção de uma família trabalhando no campo para 75 famílias da cidade. Essas poucas famílias do campo tiveram que se valer de defensores para conseguir manter a nossa comunidade em níveis necessários para o comércio, para obter o máximo de sua produção. E seu uso não cessou mais.
        O porco, que não havia aberto a boca até aquele momento, levantou a pata, com os olhos apertados.
        - Mas o que você diz da contaminação dos consumidores, Sr. Tomate? Atualmente...
        O tomate não pensou para responder, apontando para alguns gráficos fruta-cor.
        - A maioria dos problemas poderia ser solucionada com medidas simples, como educação e fiscalização. Agricultores informados, com noções sobre os efeitos dos agrotóxicos, saberiam aplicá-los de forma adequada, e a monitoria por parte de órgãos competentes garantiria os níveis corretos dos componentes, o uso de produtos de qualidade, com composição conhecida e de acordo com as normas.
        Todos se mantiveram em silêncio, até que a Srta. Tomate Rodrigues abriu a boca, para fecha-la algum tempo depois.
        - Não podemos esquecer que seu uso diminui a perda e se reflete num preço mais acessível. Quando recebemos a chamada do Congresso para pesquisarmos sobre os defensores, tivemos fontes bastante amplas, especialmente do âmbito ecológico. Em pesquisa, constatamos que a sociedade está se conscientizando dos efeitos dos produtos químicos aplicados aos alimentos e sobre os efeitos dos mesmos na qualidade de vida da raça humana. Existem duas faces. O crescimento rápido da população exige uma maior produção de alimentos, fazendo dos agrotóxicos mais necessários para se obter maior rendimento. Por outro lado, o uso causa problemas na natureza, que podem chegar a atrapalhar a vida das pessoas, com doenças e perda dos recursos naturais devido à contaminação. Logicamente, cada consumidor deve tomar cuidado, boicotando aqueles alimentos que são sabidamente produzidos "à base" de agressões para conosco e, conseqüentemente, ao próprio ser humano.
        Os tomates agradeceram e foram aplaudidos. A Srta. Maçã ficou interessada no assunto dos agrotóxicos, preocupada com os filhos de seu amigo Laranjada, que não saíam de casa sem o uso de um defensor contra insetos. Ela organizou silêncio e partiu para o próximo assunto, que vinha brevemente descrito em uma folha que trazia numa pastinha verdolenga. Todos aplaudiram enquanto os minúsculos grãos foram caminhando até o palco. Eles subiram na mesa e, enquanto a D. Vaca foi ajeitando os gráficos no projetor, deram início.
        - Estamos aqui para falar sobre a importância dos fertilizantes – disse um grão com voz feminina. – Todos nós, para crescermos com vigor, necessitamos de elementos nutritivos, numa dosagem certa. Quando ausentes, eles precisam ser adicionados ao solo, de modo a torná-lo rico para o tipo de agricultura a ser adotado. Variando muito a terra em sua composição química, ela apresenta sempre alguma deficiência. Por isso, antes de iniciar uma plantação, nossos agricultores submetem amostras do solo a analistas, que determinam sua composição e verificam os elementos faltantes. A importância da química entra aí. De acordo com o resultado, eles podem aproveitar esterco, matéria vegetal em decomposição, refugo de matadouros – fertilizantes orgânicos -, ou adquirir produtos já dosados quimicamente – os fertilizantes inorgânicos.
        O feijão parou por alguns instantes, meio zonzo. O porco estava com a mão levantada.
        - Bem... Os principais elementos de que necessitamos são o nitrogênio, que é adicionado ao solo sob a forma de salitre - o nitrato de potássio -, como sulfato de amônio, ou sob a forma de matéria orgânica em decomposição. O fósforo, que ocorre em certas rochas, como a apatita, também o potássio, principalmente extraído das jazidas de cloreto de potássio... O cálcio, proveniente de rochas calcárias, ossos triturados ou conchas marinhas. O enxofre, encontrado no sulfato de amônio. Nós também temos necessidades de outros, como o boro, cobre, magnésio, mas em quantidade bastante reduzida. A chuva, ao cair, faz com que os nutrientes citados se infiltrem na terra, fortalecendo assim as raízes da planta. Enfim, diferentemente dos agrotóxicos apresentados pelos amigos tomates, os fertilizantes são menos nocivos à natureza, mesmo os artificiais. No entanto, apesar de sua grande importância, devem ser administrados com cuidado, seguindo as normas, para que o solo não sature com o tempo. Perguntas?
        É claro que houve perguntas, principalmente do porco, que quis saber de cada detalhe. A Srta. Maçã agradeceu aos feijões e eles voltaram para seus lugares saltitantes. A presidente não achou muita novidade na apresentação, uma vez que era formada em bioquímica e conhecia o campo dos fertilizantes. Ela mesma receitava a seus sobrinhos uma colherinha de Microxisto. O porco aproveitou a oportunidade e se voltou para o Sr. Tomate Tavares, que conversava baixo com o seu colega de trabalho.
        - Sr. Tavares, eu esqueci... E a respeito das embalagens dos defensores?
        - Sim, sim... – murmurou o tomate. – Há empresas que viabilizam a reciclagem desses materiais. Há programas tentando resolver o problema, que diz respeito à reutilização dessas embalagens, extremamente tóxicas.
        A Srta. Maçã sorriu para o porco. Ele retribuiu o sorriso, o focinho lustroso apontado para cima.
        - Prosseguimos agora com as Laranjas. Alimentos Industrializados.
        As laranjas roliças seguiram rapidamente para o palco e em instantes estavam prontas, com diversas transparências de fotos das áreas de produção e gráficos comparativos.
        - Boa-noite, amigos – disse o Sr. Guilherme Orange. - Vou apresentar um breve resumo das possíveis aplicações da química na produção industrial de alimentos – frisou na palavra industrial. – Atualmente, a indústria utiliza processos nos quais a química está presente e ativa. Como exemplos, a fermentação, a hidrogenação, a desidratação - processos economicamente importantes. Entre eles destacamos a fermentação, que alia a atividade microbiana na obtenção de compostos de grande utilidade, através de processos industriais que, no geral, consistem na oxidação parcial de uma substância orgânica.
        Uma segunda laranja, a Sra. Clotilde Aranja, continuou, apontando para algumas fotos.
        - Na fermentação alcoólica temos a oxidação anaeróbica parcial da glicose, obtendo o álcool industrial e todas as bebidas alcoólicas. É ainda um processo utilizado na panificação. Na fermentação acética, temos a oxidação parcial aeróbica do ácido etílico, com produção do ácido acético, usado na produção do vinagre e do ácido acético industrial. Já a fermentação lática é a utilizada no processo que deu origem, por exemplo, aos nossos amigos queijos, aqui presentes, além da manteiga, da coalhada, dos laticínios. É uma oxidação anaeróbica parcial de hidratos de carbono, com a produção final de ácido lático. Se for boa por um lado, é ruim por outro, uma vez que todos nós conhecemos seu efeito devastador na deterioração de vários produtos agrícolas... Enfim, os diversos tipos de fermentação têm um papel muito importante na indústria de alimentos.
        - Obrigada, Sra. Aranja. Acredito que agora temos os conservantes...
        - Oh, sim! – exclamou a roliça fruta. – Um dos processos utilizados no ramo alimentício está relacionado com o uso de aditivos químico, compostos importantíssimos, naturais ou artificiais, para a manutenção da longevidade e qualidade dos alimentos. Nos dias de hoje, é interessante ressaltar que um aditivo ser artificial não significa que seja prejudicial à saúde, assim como existem substâncias naturais de alta toxicidade. A importância química desses produtos é grande. Os conservantes mantêm os alimentos frescos, os corantes realçam a cor, os aromatizantes fornecem odor e ou sabor. Emulsificantes são estabilizantes e antioxidantes preservam o sabor. Alimentos industriais não seriam os mesmos sem a química.
        A cerimônia continuou. Faltava a apresentação dos transgênicos, mas eles não haviam aparecido. Era bom, pois muitos não gostavam deles. Mas de repente uma nave pousou e eles apareceram na porta do salão, apressados.
        - Desculpem-nos! – pediu uma barra de chocolate. – Estamos com nossas agendas cheias... Resolvemos vir somente no horário de nossa apresentação.
        A Maçã pediu que eles começassem. O salão inteiro conservava-se em silêncio. Ninguém gostava muito dos transgênicos, que tinham diversas qualidades de superalimentos, mas possuíam um místico emblema; discriminados.
        - ...Plantas criadas em laboratório com técnicas da engenharia genética que permitem cortar e colar genes de um organismo para outro, mudando a forma do organismo e manipulando sua estrutura natural, a fim de obter características específicas. Bem, nossos criadores nos consideram a química aplicada ao alimento do futuro, mas alguns teimam em nos destruir. De qualquer modo, alguns transgênicos são mais resistentes a pragas, enquanto outros apresentam características diversas. As espécies transgênicas vêm crescendo, de modo que estamos ficando populares. Hoje em dia, as grandes discussões no ramo de produção de alimentos giram em torno da gente.
        O porco conservava seus olhos apertados. Por fim, ele, que não tinha papa na língua, perguntou se eles não se consideravam mutantes. A barra de chocolate, vestida com uma linda embalagem rodada, com a estampa de uma criança, olhou para o animal e fez que não ouviu. O Sr. Tomate, mais vermelho do que nunca, tinha certeza que um tomate transgênico nunca seria um tomate Tavares. O tomate do grupo era muito maior do que um tomate comum. A Srta. Maçã esperou por mais perguntas e por fim, na pressa dos transgênicos, acabou rapidamente. Logo as cenouras subiram no palco, prontas para encerrar o Congresso. O porco ainda queria perguntar se alguém sabia porque se comprava tantos produtos industrializados, se muitos deles só faziam mal, mas se lembrou a tempo que também o toicinho não fazia muito bem.
        - ...Por fim, é fácil perceber que a química é de extrema importância no nosso dia-a-dia, de modo indispensável. Desde o início da produção, à adubação do solo, passando pelo cultivo, colheita, industrialização, e pelas embalagens, a química está presente. Podemos afirmar que, se não fosse a química, nós não estaríamos aqui. Tudo o que é vivo tem química, e mesmo o que não é.
        A Srta Maçã satisfeita agradeceu as cenouras, cansadas. Quando, no entanto, os alimentos estavam dando a cerimônia por encerrada, as grandes portas do salão se abriram e entrou correndo uma fruta-legume excêntrica, metade maçã, metade berinjela e cabeça de tomate. Ela subiu ao palco, com dificuldade, e olhou para o salão aterrorizada.
        - Não era isso o que eu queria!... – e tombou no chão.
        Os alimentos transgênicos correram em direção àquele ser e levantaram-no rapidamente, tentando achar um caminho livre entre todos que se levantavam, revoltosos. E pela primeira vez, nem o porco sabia o que falar.

Bibliografia

Sites:  www.greenpeace.com.br/transgenicos/home.asp
             www.greenpeace.com.br/transgenicos/pdf/guia_consumidor.pdf
             www.unicamp.br/fea/ortega/temas530/julianaa.htm
             www.ecoagencia.com.br/artigos/cartars.htm
             www.consulteme.com.br/1/biologia/indusi.htm
 www.webrural.com.br/webrural/artigo/Redireciona.asp?URL=http://www.webrural.com.br/webrural/artigos/tecnologia/reciclagem.htm
             www.daycare.com.br/comida_turbinada.shtml
             Enciclopédia do Estudante – Volume 3 – Nova Cultural


Weberson V. Manganaro Ferro
1a série
Prof.(a): Mirtes Antonia Gellssi
EE. Prof. Ivo Liboni, Regente Feijó

Conservação de  Alimentos

        Aproximadamente há 30 mil anos atrás, o homem vivia em bandos e saía à procura de alimentos, frutos e restos de animais já mortos. Passou a pescar e caçar animais. Algumas vezes a caça e a pesca eram fartas, outras não.
            Com o passar do tempo, percebeu que se a carne não fosse consumida dentro de certo tempo, ela estragaria. Percebeu também que quando exposta à fumaça das fogueiras, ela durava mais que a carne crua. Passou então a utilizar aquela que talvez tenha sido a primeira técnica de conservação de alimentos: a defumação
        Por acaso, ele observou que os frutos maduros que permaneciam nas árvores secavam; esses frutos secos, podiam ser consumidos e duravam muito mais tempo do que os maduros, podendo ser guardados e utilizados como uma reserva alimentar. Baseado nesse processo, o homem tentou fazer o mesmo com outros alimentos, como a carne da caça e da pesca, inicialmente expondo ao sol ou no calor de uma fogueira. Estava, assim, descoberto um novo método de conservação de alimentos: a desidratação, ou seja, a retirada de excesso de água do alimento.
        Além da defumação e da desidratação, outras técnicas de conservação de alimentos foram encontradas: a adição de açúcar em frutas transformavam-nas em doce caudaloso, e sob essa forma resistiam mais à deterioração; grãos como o milho e o trigo, depois de secos eram amassados e moídos, transformando-se em farinha, que era utilizada na fabricação de pão e podia ser guardada por muito tempo.
        A conservação de alimentos é para que eles não estraguem devido às mudanças provocadas por bactérias, fungos e enzimas. Assim, a conservação de alimentos pode ser feita através da diminuição ou expulsão total dos microorganismos responsáveis pela deterioração, da formação de um meio prejudicial ao desenvolvimento desses microorganismos e da formação de um meio que encurte ou acabe com a atividade enzimática.
        Os melhores métodos são aqueles que garantem uma conservação longa e que proporcionam um mínimo de alteração nas qualidades naturais dos alimentos.
        O processo de defumação é um dos mais antigos métodos de conservação de alimentos, sendo utilizada principalmente em carnes e derivados, como lingüiças, toucinhos, presuntos, etc. Esse processo resume-se basicamente em expor o alimento à fumaça e, na maioria dos casos, ao calor, por um certo tempo.
        Há alguns anos atrás, a fumaça era adquirida queimando-se madeira ou serragem em baixo da carne; nos dias de hoje, em sistemas mais modernos, ela é criada fora do ambiente e levada até ele por meio de tubulações.
        A fumaça utilizada é uma mistura de várias substâncias, algumas delas bactericidas, outras, capazes de alterar o desenvolvimento dos microorganismos. Por essa razão, a defumação é um processo muito utilizado na conservação de alimentos.
        O uso do calor na conservação de alimentos tem como objetivo a destruição de todos, ou pelo menos, da maior parte dos microorganismos e enzimas.
        A secagem foi o primeiro processo de conservação a usar o calor. É por ela que todos os cereais, como arroz milho e trigo são conservados. Frutas, carnes e peixes também podem sofrer esse método. Podendo ser realizada pelo calor do sol ou produzido pelo homem, a secagem limita consideravelmente a quantidade de água no alimento, criando desta forma, situações desfavoráveis a expansão dos microrganismos e das enzimas, uma vez que os dois precisam de água.
        Além da secagem, há a pasteurização e a esterilização, métodos industriais que também utilizam o calor para a conservação dos alimentos.
        A pasteurização consiste na destruição da maioria dos microorganismos presentes no alimento a temperaturas de até 100° C. Já a esterilização visa a repartição completa dos microorganismos, utilizando temperaturas ainda mais elevadas.
        Há duas maneiras de conservar de alimentos pelo frio: a refrigeração e o congelamento.
        Na refrigeração os alimentos são subjugados a temperaturas próximas a 0° C; quanto menor a temperatura, maior será o tempo de conservação. Os microorganismos, quando submetidos a temperaturas baixas, não são arruinados, mas tem sua ação celular menor e sua imagem impedida. Este fato, aliado à redução da atividade enzimática, faz com que os alimentos se conservem por dias ou semanas, quando refrigerados.
        No congelamento, os alimentos são guardados a temperaturas de até 30°C negativos. Nestas condições, a maior parte da água presente nos alimentos se transforma em gelo, não deixando a sua utilização pelos microorganismos, pois eles a necessitam na forma líquida. A falta de água disponível para os microorganismos e a quase total redução da atividade enzimática causada pela baixa temperatura, faz com que os alimentos possam ser conservados através do congelamento, por vários meses ou até anos. Nas geladeiras e frigoríficos os alimentos são mantidos sob refrigeração, e, nos freezers e congeladores, eles são armazenados congelados.
        Sal e açúcar são geralmente utilizados para conservar alimentos. O sal é empregado na conservação de carnes e derivados. Geléias, frutas cristalizadas, leite condensado são exemplos de produtos conservados pelo açúcar.
Quando o sal e o açúcar são colocados em contato com os alimentos, ocorre o fenômeno da osmose: a água presente nas células que compõem os tecidos animais e vegetais passa pela membrana celular, desidratando o alimento. Como o volume de água disponível diminui, as condições tornam-se contrárias ao desenvolvimento e produção dos microrganismos e à atividade enzimática.
        Em meados deste século, a radiação também passou a ser colocada para preservar alimentos, através de um processo chamado irradiação. A irradiação também é utilizada para destruir total ou parcialmente os microrganismos responsáveis pelo apodrecimento dos alimentos, lutar contra larvas e ovos de insetos danificadores de colheitas e controlar o período de germinação, principalmente de batatas e cebolas. Ela também é empregada em processo como esterilização, pasteurização e desinfestação, onde são utilizadas, para cada um, doses diferentes da radiação.
        As técnicas de conservação de alimento através da adição de substâncias são muito antigas. No entanto, nas últimas décadas, o homem tem colocado cada vez mais substâncias nos alimentos com o objetivo não só de evitar a deterioração, mas também de conservar o aspecto, sabor e aroma por mais tempo. Essas substâncias são chamadas aditivos alimentares. Nos dias atuais são utilizados mais de 2500 aditivos alimentares, tornando esta uma das técnicas de conservação mais importantes.
        De acordo com o trabalho da FAO/OMS, foram classificados como aditivos alimentares todas as substâncias não nutritivas e não agrupadas aos alimentos, quase sempre em pequenas quantidades, com o objetivo de melhorar a aparência, o aroma, a sabor e a textura, ou aumentar o tempo de armazenamento.
        A importância dos aditivos alimentares tem aumentado muito, pois eles permitem que os alimentos industrializados fiquem conservados por mais tempo, podendo ser conduzidos para cidades distantes dos centros produtores e para regiões onde existem falta de alimentos, além de permanecerem expostos nas prateleiras das mercearias e supermercados por mais tempo, sem comprometer suas qualidades originais.
        Para utilizar uma substância como aditivo é necessário verificar se este é imprescindível ao alimento e se não oferece qualquer perigo à saúde pública. Ainda assim é regulamentado o uso desde que não seja prejudicial à saúde e em quantidades pequenas.
        Melhoradores são os aditivos que têm a função de conceder, melhorar ou reforçar as características de um certo alimento, como aroma, sabor, cor e textura. São fundamentais essas características que fazem um produto ser considerado bonito e apetitoso. Eles podem ser classificados em: aromatizantes, corantes, emulsificantes, espessantes e estabilizantes.
        Os aromatizantes são aditivos que, incorporados aos alimentos, fornecem ou realçam o sabor e o aroma e são geralmente colocados porque muitos alimentos perdem o aroma durante o seu processo, e o consumo de um produto depende bastante do aroma e sabor que apresenta.
        Existem cerca de 1100 aromatizantes, naturais ou sintéticos conhecidos. Muitos dos naturais vêm sendo utilizados há séculos pelo homem; outros foram sintetizados e utilizados nas últimas décadas.
        Canela, cravo da índia, pimenta, baunilha, óleo de limão, óleo de laranja e hortelã são exemplos de aromatizantes naturais extraídos de vegetais. Um exemplo de aromatizante artificial é o acetato de etila, empregado na preparação de essências artificiais para imitar o aroma de frutas.
        O aromatizante tem sido bastante utilizado na fabricação de produtos de imitação, como a carne de soja e as bebidas aromatizadas. Dentre as bebidas, o guaraná é o que contém menor teor de aditivos. Graças às suas propriedades naturais, dispensa o uso de ácido fosfórico, óleo bromado e corantes artificiais (usa apenas o caramelo). A cerveja recebe a vitamina C como antioxidante. Já o vinho e os sucos de frutas usam dióxido de enxofre como conservante.
        Os corantes são adicionados aos alimentos principalmente para conferir-lhes aspecto agradável e coloração adequada. Para a maioria das pessoas, cada alimento deve apresentar uma coloração específica; caso houvesse uma variação da cor, o alimento não seria aceito pelos consumidores. Basta imaginar como seria aceitação de uma bala de morango branca.
        Os corantes naturais são obtidos quase que exclusivamente de vegetais, como o urucum, o açafrão e a clorofila. No entanto, após a extração, os corantes naturais perdem a cor facilmente. Por isso, e pelo menor custo, os corantes artificiais são cada vez mais utilizados.
        Os emulsificantes, estabilizantes e espessantes formam um grupo de aditivos cuja função é dar consistência adequada ao alimento. A goma arábica, o amido, a pectina e a gelatina fazem parte desse grupo de aditivos.
        Para se dar a consistência adequada à geléia, por exemplo, utiliza-se a pectina. No entanto, durante séculos as geléias foram preparadas apenas com açúcar e fruta, pelo fato de algumas frutas como a banana, o marmelo, o figo, já possuírem quantidades suficientes de pectina; somente no início do século XX é que essa substância passou a ser extraída de frutas e comercializada. Desse modo, eliminou-se a necessidade de observar o “ponto da geléia” durante o cozimento – o tempo de cozimento com pectina é de apenas alguns minutos. Além disso, torna-se possível preparar geléias de qualquer fruta, reduz-se a quantidade de energia necessária à preparação e, conseqüentemente, os custos da indústria.
        Existem muitos aditivos que desempenham a função de conservadores. Dentre eles, destacaremos os antibióticos e os antioxidantes.
        Ultimamente, os antibióticos têm sido utilizados como aditivos antimicrobianos em alimentos. No entanto, o seu uso pode ter um grave inconveniente: nem todos os microorganismos morrem e aqueles que sobrevivem tornam-se cada vez mais resistentes aos antibióticos. Em vista disso, muitos países não permitem o seu uso e alguns o restringem, liberando apenas um pequeno número deles.
        Os antioxidantes são utilizados em alimentos gordurosos, com o intuito de lhes prevenir o ranço, resultantes de reações químicas que ocorrem nas gorduras, quando entram em contato com o ar, luz, calor, metais e umidade. As margarinas, os azeites, as batatas fritas, os frutos secos são exemplos de alimentos em que se adicionam antioxidantes.
        Os aditivos são identificados por letras e números em algarismos romanos na embalagem. PI, por exemplo, é o conservante ácido benzóico; AI é o ácido ascórbico (é a própria vitamina C servindo como antioxidante). Alguns aditivos são inofensivos (caroteno, lecitina, vitamina C, etc.), mas outros, como o ácido benzóico ou o corante amarelo tartrazina, podem causar alergia em algumas pessoas, que teriam de evitar o consumo de alimentos com esses produtos.
        Antes de um aditivo ser usado, ele é testado em vários tipos de animais para descobrir se há um efeito tóxico. Por isso, muitos cientistas acham que, dentro das quantidades consumidas pelas pessoas, os aditivos são seguros. No entanto, pesquisas indicam que os nitritos (PVII) e os nitratos (PVII), usados para conservar salsicha, bacon, presunto e outras carnes preparadas, podem formar no aparelho digestivo substâncias chamadas nitrosaminas. Em concentrações altas as nitrosaminas podem causar câncer em animais.
        Muitos cientistas argumentam que a quantidade de nitrato e nitrito ingerida com os aditivos é muito pequena e não produz concentrações altas de nitrosaminas. Além disso, os nitratos e nitritos estão presentes naturalmente nos vegetais e na água e a quantidade total ingerida com alimentos naturais é maior do que a ingerida com alimentos com esses aditivos.
        É sabido que uma substância pode ou não ser venenosa dependendo da dose: o curare, por exemplo, um veneno usado pelos índios em suas flechas, serve como relaxante muscular em doses bem diluídas. Outro exemplo é a sacarina, um adoçante sintético que causa câncer em ratos, mas em seres humanos os estudos não confirmaram qualquer possibilidade de risco.
        A bem da verdade é que estamos sempre em contato com agentes potencialmente cancerígenos: raios ultravioletas do sol, radioatividade, produtos químicos, etc. O que se deve evitar é uma exposição prolongada e freqüente a esses agentes. Aliás, mesmo um alimento natural, sem aditivo, pode fazer mal se for ingerido em grande quantidade: comer muito repolho, por exemplo, pode prejudicar a glândula tireóide.
        Alguns alimentos podem estar contaminados por bactérias ou toxinas, como a aflatoxina, produzida por fungos em amendoim e cereais armazenados em lugar quente e úmido. Essa toxina é perigosa: ela provoca o câncer de fígado em animais de laboratório.
        Pesticidas e agrotóxicos também causam contaminação nos alimentos. Quando mantidos em níveis baixos, eles não oferecem perigo. Mas nem sempre a fiscalização do governo é eficiente. Nesse caso a sociedade precisa pressionar o governo para que esses produtos sejam usados de acordo com receituários prescritos por agrônomos e exigir maior fiscalização e controle.
        Nos dias de hoje é muito difícil evitar completamente alimentos sem aditivos. Sem eles, muitos produtos estragariam logo e até seriam perigosos: nitritos e nitratos, por exemplo, impedem a proliferação de bactérias que causam intoxicações alimentares. Dessa forma, é importante que haja um controle rigoroso das autoridades a fim de detectar um excesso de aditivos e proibir o uso deles se for constatado algum efeito tóxico.
        De tudo isso que já vimos, precisamos nos prevenir e ter uma alimentação variada e equilibrada por que ajuda a prevenir algumas doenças. No entanto, não se pode esquecer que existem muitos fatores que contribuem para manter a saúde e uma boa qualidade de vida.
        Uma alimentação equilibrada é aquela que fornece todos os nutrientes necessários ao corpo, na quantidade certa. O problema é que existem mais ou menos 40 nutrientes diferentes e cada tipo de alimento possui uma combinação diferente deles. Será que é preciso ficar consultando tabelas e pesando tudo o que vamos comer? Felizmente, não. O apetite e os hábitos de cada cultura ajudam muito nessa escolha.
        Às vezes, porém, os hábitos são fruto de uma educação errada ou de crendices e superstições. O tabu de que manga com leite faz mal, por exemplo, surgiu na época da escravidão, quando os fazendeiros que tinham leite e manga em suas propriedades espalharam esse mito, com a finalidade de evitar o consumo excessivo de leite pelos escravos!
        Outro problema é que nossos hábitos e apetites são muito influenciados pela propaganda e muitos alimentos satisfazem apenas as necessidades criadas pela publicidade.
        Penso que é necessário informar, conscientizar e estimular atitudes positivas na mídia em relação aos produtos químicos, como já é feito por autores de livros e professores nas escolas, para que todos saibam da importância e da necessidade da Química, que ela não é só “tudo de ruim”, mas que também tem, e muito, “de bom”.

Bibliografia

Gewandsznajder, Fernando – De olho na ciência – Nutrição; Editora Ática, 5ª. Edição
Trambaiolli, Egidio Neto – Projeto Ciência – Alimentos em pratos limpos; Atual Editora, 8ª.  Edição.
Silva, Eduardo Roberto;  Silva, Ruth Rumiko Hashimoto – Universo da Ciência –   Conservação de alimentos; Editora Scipione, 5ª. Edição.


Ricardo Braga Vieira
1a série
Prof(a): Patrícia R. M. Murari Veloso
Escola Estadual Galdino de Castro, Cajurú

A Importância da Química na Produção de Alimentos

        A Química como outras ciências não está limitada somente às pesquisas de laboratório, ao contrário, embora às vezes você não perceba, a química está presente em nossa vida e é parte importante dela.
        Quando escolhemos os produtos mais apropriados para nossa alimentação, quando os cozinhamos e lavamos os utensílios, quando ingerimos um medicamento ou na produção industrial, há a química presente.
         Os povos mais antigos, principalmente os moradores do campo, consumiam alimentos naturais no próprio local no momento em  que  eram colhidos. Nos dias atuais, com o crescimento da população da Terra e com o fenômeno urbano, o problema da alimentação se tornou bastante complexo. O campo fica cada vez mais longe das cidades, os alimentos devem ser produzidos, estocados, transportados e distribuídos, tudo isso demora um certo tempo, e, em conseqüência os alimentos tendem a se estragar. Com essas necessidades a química se torna importante na produção e conservação de alimentos.
         Para enfrentar todos esses problemas, surgiram e se multiplicaram as indústrias de alimentos, como as fábricas de conservas, de macarrão, de biscoitos, e outras. Atualmente a engenharia de alimentos fabrica produtos bastantes sofisticados, como por exemplo os alimentos desidratados, usados pelas forças armadas.
         Para evitar a ação de microorganismo e aumentar a vida útil dos alimentos são empregados vários processos: a refrigeração, o congelamento, a pausterização, a embalagem à vácuo, a exposição a matérias radioativas, etc.
        Um processo bastante comum de conservar e também melhorar as  características dos alimentos é o da adição dos produtos químicos denominados aditivos alimentares.
        A adição de produtos químicos aos alimentos é uma prática muito antiga da humanidade, como  podemos citar a adição do sal comum ( NaCl ), do vinagre ( que contém ácido acético ), do limão ( que contém ácido cítrico ).
        Exemplos mais recentes são: o bicarbonato de sódio ( para provocar o crescimento de bolos e biscoitos ), o iodeto de potássio ( que é colocado em pequenas quantidades no sal comum, para evitar o bócio, isto é, hipertrofia da glândula tireóide) e assim por diante.
        No entanto, em nossos dias a adição de uma grande variedade de produtos químicos tornou-se prática corriqueira e, às vezes, exagerada.
        Algumas classes de aditivos  para uso alimentar: conservadores (  retardam as alterações dos alimentos ), antioxidantes ( retardam a oxidação ), edulcorantes ( conferem sabor doce aos alimentos ), corantes ( conferem cor ), aromatizantes ( dão ou reforçam o aroma dos alimentos ou bebidas ), etc..
        O uso de aditivos em quantidades mínimas traz, sem dúvida, benefícios como a melhor conservação  e preservação de alimentos. O abuso porém, pode concorrer para o aparecimento de distúrbios físicos e mesmo doenças tão graves como o câncer.
        O receio aos alimentos industrializados leva muitas pessoas a procurar alimentos naturais. Às vezes, se deixam enganar por um rótulo que diz: “ Esse alimento não contém produtos químicos.”
        Isso não é verdade, pois o próprio alimento já é, por natureza uma mistura de compostos químicos. O correto seria dizer: “Esse alimento não contém produtos nocivos à saúde.”
        Hoje em dia devemos nos certificar que a química é fundamental na nossa vida, perceba que qualquer alimento tem ou adquiriu algum composto químico que por sua vez,vem a ser expostos nos rótulos dos alimentos industrializados, para que você adquira conhecimento sobre o quê está comendo nesse alimento.
        Vendo que a química está presente na sua vida mesmo que você não queira ou não admita, procure se orientar cada vez mais sobre ela, porque a importância da Química é com sua saúde e com a produção de alimentos .

Bibliografia

- Fundamentos da Química
      Ricardo Feltre
     volume único – Editora Moderna

- Química
     João Usberco e Edgard Salvador
     volume único – Editora Saraiva


Gustavo Henrique de Morais Réia
1a série
Prof.(a): Orlando Ramires
Escola Técnica Estadual Vasco Antonio Venchiarutti, Jundiaí

Os Conservantes de Alimentos

        Sobre o tema “A Importância da Química nos Alimentos”, tenho certeza de que muita, mas muita gente mesmo, abordaria o polêmico tema dos agrotóxicos e pesticidas (que, provavelmente, é a primeira e única coisa que a maioria pensa sobre o assunto).Porém, certa vez, ouvi meu pai dizer o seguinte : “Não existe alimento industrializado sem conservantes”. Nestes tempos em que a alimentação saudável é uma mania, chegando às vezes a beirar a obsessão, e que grupos de vegetarianos naturalistas atacam ferrenhamente os aditivos químicos alimentícios, sob a alegação de que “são incompatíveis com a natureza humana”, é oportuna a ocasião para analisarmos este tema.
        Desde que o mundo é mundo e que o homem é homem, os alimentos em geral sempre causaram muita dor-de-cabeça devido à pouca durabilidade (em especial os de origem animal).Assim, há muito tempo que o ser humano vem tentando conservar pelo maior tempo possível o que não consome, desenvolvendo inicialmente meios rudimentares, porém eficientes, como a defumação e a salga. Posteriormente, vieram as especiarias e, ultimamente, os refrigeradores. Mas, com a evolução da indústria química, foram desenvolvidas ou aprimoradas substâncias que, uma vez adicionadas ao alimento, podem conservar, melhorar a cor, o aroma e até o valor nutritivo dele.Como leigos, consideramos conservantes todos esses aditivos, ao invés daqueles que conservam, como o próprio nome diz, e é sobre esses conservantes propriamente ditos em que irei focar meu trabalho.
        O conceito de conservante, assim como o dos outros aditivos, varia de país para país. Assim, em 1962, um comitê misto das Nações Unidas, por meio da FAO/OMS, desenvolveu padrões para os alimentos em caráter mundial.Com base nesses indicativos, sabemos o quanto de cada substância pode ser consumida, ou aquelas que não são recomendáveis, tal como  o Éster Dietil Pirocarbônico.Esse mesmo relatório define o aditivo como algo não nutritivo que altera as características do alimento. Como anteriormente disse que iria enfocar os conservantes, vejo que esses não têm seu uso justificado, e conseqüentemente não tem permissão para serem usados quando ficar provado que contém toxicidade real ou parcial, e/ou quando interferirem desfavoravelmente no valor nutricional.
        Está mais que provado que uma alimentação à base de alimentos naturais e orgânicos faz um bem muito grande ao organismo. Porém, culpar os conservantes pela maioria dos males provenientes da alimentação é hipocrisia. Se todos os fabricantes de alimentos seguirem as normas nacionais e internacionais (e é aí que mora o perigo), não há com que se preocupar.Além disso, os alimentos totalmente naturais apodrecem rápido, e hoje em dia é impossível, além de impraticável, comprar comida a toda hora. Como termo de comparação, é de domínio público que cloro em excesso faz mal, sendo essa afirmação reforçada por indústrias de purificadores a níveis alarmantes. Porém, que empresa de tratamento de água usaria tanto cloro a ponto de envenenar seus consumidores ? Em contrapartida, sem cloro na água, ela conteria microorganismos, como coliformes, numa quantidade que a deixaria imprópria para o consumo.
        Voltando ao assunto, agora já sabemos que o uso de conservantes é justificado e regulamentado, então vamos ao que interessa: quem são e como funcionam. Alguns conservantes são encontrados naturalmente em certos tipos de alimentos, portanto, não vamos analisar estes (com exceção dos que são usados em outros alimentos).Dessa maneira, vamos chegar aos chamados Aditivos Incidentais, com nomes estranhos e/ou pouco comuns, como os aditivos usados para evitar o aparecimento de mofos, bolores e outros tipos de fungos nos alimentos, que são o acetato de sódio, o ácido láctico, o fosfato de cálcio, além de outros mais conhecidos como o ácido acético, o popular vinagre, e o ácido sórbico, que assim como seus sais de potássio ou cálcio, é muito efetivo contra leveduras, inibindo uma enzima essencial ao metabolismo das mesmas.Usado em vários produtos, o ácido sórbico é empregado mais comumente no revestimento de queijos.
        Também é interessante vermos a versatilidade dos açúcares, que sob várias formas são utilizados na conservação, em especial de frutas. Mas é bom lembrar que os  açúcares não refinados podem conter anidrido sulfuroso (SO2), que forma gás sulfídrico (H2S) e um sulfeto metálico escuro que apressa a corrosão das latas de conserva. Descontados esses inconvenientes, encontramos os principais açúcares usados comercialmente, a começar pela sacarose, C12H22O11 ou Açúcar Invertido, na forma hidrolisada e consideravelmente mais doce , que pode ou não ser dissolvida em água e invertida com ácido cítrico, formando um xarope largamente utilizado na indústria de bombons.Há ainda o C6H12O6  , a conhecidíssima glicose, que é obtida do milho ao invés da cana ou da beterraba. Por isso, é menos doce e utilizado na fabricação de geléias. O produto cristalino, ou dextrose, pode ser utilizado combinado ao açúcar de cana para se fazer frutas enlatadas, na quantidade máxima de 25%
        Com nomes bem parecidos, nitratos e nitritos são usados na preservação de certos produtos de origem animal.Dos nitratos, que inibem a catalase e fazem as bactérias acumularem H2O2, extremamente tóxica a certos microorganismos (especialmente Clostridium) os mais usados são os de sódio e de potássio (para conservar carnes numa concentração de até 0,2%).Mas inúmeras pesquisas revelaram que os nitritos inibem de maneira mais efetiva as bactérias, principalmente de forma anaeróbica. Novamente os de sódio e de potássio são os mais utilizados, para a conservação de carnes em salmoura (a 0,04%). Além de conservadores, os nitritos são usados por seu efeito colorífico em carnes “curadas”.
        Ainda existem os propionatos, que conservam produtos de confeitaria, farinhas, margarinas, entre outros; porém irei finalizar minha exemplificação com aquele que (segundo as fontes consultadas) é o preservativo mais versátil dos presentemente em uso. Trata-se do dióxido de enxofre e seus derivados, que inibem certas enzimas reduzindo suas ligações S-S, reduzindo seu metabolismo. Se você, assim como eu, se perguntou :“mas não é esse dióxido de enxofre que faz mal?”, fique sabendo que ele não é tóxico em pequenas quantidades, pois no corpo é facilmente oxidado em sulfitos que são excretados;em concentrações altas dá odor desagradável ao alimento, além de ser (aí sim) tóxico ao homem. Empregado como gás ou na forma de sulfito, di ou meta-bissulfito, previne reações de escurecimento, além de ser um intermediário entre o ácido forte e o fraco, podendo se combinar com aldeídeos e açúcares. Além de ser utilizado em frutas desidratadas, evitando seu escurecimento, também é largamente usado na indústria de vinhos e suco de uva.
        Enfim,este é o maior e mais conhecido exemplo de que os conservantes, em excesso, pode fazer mal ao ser humano. Contudo, num mundo onde milhões de pessoas morrem de fome todos os anos, a perda de alimentos por deterioração bater na casa dos 20%, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), é inadmissível. Cada país tem sua própria legislação sobre aditivos alimentares, que será totalmente inútil se não for imposta e controlada por meios de total confiança, tais como laboratórios bem equipados, métodos analíticos seguros, além, é claro, de técnicos especializados e idôneos para tal função.
        E agora vamos finalizar.Para isso voltemos à frase que motivou todo esse trabalho (se você não se lembra, era “todo alimento industrializado contém conservante”). Chego, então, à certeza  de que sim, todo alimento tem conservante, seja ele incidental ou não, tóxico quando em excesso ou não. Enfim, os conservantes (e aditivos de um modo geral) constituem um panorama tão interessante quanto polêmico, com uma ampla possibilidade de estudo, o que nos leva á conclusão de que, com o estudo e a indústria química, temos a possibilidade de termos alimentos industrializados, numa relação recíproca, onde o único beneficiário (mas, infelizmente, também, única vítima) é o ser humano

Bibliografia

Gava, Altenir Jaime – Princípios da Tecnologia de Alimentos, 2ªEdição, Editora Nobel, 1979

Documento Abril 2- Alimentos – Editora Abril (sem data)

Cruess, W.V. – Produtos Industriais de  Frutas e Hortaliças-Volume 1, Ed. Edgard Blüncher, 1973

Holmes, M. Charlotte- Os Campeões são Vegetarianos...E Você? Casa Publicadora Brasileira, 1981


Roberta Michelhe Pereira Migliano
1a série
Prof.(a): Monica M. Barreto Pessoa
Colégio Elvira Brandão, São Paulo

Erramos na dose

        O homem moderno não se conforma com a quantidade e qualidade dos alimentos que a natureza lhe oferece, muito menos com a invasão de pragas, todas aquelas criaturas que podem causar estragos a seu cultivo. Então intrometido como sempre foi, resolve criar produtos químicos para aumentar satisfatoriamente sua produção, principalmente do ponto de vista comercial, e oferecer aos seus consumidores alimentos com alta qualidade, ou seja, que foram “limpos” pelos agrotóxicos.
        O resultado é a criação de um mundo cada vez mais artificial, que não sabe lidar com o meio ambiente e com os seres vivos que também o coabitam.
        Com sua visão fechada e capitalista o homem faz do solo um mero substrato mecânico que apenas permite à planta ancorar-se para que o vento não possa a levar e que serve também como veículo para nutrientes minerais solúveis que melhorem, protejam ou aumentem sua produção, não se responsabilizando pelos futuros estragos que possa acarretar àquele pedaço de ecossistema vivo. O único prejuízo que o preocupa é o econômico.
        As pragas, também nesse contexto, são vistas como organismos fundamentalmente ruins, inimigos arbitrários que aparecem como por milagre e têm o poder de causar estragos muito graves ou destruir completamente uma lavoura sempre que nela conseguem se instalar. Sua erradicação deve ser feita da maneira mais exterminadora e rápida possível, antes que chegue ao bolso do agricultor.
        Assim sendo, a indústria colocou à disposição de seus novos fregueses, uma variedade e quantidade de venenos fulminantes e persistentes que prometem a defesa das inofensivas produções agrícolas contra as destruidoras pragas, os agrotóxicos: inseticidas, acaricidas, nematicidas, fumigantes, fungicidas, bactericidas, até rodenticidas e molusquicidas, entre outros pesticidas. Uma forma legal e eficaz de assassinar seres vivos, não só as pragas, mas todos aqueles que fossem atingidos por esses venenos. Mais tarde o homem descobriu que ele poderia ser a própria vítima.
        Diante dessa contrariedade existente em seu produto, a indústria química, que não queria passar como vilã, não mais gostou do termo pesticida e contraditoriamente passou a denominar seu produto de “defensivo”, mas como já era comum iludir o pobre agricultor com a palavra “remédio”, resolveu-se colocar um nome mais de acordo com a realidade: “agrotóxico”.
        Querendo facilitar a vida do agricultor, foram criados também, os chamados calendários de aplicação. Assim sendo, ele só precisava seguir à risca as instruções, aplicar o veneno no momento certo, sem ter que constatar se há ou não incidência de praga.Em alguns cultivos, por exemplo, de maçãs, ele poderia fazer até 30 aplicações por temporada ou até mesmo 37 aplicações. A coisa não é muito diferente na parreira, no pêssego, no moranguinho, em hortaliças. Mesmo depois da colheita ainda podem ser aplicados venenos.
        No caso da macieira, a maçã quando entra no frigorífico é imersa num banho de fungicida. Depois passa por um secador e recebe uma borrifada de cera para que o veneno fique sobre a fruta.
        Depois de saber de todo esse “banho de agrotóxicos” que os alimentos levam, não ficaríamos espantados em saber que 50% dos morangos, 31% dos mamões e 27% dos tomates consumidos no país estão contaminados por esses resíduos, segundo os dados do relatório final do primeiro ano de atuação do Programa Nacional de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, o PARA, realizado no período de junho de 2001 a junho de 2002, que introduziu no Brasil, pela primeira vez, um monitoramento sistemático de resíduos de agrotóxicos em alimentos, com o propósito de garantir mais segurança e qualidade nos itens que vão à mesa do consumidor.
        O relatório, recém concluído pelos técnicos do programa, contém informações preocupantes.Uma análise feita com 1.295 amostras coletadas em supermercados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Pernambuco, mostra que 81,2% das amostras exibiam resíduos de agrotóxicos. Desse total, 233, ou 22,17%, apresentaram irregularidade porque os percentuais de resíduos ultrapassavam os limites máximos permitidos pela legislação.
        O mais grave é que entre as 233 amostras irregulares 74 continham resíduos de agrotóxicos não autorizados para as respectivas culturas, devido ao seu alto grau de toxidade – como o Dicofol e os Ditiocarbonatos. Do total, 94 estavam acima do LMR (Limite Máximo de Resíduos) e 65 apresentavam as duas irregularidades.
        Essas informações mostram o quanto a crescente dependência aos produtos químicos utilizados no campo para melhorar a qualidade e durabilidade de nossos alimentos, pode chegar até nossas mesas e acarretar em danos ou perdas irreversíveis.
        Mas será que a única forma de acabar com esses seres tão indesejáveis é a utilização de defensivos agrícolas? Pensando nisso e na conservação do meio ambiente, nos anos 70, pesquisadores israelenses criaram uma técnica relativamente simples, a solarização, a qual consiste na colocação de um filme plástico transparente sobre o solo úmido por aproximadamente 60 dias durante a época mais quente do ano.As vantagens dessa técnica são inúmeras como: a redução da população de patógenos, pragas e plantas daninhas; aumento dos teores de nitrogênio amoniacal, manganês, ferro e cobre no solo, importantes fertilizadores; redução no teor do boro; redução do ciclo da cultura e do uso de agrotóxicos.A única desvantagem é o preço do filme plástico especial utilizado na técnica. Para um canteiro de 600m2 gasta-se em média R$ 180,00.
        Uma forma de reduzir o uso de agrotóxicos no plantio de cana-de-açúcar é a utilização da colheitadeira, que reduz pela metade o uso de herbicidas. Quando se faz o corte da gramínea crua, a palha deixada no solo impede o surgimento de ervas que disputam com as mudas de cana os nutrientes essenciais ao brotamento. A principal dificuldade é o replanejamento administrativo da colheita e o investimento inicial de R$ 1 milhão para cada colheitadeira utilizada.
        Essa necessidade pregada pelas indústrias de se empregarem agroquímicos, não precisa ser absorvida por todos, como já mostramos existem outras formas de se proteger uma produção sem afetar todo o ecossistema, basta apenas manter o equilíbrio biológico da região afetada, ou seja, utilizando o veneno somente em caso de emergência, nunca preventivamente, como no caso do “calendário de aplicação” e aplicar somente no momento certo do ciclo vital do parasita para minimizar a quantidade e o número de aplicações do veneno.
        Se pesquisarmos mais a fundo, perceberemos que os parasitas não esses monstros postulados pelas indústrias.Não há espécie vegetal ou animal que não tenha seus parasitas. Toda população, de seja qual for a espécie, sempre tem seus indivíduos doentes, fracos, feridos, desequilibrados. É em cima destes indivíduos que o parasita prospera, sem jamais exterminar a espécie hospedeira.Assim sendo, o parasita não é inimigo, ele é um dos crivos do mecanismo de seleção natura, que tende a melhorar constantemente as espécies.
        Os camponeses tradicionais com sua sabedoria ancestral sabiam que a praga não ataca a não ser as plantas que não estão bem sãs. Por isso eles procuravam obter cultivos sãos através de um manejo adequado do solo, o que incluía descanso da terra, compostagem de resíduos vegetais e animais, adubação verde, rotação de cultivos, plantas companheiras e outras práticas. Os agricultores biológicos modernos, com o conhecimento científico de hoje, podem obter resultados muito mais saudáveis e baratos, já que eles têm a sua disposição uma série de defensivos naturais não tóxicos, tais como cinza talcos de rocha, extratos herbáceos, adubação foliar etc. Um manejo adequado do solo permite obter um cultivo livre de parasitas mesmo que ele esteja rodeado de lavouras atacadas.
        Não queremos condenar a química pela criação dos agrotóxicos, somente alertar tanto aos fornecedores, agricultores e consumidores que se está fazendo um uso inadequado e exagerado de biocidas, e que homem deve utilizar e criar outras formas de proteger seu alimento, não visando somente à quantidade e ao lucro, mas sim a preservação do meio ambiente e a saúde de todos os seres vivos que vivem nele.
        Será que nos esquecemos da frase de Paracelso: “é apenas a quantia que faz o veneno?” Em dosagens corretas, o veneno pode tornar–se remédio; em dosagens erradas, o remédio torna-se um tóxico destrutivo!

Bibliografia

Livro: Natureza e Agroquímicos
Autor: Samuel Murgel Branco
Editora: Moderna         10ª edição
Revista Pau Brasil
Setembro-Outubro/ 1984    Nº02
Páginas 46 a 53

Anvisa - Boletim Informativo
Novembro de 2.002
Páginas 4 e 5

Folha de São Paulo
Agrofolha
17/0/2.001

Folha de São Paulo
Tecnologia
05/02/2.002

O Estado de São Paulo
Estadinho
09/08/2003


Vinícius A. Vieira
1a  série
Prof.(a): Rosemary D. Goi ; Augusto Tadeu R. Prado
Colégio Oswaldo Cruz – COC, São José do Rio Preto

A Química na “construção” dos alimentos

        O filósofo L. Feuerbach disse, por volta de 1850: “o homem é o que come”. Esta frase apesar do sentido irônico, descreve bem o que acontece quando comemos algo saudável e ficamos cada vez mais saudáveis, ou quando comemos algo imprestável e por isso ficamos doentes. Porém, a questão é: Com o que devemos nos alimentar? Como ficam a saúde, as cores, os aromas e a integralidade dos alimentos, e como fica o meio ambiente onde vivemos?
         Com o avanço da Química juntamente com a Genética, passamos a considerar o alimento como uma espécie de “food design”. Considerando que os alimentos são desenhados geneticamente, contaminados com inseticidas, herbicidas, fungicidas, bactericidas, hormônios e posteriormente processados tendo adição de emolientes, estabilizantes, diluentes, corantes, vitaminas, aromatizantes, reforçadores de sabor (entre outros são 2700 aditivos para alimento), percebemos que do campo ao prato, provavelmente alteramos os alimentos de tal maneira que se torna difícil avaliar o que estamos comendo.
        Mas o que são aditivos? Pela legislação vigente, aditivo é definido como “toda substância de valor nutritivo, incorporada ao alimento com a finalidade de impedir alterações, manter, conferir ou intensificar seu aroma, cor e sabor, modificar ou manter seu estado físico geral ou exercer qualquer ação exigida para uma boa tecnologia de fabricação de alimento”.
        Os corantes, por exemplo, podem ser tanto naturais como artificiais, estes surgiram com o advento da Indústria de Alimentos e com a finalidade de tornar os produtos mais atrativos, porém do ponto de vista nutricional, eles não acrescentam em nada ao produto. Muitas vezes, até são utilizados em substituição a substâncias nutritivas (carotenóides e riboflavina). Os estudos ainda indicam que muito deles são tóxicos e carcinogênicos, além de, às vezes, darem uma impressão enganosa sobre a qualidade do produto.
        Existem aditivos como os aromatizantes-flavorizantes que conferem e intensificam o sabor e o aroma dos alimentos. Eles são usados em bebidas carbonatadas do tipo “cola”, para criar sabor; repor os sabores naturais perdidos no processamento (café instantâneo); mascarar sabores indesejáveis.
        Porém, o processamento dos alimentos, ao lado de efeitos benéficos, sendo pela melhora das características organolépticas ou pela destruição de componentes indesejáveis, podem também diminuir o conteúdo nutricional dos alimentos. É nessa parte que vemos o potencial da Indústria Química, pois ela consegue muitas vezes repor esses nutrientes, como é o caso das vitaminas. Embora esse procedimento não seria recomendável, já que se o processamento for bem conduzido, as perdas nutricionais, de modo geral, são irrevelantes.  Não se justifica a adição de vitaminas com o propósito de melhorarmos matéria prima de baixa qualidade.
        Entretanto, em algumas situações criadas pelo processamento, como por exemplo, no beneficiamento de cereais (trigo é o principal nesse aspecto), onde no processamento de obtenção de farinhas substanciais, quantidades de nutrientes (principalmente vitaminas) são desperdiçadas na fração não aproveitada pelo consumo humano, pode ser considerada a adição das vitaminas perdidas. Portanto, temos que diagnosticarmos em que situações se justificam a adição de vitaminas aos alimentos, logicamente, essa adição deve ser dirigida para solucionar problemas de saúde pública, como as carências específicas.
        Para pessoas que necessitam de restrição calórica e/ou dieta, existem aditivos específicos destinados a esses consumidores; como, por exemplo, a sacarina (tipo de edulcorante), que possui o poder adoçante 300 vezes superior ao da sacarose. Embora algumas pessoas experimentam e sentem desagradável “after taste” com eles.
        Ou seja, a Indústria Química é um verdadeiro canteiro de obras, aonde ela vai “construindo” um alimento até chegar a um aspecto e sabor do qual a população goste, acrescentando corantes, reforçadores de sabor, etc... Mas às vezes esquecem de se preocupar com a saúde de quem irá se alimentar do produto.
         Temos que concluir que, apesar de todos os malefícios ou benefícios que esses aditivos trazem ao ser humano, hoje dificilmente acostumaríamos viver ser eles. Basta imaginar vivermos sem os conservantes; estes, como o próprio nome, diz têm a função de retardar a decomposição do alimento, tudo estragaria muito rápido, como nos primórdios da Pré-história, onde o alimento da caçada deveria ser consumido logo para não estragar. Existem hoje fábricas especializadas em conservas; estas são importantes para o desenvolvimento agrícola na região que se instalam. Assim, podemos explicar o grande desenvolvimento na década de setenta (período da instalação em grande escala dessas fábricas no Brasil) de culturas como do marmeleiro, pessegueiros e pereiras no Nordeste e Sudeste e de frigoríficos no Sul. Hoje, processos envolvendo frio, calor, adição de sal e secagem têm sido empregados com muito êxito na conservação de alimentos. Mas, antes da escolha do agente conservador, deve-se ter conhecimento de alguns fatores, como o pH e a composição do produto.
        Os conservantes podem ser divididos segundo suas funções em: Ácidos Lipofílicos Derivados; Nitratos e Nitritos (conservação de presunto, bacon, salsichas); Dióxidos de Enxofre e Derivados (evitam o escurecimento e inibem o crescimento de microorganismos); Ácido Bórico e Tetraborato de Sódio (permitidos única e exclusivamente em coalhos); Ácido Dehidroacético (conservação  de refresco de leite fermentado).
        Outra questão a favor da Química na produção de alimentos é: Como conseguiríamos alimentar uma população que cada vez cresce mais, necessitando assim, do aumento da produção sem desmatar ainda mais as florestas? A maneira mais eficiente encontrada foi o uso de fertilizantes, estes retirados pela cultura intensiva, tratam sobretudos de K(Potássio), Ca (Cálcio), N(Nitrogênio), P(Fósforo) e S(Enxofre), elementos indispensáveis ao desenvolvimento vegetal. Sabemos que os adubos naturais (esterco e resto de planta) tornam o solo fértil, mas às vezes para aumentarmos a produção em uma área menor ou tornar solos antes impossíveis de cultivar (solos arenosos por exemplo) em solos cultiváveis, evitando o desmatamento de florestas, é necessário a ajuda da Química. Existem Indústrias Químicas especializadas na produção de adubos artificiais (fertilizantes); hoje, divididos em quatro tipos: Adubos Potássicos – silvina (KC4), cainita, carnatita, etc; Adubos Calcicos – gesso, cal, etc; Adubos Nitrogenados – salitre, sal amoníaco, cal nitrogenada, nitrato de cálcio (salitre calcico), nitrato e sulfato de amônio, uréia sintética, etc; Adubos Fosfatos, Superfosfatos, guano, farinha de ossos, farinha de Thomas, etc. Todos esses, largamente usados nessas indústrias.
        Mas, como tudo tem seus dois lados, não podemos esquecer que a má utilização pode acarretar sérios problemas à humanidade e, para não sermos egocêntricos, à natureza. O fato é que as substâncias químicas podem contribuir para o nosso bem-estar ou, se usadas incorretamente – por ignorância, incompetência, ganância ou ideologias duvidosas – podem causar doenças, poluição, desequilíbrio ecológicos e morte de animais e vegetais.
        Um dos grandes problemas hoje enfrentado pela Indústria Alimentícia são os protestos de uma grande camada da população. “As pessoas que hoje protestam contra os transgênicos (alimentos geneticamente modificados, graças ao avanço da Genética juntamente com a Química), protestaram contra a fluoretação da água, pasteurização do leite e o McDonald’s no século passado. Não podemos dizer ainda se os trangênicos causam ou não mal à saúde, porém, as pessoas cada vez vêm mostrando que têm medo do que é novo. O novo incomoda todas as esferas de conhecimento, pois esta afetando os valores que elas aprenderam a respeitar, isso ocorreu na época em que todos acreditavam que a Terra era chata, porém, mais tarde comprovou-se que ela era redonda”, revista Veja – 29 de Outubro de 2003. Hoje, nossa Ministra do Meio Ambiente, Marina da Silva, mostra bem isso. Ela é uma das grandes opositoras aos alimentos modificados e ao uso de adubos artificiais, uma adepta da obsoleta expressão: “produto natural sem Química”, frase bastante encontrada em confeitarias, quando, na verdade, tudo o que existe é formado por matéria química. Até em nossa própria cozinha, ao fazer um pão, bolo, adoçar uma bebida, ou se aprofundarmos mais ainda, no café da manhã, a margarina que contém gorduras vegetais hidrogenadas, o pão que é feito com processos bioquímicos, etc... tudo tem química.
        O problema não reside nas substâncias em si, mas no uso que se faz dela. Se as indústrias souberem utilizar de maneira correta os aditivos, não pensando apenas na diminuição do custo de produção e pensar mais na saúde dos consumidores, e lógico, estes souberem dosar corretamente os alimentos, sejam geneticamente ou quimicamente modificados, não farão mal aos mesmos. Se os agricultores usarem de maneira correta os fertilizantes, de tal modo que não tragam a contaminação dos alimentos e nem da natureza, tudo caminhará harmoniosamente para melhorar a qualidade de vida. O que não podemos hoje é viver sem a Química.
        Fica claro que surtem efeitos e vantagens se a química for aproveitada corretamente, com base em conceitos científicos, visando a prosperidade e novas invenções, dependendo da consciência e responsabilidade de seus usuários, com o objetivo de melhorar a vida dos habitantes de nosso planeta. Dessa forma, ela seria exclusivamente benéfica.

Bibliografia

 - Enciclopédia Britânica
 - Revista VEJA – Edição 1826 – 29 de Outubro de 2003 -
-         Páginas na Intenet:
1.        http://www.ftp.unb.br/pub/unb/ipr/rel/bila/1998/997.pdf;
2.        http://www.cozinhanet.com.br/NutricaoSaudeArtigos-materia.asp?CodDocumento=1135&textobusca=aditivos
3.        http://www.cozinhanet.com.br/NutricaoSaudeArtigos-materia.asp?CodDocumento=2014&textobusca=aditivos
4.        http://www.cozinhanet.com.br/NutricaoSaudeArtigos-materia.asp?CodDocumento=119&textobusca=aditivos
 - ABIA – Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação – Compêndio da Legislação de Alimentos e Padrões de Alimentos. 8 ver. São Paulo v. 1A, 2001
- Prof. Dr. José Antônio Gomes Vieira – Engenharia de Alimentos – Unesp – Campus de S. J. do Rio Preto


Caio César de Carvalho Pádua;Alessandra M. Garbosa Muti; Gabrielly Cristina Manarin e Thays Souza de Lima Ruela
1a série
Prof.(a): Maria Salete D. Battilani
Escola Estadual Antonio de Almeida Prado, Iepê

“ VOCÊ TEM CARA DE QUÍMICO “

        Fernando tem uma ótima vida: um pai e uma mãe que se preocupam com ele e o amam. É rico, estudioso, esforçado e filho único (o que ele considera ótimo).
        Sua vida parecia ir às mil maravilhas até que um dia, na escola, ele se deparou com uma pergunta que não sabia responder: o que você quer ser quando crescer? A professora pediu que respondessem em casa, que falassem o porquê da  resposta dada e que apresentassem à classe no dia seguinte.
         Fernando entrou em desespero. Simplesmente não sabia o que fazer. Pediu ajuda aos pais, mas eles disseram que tal decisão era pessoal e quem tinha que resolver isso era ele.
         A tarde terminou e ele não tinha se decidido ainda. Não conseguia pensar em nada que realmente gostasse e quisesse ser. Quando pensava em alguma profissão que lhe atraía um pouco, não conseguia justificar a escolha e então seu pensamento se desviava para outras profissões e ele não conseguia chegar a lugar nenhum.
 No jantar em família, Dona Laura, mãe de Fernando, perguntou ao filho se tinha conseguido fazer a lição:
          - E então filho, descobriu o que quer ser quando crescer?
          - Não, mãe. Não consigo pensar em nada que eu goste - respondeu Fernando.
          - Mas em nada, nem em algo que você goste um pouquinho?- perguntou a mãe.
          - Não. Eu penso, às vezes, em alguma coisa que me agrada, mais aí eu não sei dizer o porquê do meu interesse. Então penso nas desvantagens dessa profissão e percebo que na verdade é uma chatice!
          - Filho, acho que se você não fizer a lição não tem problema, porque você é novo e não precisa saber o que quer fazer da vida. Acho que a professora vai entender - disse Paulo, pai de Fernando.
          - Não sei não pai, a professora é muito chata e exigente, é bem capaz de me dar um zero nesse trabalho, e se eu não fizer serei o único e isso é uma vergonha.
          - Mas você vai acabar conseguindo fazer- disse Dona Laura tentando tranquilizar Fernando.
          - Tomara, mãe.
 A hora de dormir se aproximava e Fernando não tinha feito sua lição de casa ainda.
          - Boa noite, filho, tente fazer a lição amanhã de manhã – aconselhou Dona Laura.
         Fernando deitou na cama e adormeceu rápido, pois estava com a cabeça cansada de tanto pensar. Enquanto dormia começou a sonhar. Em seu sonho ele se encontrava num laboratório químico, onde havia grande diversidade de equipamentos, produtos, instrumentos e muitos livros. Fernando começou a andar pela sala e percebeu que não tinha ninguém. Estava mexendo em algumas coisas e achou um livro que lhe chamou a atenção, o livro tinha o desenho de dois olhos e uma boca com expressão de quem está dormindo. Com cuidado e muito curioso, Fernando tomou o livro nas mãos. De repente os olhos do livro se abriram e ele disse:
          - Oi.
         Fernando se assustou, soltou o livro no chão e se afastou rapidamente. Mas como nos sonhos as coisas estranhas parecem ser normais, logo em seguida Fernando foi perdendo o medo do livro. O livro, então, perguntou a Fernando:
         - Qual é o seu nome?
         - Fernando  -  E você, tem nome?
         - Claro que sim - respondeu o livro  ¾ Eu me chamo Livro.
 Fernando deu uma risadinha. Em seguida o Livro perguntou a ele:  ¾ Você gosta de química?
         - Mais ou menos. Não me interesso muito em misturar líquidos coloridos para mudar de cor.
         - Mas química é muito mais que isso. Sabia que a química está presente em você agora mesmo?
         - É mesmo? E como?- perguntou Fernando.
         - Bom, na verdade eu também não sei, porque foi o outro livro que me contou isso, mas ele foi levado para a biblioteca e a gente não pôde terminar a nossa conversa. Minhas páginas não falam sobre isso, mas elas falam de uma parte da química que é muito interessante: a importância da química na produção de alimentos. Fala também da história da química, de como ela ajuda a conservar os alimentos e muitas outras coisas; eu tenho certeza que você vai adorar.
         - Será?- disse Fernando.
         - Claro que sim! Eu vou te contar um pouco do que eu sei e se você não gostar a gente pára - propôs o Livro.
         - Tudo bem então - concordou Fernando.
         - Então eu vou começar do começo. Você sabia que antes as pessoas não sabiam que era possível plantar um alimento e ele nascer de novo?
         - É mesmo? Não sabia não!- respondeu surpreso.
         - É verdade. Há cerca de 12 mil anos a.C. nossos antepassados viviam basicamente da caça e da coleta de alimentos nativos, daí, quando acabavam esses alimentos, eles viajavam a procura de outro lugar que tivesse alimentos. Essas pessoas viviam mudando de lugar e por isso foram denominadas nômades.
         - Só mais tarde, entre 5 mil e 10 mil a.C. foram descobrir que se podia  plantar e fazer o solo produzir o alimento, dando origem a, até então desconhecida, agricultura. Essa evolução foi denominada “Revolução Neolítica”. Esses povos começaram a agrupar-se em aldeias, já que antes viviam em pequenos grupos humanos.
         - A partir de então não pararam mais de evoluir, passaram a utilizar arados puxados por boi, para iniciar o cultivo de cereais, como o trigo e a cevada. A água que eles precisavam para a plantação foi adquirida através da regularização dos cursos de águas naturais formando assim, valas para irrigação. Mas o que eles não sabiam ainda é que os nutrientes que o solo absorvia através das plantas no seu desenvolvimento eram levados embora junto com a colheita, deixando o solo mais fraco em nutrientes, impedindo que as colheitas futuras rendessem. A falta de conhecimento de que era preciso repor as substâncias químicas que o solo ia perdendo com o  decorrer do tempo e que por causa da falta de nutrientes as colheitas rendiam cada vez menos, fez com que nossos antepassados virassem seminômades, porque eles plantavam e não reabasteciam os nutrientes do solo, aí as colheitas iam se esgotando até chegarem ao esgotamento total, então arrumavam suas coisas e iam atrás de novos solos férteis.
          Com o passar do tempo as pessoas foram testando diversos procedimentos artesanais e empíricos, para tentar melhorar o trabalho nas lavouras e aumentar o rendimento das colheitas. Depois de várias tentativas e experimentos descobriram o adubo. Provavelmente o primeiro fertilizante utilizado foi o estrume, que é um adubo constituído de esterco, fezes de animais, geralmente fezes de cavalos e de bois, e de ramos e folhas apodrecidas. Após um tempo a fertilização do solo passou a ser feita, também com guano que é constituído de excrementos de aves marinhas.
         O tempo passou e mais tarde, no século XVII, finalmente as pessoas deixaram de fertilizar a terra apenas com resíduos orgânicos, tais como o esterco de boi, cavalo e guano, e passaram também a utilizar compostos inorgânicos, ao constatarem que o uso do salitre ou nitrato de potássio (KNO3) beneficiava muito o solo. Essas substâncias puderam ser utilizadas por agricultores da Europa quando vieram importados da Índia. Após algum tempo, no Chile em 1830, foi iniciada a exploração das imensas jazidas de nitrato de sódio (NaNO3) e essa substância ficou conhecida, desde então como salitre-do-Chile. Dez anos à frente um químico alemão chamado Justus Von Liebig (1803-1873) propôs uma teoria que defendia que as plantas se alimentavam de minerais (substâncias inorgânicas) e não de substâncias orgânicas, assim abrindo caminho às indústrias de fertilizantes. Liebig não acertou em sua primeira experiência, porque as substâncias acrescentadas ao solo devem ser solúveis e como a mistura que ele preparou, a base de fósforo e cálcio, reagiu e formou compostos insolúveis, sua primeira experiência fracassou. Quando descobriram o motivo do fracasso da experiência de Liebig, iniciou-se a fabricação desses nutrientes em escala industrial.
        No século XX a agricultura científica obteve seus primeiros resultados importantes, um deles é a descoberta dos benefícios dos macronutrientes primários. Depois descobriu-se que a farinha de ossos, se fosse tratada com ácido sulfúrico podia ser melhor aproveitado o fósforo nela contido. Então descobriram os superfosfatos, estes são mais eficientes já que são mais solúveis em água e fornecem simultaneamente fósforo e enxofre às plantas. Em 1842, Lawes montou a primeira fábrica de fosfato simples, levando em consideração algumas idéias de Liebig, ele desenvolveu em sua fazenda outra forma de utilizar a rocha fosfática (fosforita) como alternativa aos ossos moídos. O potássio ficou escasso por um longo tempo e só estava presente na forma de carbonato (K2CO3), que podia ser retirado das cinzas da queima da madeira e do melaço da produção de açúcar da beterraba, até que em 1861, na Alemanha, descobriram um novo mineral composto de cloreto duplo de potássio e magnésio hidratado. Mesmo com poucos resultados, no final do século XIX, ficou certo  que era da química que iam extrair as soluções para melhorias na agricultura.
        E hoje em dia (finalmente falando do presente), os agricultores determinam através de análises do solo a percentagem específica de nitrogênio, fósforo e potássio de que o solo necessita, assim podem equilibrar os nutrientes e obter melhores resultados em suas plantações. Além dos macronutrientes (fósforo, potássio e nitrogênio) as plantas também necessitam da presença dos micronutrientes (nutrientes que a planta necessita em uma quantidade menor para seu pleno desenvolvimento. São eles: ferro, zinco, manganês, cloro, cobre, boro, molibdênio, cobalto e níquel).
         - Você conseguiu entender, Fernando?- perguntou o Livro.
         - Sim! E estou gostando muito - respondeu Fernando com entusiasmo.
         - Eu não disse que você ia se interessar?!
         - Livro, gostaria de te perguntar uma coisa que me chamou a atenção, mas eu não fiquei sabendo exatamente. Não sei se será capaz de me responder.
         - Então pergunte - disse o Livro.
         - É verdade que 30 % da produção mundial de alimentos é desperdiçada?
         - Segundo a ONU, isso é verdade sim.
         - Como isso acontece? Conte-me mais sobre isso - pediu Fernando ao Livro.
         O Livro então começou a explicar:
         - Essa grande parte de alimento é, infelizmente, desperdiçada por problemas de armazenamento, conservação e transporte. Como eu disse, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), as perdas são de 30 % dos alimentos produzidos no mundo todo e podem chegar a 50 % nos países subdesenvolvidos. Dos alimentos que chegam às mãos do consumidor, boa parte se encontra contaminada por bactérias, parasitas, vírus, toxinas e as consequências disso tudo são as doenças e os altos custos sociais e econômicos. Aí, para tentar diminuir o desperdício, combater a contaminação e acabar com o problema da fome mundial, cientistas e técnicos têm irradiado os alimentos para conservá-los por mais tempo - disse o Livro.
         - O que é um alimento irradiado?- perguntou Fernando.
         Alimento irradiado é aquele alimento que foi levado a uma fonte de radiação, em geral beta e gama, emitida por um elemento radioativo, como o cobalto 60 ou o césio 137. Usar a radiação como forma de conservar os alimentos foi idéia dos ingleses em 1905. Depois de quase 50 anos é que foram iniciados no Brasil estudos sobre o processo de radiação. E 10 anos mais tarde no Canadá, foi utilizado esse processo em batatas. Logo após, em 1963 nos E.U.A, a conservação de carnes por radiação foi permitida e isso vale até hoje. Em quase todos os alimentos, pode-se utilizar esse processo, só os laticínios e outros produtos gordurosos não respondem bem a esse tratamento. Você está entendendo, Fernando?
         - Sim! Nunca pensei que fosse gostar tanto de química - disse, satisfeito com o excitante mundo da química que acabara de conhecer.
         - Sabia que você ia gostar! Você tem uma cara de químico!!- disse o Livro.
         De repente, uma voz feminina e alta invadiu o ambiente chamando por Fernando. Como só estavam os dois no laboratório, ficaram sem entender. A voz chamou mais uma vez, ainda mais alto. Parecia que a voz estava cada vez mais próxima. Então Fernando acordou. Ele demorou uns dois segundos para cair em si, perceber que estava sonhando e que aquela voz que o assustara era de sua mãe.
         - Bom dia preguiçoso!- brincou Dona Laura com o filho. Deu-lhe um beijo e disse: ¾ Vamos tomar café?
         Fernando sorriu para sua mãe e disse que já estava indo. Ao chegar à mesa para tomar café com sua mãe, ele perguntou: - O papai já foi trabalhar?
          Sim - respondeu sua mãe.
         Quase um minuto se passou e Dona Laura perguntou ao filho:
        - E então filho, já sabe o que quer ser quando crescer?
         - Nã....- Fernando ia dizer “não” quando passou pela sua cabeça o sonho que tinha tido. Ele lembrou de como tinha sido legal conhecer a química e lembrou das palavras do Livro, “você tem cara de químico”. E isso se repetia em sua mente.
         A mãe olhava para ele com um ar de interrogação, esperando a resposta que demorava a vir, enquanto Fernando viajava nos pensamentos com um leve sorriso no rosto. Então, depois da frase “você tem cara de químico” falar tantas vezes em sua mente, ele disse:
        - Pra falar a verdade, sei sim mamãe!!

Bibliografia

REIS, Martha. Completamente Química – Ciências, tecnologia e sociedade.
        vol.1. São Paulo: FTD, 2001.


Eric Torres Bravos e Vinícius de Almeida
1a série
Prof.(a): Silvio Sebastião Gonçalves
Escola Estadual João Ramalho, São Bernardo do Campo

Importância da Química na Produção de Alimentos

        Desde as eras primordiais, o homem vem tentando garantir sua sobrevivência extraindo os recursos que a natureza lhe oferece, não apenas com o intuito de garantir a sua existência, mas também, visando alcançar o seu bem-estar. Como nem todos os elementos presentes no universo são obtidos de forma branda, Istoé, de um modo relativamente fácil, tornar-se-á necessária a aplicação de complexos processos de tratamento e plantio. Sendo preciso, então, a criação de instrumentos que auxiliem o indivíduo nesta atividade. Surge, portanto, a agricultura.
        Um período de significante ascensão na agricultura foi o  da Idade do Bronze e do ferro, no qual um instrumento de relevante importância se destacou entre os demais, o arado. Este aparelho, formado apenas por um galho bifurcado, era atrelado ao boi. Iniciou-se, assim, o cultivo do arroz, apoiado pelo imperador da China Gheng Nung.
        Centenas de anos se passaram e a agricultura se limitou apenas a aperfeiçoar os aparelhos existentes. Somente no século XX, com a evolução das ciências, apuração dos princípios de preservação do solo e o crescimento da indústria houve um supremo desenvolvimento nos meios de produção. Surgem as primeiras máquinas, o uso elevado e contínuo dos adubos, o que fez crescer a importância da química na agricultura.
        Não somente o homem ficou limitado à extração direta dos recursos que a natureza oferece, isto é, o extrativismo, como se tornou necessária a criação de animais para completar, enriquecer e diversificar sua alimentação. A cultura responsável pela criação e reprodução de animais, no caso o gado, denomina-se pecuária e tem o seu primórdio estimado com o pastoreio nômade praticado há séculos. O grande desenvolvimento da pecuária encontra-se atrelado ao extremo crescimento dos meios de transportes e da indústria de refrigeração nos últimos 50 anos.
        A população brasileira cresce de forma intensa, causando inúmeros problemas, como um clássico exemplo, a falta de alimentos. No ano de 1872, o Brasil dispunha de uma população de 10.100.000 habitantes, quantidade inferior a atual população do estado de São Paulo, sendo que no ano de 1970 a nação contava com 93.215.000 de pessoas e em 2000 com o número assustador de 169.799.170 indivíduos. Diante de um fato como este, a fome se torna cada vez mais iminente, tendo-se, portanto, que aproveitar, aumentar a produção e distribuí-la de forma racional para que este distúrbio não se generalize na humanidade. Inicia-se, então, a fundamental incontestável função da química nos meios de produção.
        É introduzido na sociedade o uso contínuo dos aditivos alimentares, os quais desempenham funções de importância relevantes, como a conservação de alimentos, ou outras vezes, funções supérfluas, como a melhora na estética do produto, brilho e fragrância.
        Os aditivos mais comuns, ou mais comercializados na sociedade são os denominados aditivos de sabor, ou conhecidos por grande parte da população com o nome de “aromatizantes”. Estes produtos conferem mais brilho e sabor aos alimentos, tendo como principal intuito garantir a qualidade estética do produto. As cores dos sorvetes, a tonalidade acentuada de alguns sucos, os sabores artificiais como o “fantasia” são exemplos comuns do emprego destes elementos. Não apenas servindo para melhorar a estética do produto, os aditivos desempenham papel fundamental na conservação dos alimentos, garantido-lhes longa durabilidade, o que facilita de forma extrema os produtores, pois, geralmente as regiões produtoras são distantes das grandes metrópoles, principais centros consumistas de qualquer nação.
        Inúmeros aditivos são largamente utilizados. Embora a sua principal função seja de conservar os alimentos, existem outros diversos que promovem outros efeitos como os acidulantes que são capazes de aumentar acidez, os antioxidantes, que podem retardar o aparecimento de alterações oxidativas no alimento, os corantes, melhoram a estética do produto, intensificando cor, os conservadores, retardam o envelhecimento provocado por enzimas ou microrganismos e os seqüestrantes que fazem a transformação de complexos químicos com íons metálicos. Todos estes aditivos são industriais, isto é, produzidos pela mão humana, e apresentam uma grandiosa durabilidade e resistência aos efeitos naturais como a deterioração.
        Existem também os aditivos naturais como o sal e o vinagre, apesar de não produzirem conturbações no organismo, possuem durabilidade muito reduzida com relação aos industriais, sendo grandiosamente usadas por pescadores como meio de conservação dos peixes. Mesmo com suas inúmeras vantagens os aditivos industriais são a fonte de grandes divergências, com relação aos distúrbios que estes podem causar à saúde humana. Nos anos 60, com o intenso crescimento destes produtos e com a grande atenção aplicada em suas vantagens, diversas pesquisas foram feitas com o intuito de comprovar uma suposta periculosidade em sua existência, e estes aditivos, consumidos em extremo excesso podem gerar doenças graves para que a sociedade ainda não estabeleceu uma total fonte de cura: o câncer.
        Para o auxílio do cultivo de plantações, criações de peixes, são utilizadas substâncias tóxicas que acabam interferindo no ciclo natural das cadeias alimentares. O produto químico que contém ou impede a evolução metabólica do ser que não apresenta nenhuma importância aos cultivadores são assim denominados de pesticidas. Estes produtos não contaminam única e exclusivamente os indivíduos que são infectados diretamente, ele pode permanecer no hospedeiro ou no local de aplicação por tempo indeterminado. Isto acaba proporcionando um maléfico e preocupante estado na saúde pública, pois desta maneira que os fatos transcorrem em um futuro não muito distante, pode-se haver um crítico desequilíbrio no meio ecológico.
        Para poder chegar às mãos dos consumidores é indispensável que os pesticidas passem por um processo de adaptação á forma comercializada. Nesta etapa são adicionados em substância ativa outros ingredientes inertes (como solventes, excipientes, adjuvantes), para se obter a versão reformulada dos pesticidas. Mas em alguns casos este novo produto pode vir a causar contaminação no meio ambiente e de seus respectivos habitantes.
        Os pesticidas podem ser adquiridos sob duas formas: sólida (gânulos, pós...) ou Líqudo (soluções aquosas ou oleosas, spray). Só que a má conduta destes pode causar severos danos à ecologia.
        Existem ainda três grupos de pesticidas, os herbicidas (sua função é controlar a vegetação indesejada); os inseticidas (controlar o número de insetos) e os fungicidas (controlar as doenças adquiridas por fungos). Os herbicidas estão entre os tipos mais requisitados de pesticidas. Sua utilização é parte essencial para a agricultura, pois seu resultado consiste na erradicação das ervas daninhas. Os herbicidas representam um vasto número de pesticidas. Alguns dos mais comuns são: Endotal (utilizado em plantas, mas não se deve usar em peixes ou em lagos, pois apresenta um alto índice de toxidade); sulgato de  cobre (sua principal desvantagem é a durabilidade no meio ambiente); fluridona (muito persistente, e sua ação é lenta e duradoura no entanto é herbicida caro); o Glyfosato (é um produto facilmente desativado e deve ser aplicado diretamente nas plantas); o 2,4-D (é um composto usado para controle das plantas aquáticas que se decompõem rapidamente em aproximadamente três semanas, sua toxidade é de um grau mais elevado, contém pHs menores que seis e ainda podem apresentar complicações em determinadas espécies de animais); e o Diquat (um composto com espectro de alta escala, e com rápida decomposição 10 dias). Os herbicidas geralmente são diluídos na água e assim aplicados sobre a plantação, porém pode-se também ser utilizado juntamente com adubos e aditivos para o solo. Esta combinação gerou um salvamento na década de 1960, quando milhares de habitantes da Índia, Paquistão e China corriam um sério risco de falecerem de desnutrição. Com isso estes pesticidas influem em uma proporção consideravelmente positiva, na agricultura. Produtores conseguem uma safra melhor, com o auxílio dos herbicidas, que este irão proporcionar uma colaboração aos alimentos transgênicos.
        No decorrer dos anos a ciência progrediu com uma intensidade incrível na evolução genética. Foram desenvolvidas certas técnicas e se aprimorando outras. Em questão da medicina, a ciência desenvolveu a assepsia, que se trata de uma solução de cloreto de cal que reduziu de forma elevada à mortalidade entre as mulheres grávidas, surgiu-se também a famosa anestesia, que auxiliou “os cirurgiões”, pois, agora poderiam realizar suas operações sem causar nenhum sofrimento a seus pacientes. No final do século XX foram produzidas as “supersementes”, a esses grãos dão se o nome de transgênicos. Este novo avanço da ciência revolucionou a história da agricultura mundial.
        As plantas transgênicas foram assim denominadas, porque lhes foram atribuídas em laboratório a complementação de um gene de outra espécie, o que faz com que elas adquiram nutrientes de suma importância. A grande maioria das nações já tomou parte de um dos lados. No caso dos países europeus como Inglaterra, França e Alemanha permitiram experiências genéticas, mas não autorizam o cultivo. E outros como Argentina, Canadá e China aderiram completamente aos transgênicos. No caso do Brasil ainda não foi decidido se haverá ou não a autorização do cultivo de plantas transgênicas. Porém, alguns estados do Brasil como o Rio Grande do Sul, não querem esperar o longo e demorado processo brasileiro. Então alguns comerciantes ultrapassaram a fronteira com a Argentina e voltaram de lá com sementes de sojas transgênicas, o resultado disso é a estimativa de que 80% das plantações são transgênicas no sul do país.
        Os alimentos geneticamente modificados dividem opinião pelo mundo inteiro. Mas um dos grandes problemas enfrentados no globo é a maneira como tem sido debatido o assunto dos transgênicos. Muitas das vezes os ministros, assessores, coordenadores, congressistas, entre outros, discutem com o coração ao invés da razão, isso acaba prejudicando as negociações, fazendo com que a opinião pública fique dividida, de um lado estão os que são a favor da evolução genética, acreditam que a ciência pode sim trazer milhares de benefícios à humanidade. Sendo assim os alimentos modificados são um grande salto para o término da fome global. E de um outro lado estão os que são contra as transformações genéticas, assim associando os alimentos transgênicos como um mal à humanidade e não importam os seus respectivos benefícios.
        O que certamente gera desconfiança nas pessoas sobre isto é atribuído ao fato de que a ciência já cometeu grandes falhas, contudo hoje, os especialistas em laboratórios de saúde e ONG, se certificam de que alimentos modificados não virão a causar nenhum dano à saúde da população. O FDA é um órgão federal dos EUA capacitado para verificar os níveis tóxicos e grau alérgico dos alimentos.
        Apesar de todos esses conflitos gerados por causa destas sementes, a transgenia é uma realidade que está se aprimorando cada vez mais. O ramo de produção está associado a três gigantescas companhias: a Syngenta uma empresa européia, a DuPont e a Monsanto ambas americanas. A empresa símbolo no Brasil é a Monsanto, pois a soja é o único alimento comercializado no país.
        A grande vantagem dos alimentos transgênicos está nos dados estatísticos onde o fazendeiro além de obter uma queda nos gastos de 5%, este mesmo pode conseguir alcançar um lucro maior em até 25% e isso se deve aos agrotóxicos que são utilizados em menor quantidade e mais fácil de se cultivar. Outra grande vantagem da soja transgênica é a sua capacidade de resistir aos herbicidas.
        Os alimentos transgênicos são tachados de seguros, contudo ainda há várias manifestações contra a modificação genética, e muitas delas são lideradas pelo principal movimento ambientalista: o Greenpeace, que acredita em um mundo melhor.
        Grande parte das vezes certos movimentos “fanáticos” iniciam manifestações apaixonadas contra os transgênicos, todavia nem todas estão completamente equivocadas, pois ainda não foram esclarecidas todas as dúvidas sobre o assunto. Na questão da alergia estes alimentos podem sim gerar novas alergias, mas aproximadamente 25 dos adultos e 75 das crianças desenvolvem anticorpos contra proteínas presentes no corpo. E mais atualmente foram realizadas pesquisas individuais nos alimentos que estão à venda no mercado e o resultado foi de que não encontraram nenhum caso de novas alergias apenas rejeições apresentadas também contra grãos comuns. As experiências realizadas com os genes são todas sob uma severa observação, pois muitos experimentos contêm falhas e estes só deixam o laboratório para a comercialização quando não há mais dúvida de que não oferece risco à sociedade. Quando apresentam problemas, geralmente os projetos são incinerados.
        No caso dos alimentos transgênicos gerarem o câncer ainda não foram identificados riscos de que eles o possam causar, no entanto como nunca é demais se precaver, os cientistas garantem que o prazo que lhes é concedido é suficiente para o estudo da doença.
        Na hipótese de um alimento transgênico vir a causar alguma doença por causa de um DNA estranho presente no vegetal, é uma possibilidade muito pequena, mas mesmo assim ainda é possível. Outro fator pouco provável seria a resistência de bactérias ao efeito do antibiótico, pois se sabe que em alguns casos a bactéria consegue desenvolver imunidade a um antibiótico, porém ela não consegue contra o antibiótico em si. O que pode acarretar o fortalecimento da bactéria é o uso inadequado ou descontrolado do medicamento.
        A mutação, um fato discutido sobre o aspecto de que um alimento com uma estrutura genética modificada poderia ocasionar transformação no DNA do homem, contudo isto não é possível porque o DNA das plantas ao chegar em nosso organismo passará pelo processo de digestão e isto o irá fragmentar, assim não causando nenhum risco. Uma tese bem discutida foi se não haveria possibilidade de as sementes transgênicas serem espalhadas assim contaminando todo o solo e plantas. Os pesquisadores esclareceram que é pouco provável, pois as sementes em suas fases iniciais são cultivadas em laboratórios e bem distantes de outras plantações. O que pode acontecer é que o vento carregue estas sementes e com isso elas se cruzem com ervas daninhas. E por fim estas adquirem as características das plantas, como resistência a um inseticida ou aos herbicidas. Outro ponto a ser levado em consideração é que gene das plantas fique incorporado ao solo, assim fazendo com que bactérias incorporem este gene à sua estrutura, porém cientistas concluíram que este fator é insignificante e imperceptível aos microorganismos.
        Nos primórdios as utilizações das vitaminas eram específicas no tratamento de doenças como escorbuto, a pelagra e o beribéri. Com a expansão das descobertas de outras vitaminas e novas estruturas fisiológicas se conseguiu a prevenção de doenças por meios da suplementação vitamínica. É previsível que em aspectos econômicos e estratégicos as vitaminas venham a substituir alimentação natural, apresentando como principal vantagem a redução no tempo gasto na consumação de determinados alimentos e ainda a praticidade no armazenamento destes. Depreende-se assim que a química desempenha um papel fundamental na agricultura, e ela assim como os demais campos científicos, sempre estará presente no processo de evolução e desenvolvimento da tecnologia para que se possa ser obtido um bem-estar comum à humanidade.

Bibliografia

Enciclopédia Curso Supletivo Ática (Geografia)
Editora Ática – ano 1976

Enciclopédia Nova Conhecer
Editora Abril Cultural – ano 1977

Revista Época
Editora Globo – no 285-3 novembro de 2003

Revista Veja
Editora Abril – edições 1567 (7/10/1998) e 1826 (29/10/2003)

Internet: site de pesquisa google (www.google.com..br)
-produtos químicos (www.fmu.utl.pt/democ/sft/sem001/g24.htm-101k)



Ricardo Calil Kores e Thiago G. Meister
1a série
Prof.(a): Alessandro R. Lima Nery; Gabriela Toti J. Lopes e Ricardo Abreu
Colégio Objetivo Alphaville, Santana do Parnaíba

Química Alimentar: O Alvorecer de uma Dieta Global

        A Química é a ciência que estuda a matéria e suas transformações. Esse ramo da ciência é dividido em várias áreas. A área alimentícia é um ótimo exemplo de uma dessas divisões. Por mais que nosso país seja subdesenvolvido na indústria, a indústria alimentícia está passando por um grande avanço. Durante todo o processo da produção de alimentos a química está presente. Todas as operações industriais ou não, que envolvem desde o preparo do solo para o plantio até a chegada do alimento na mesa do consumidor só foram possíveis tanto em nível de criação como em nível de aperfeiçoamento graças à química.
         No meio rural, por exemplo, o desenvolvimento da química se dá na criação, elaboração e manuseio de fertilizantes orgânicos e inorgânicos, defensivos agrícolas, herbicidas, inseticidas, pesticidas, rações, fortificantes, remédios para animais, materiais de construção de silos, armazéns e locais para a criação do gado. Enfim o ramo químico é tão vasto que é essencial para a produção de novos fertilizantes levando em conta aspectos de melhoria de solos, plantações, combate às pragas e preparação da terra.
         No ramo pecuário, novos insumos estão sendo desenvolvidos para melhorar a nutrição do gado e possibilitar uma maior e mais rápida engorda. A introdução de novos rebanhos como o de avestruzes só foi possível graças à química, que pôde estudar todas as substâncias necessárias para a criação, crescimento e o abate da avestruz.
         Novas espécies de leguminosas e outros cultivos vegetais geneticamente modificados, isto é, os alimentos transgênicos, só foram implantados devido ao grande estudo prévio das diferentes modalidades, estrutura genética própria e desenvolvimento em laboratórios químicos de novas sementes que possibilitam a germinação da planta com maior resistência às pragas e agentes que prejudicam as lavouras, maior variabilidade de cultivos que poderão ser muito mais nutritivos, saborosos, coloridos e atraentes e uma colheita mais rápida, que demoraria com o plantio de uma semente normal até o dobro de tempo e essa rapidez significa maior lucro para produtor.
         A química está largamente voltada ao desenvolvimento de novas técnicas e o setor que mais retêm esses novos avanços é o setor industrial. Os processos mais importantes onde a química bate seu cartão são: fermentação, extração, hidrogenação, pasteurização, desidratação, adição de fortificantes, conservantes, aromatizantes, corantes, adoçantes, enzimas entre outros.
         Uma das características da alimentação humana é que há imensa manipulação antes do consumo, com o uso de agrotóxicos, conservantes químicos, extração de gorduras, adição de nutrientes etc...
         O processo de industrialização visa, basicamente, conservar as propriedades nutricionais e organolépticas dos alimentos por um período bastante prolongado, o que freqüentemente, promove a perda de vários nutrientes. Podemos citar as vitaminas que são quase que totalmente destruídas pelo calor, outras são fotolábeis e muitas não resistem ao congelamento, o que faz com que seja necessário adicioná-las após ou durante a industrialização dos alimentos. Os aditivos alimentares são, portanto substâncias naturais ou sintéticas, adicionadas aos alimentos com o fim de conservá-los, processar, intensificar o sabor ou melhorar o aspecto, largamente utilizado pela indústria alimentar e uma constante na dieta humana.
         Durante o processo tecnológico, são utilizados compostos químicos que devem ser totalmente eliminados do produto final, ou permanecer como traços. São denominados de coadjuvantes de tecnologia de fabricação e correspondem a clarificantes, coagulantes, antimicrobianos, floculantes, inibidores enzimáticos, catalizadores, detergentes, resinas etc.
         Na tecnologia de fabricação são usados agentes de firmeza (mantém firmes ou crocantes frutas e hortaliças ou fortalecem géis), agentes de corpo (aumentam o volume sem modificar o valor energético), antiespumantes (evitam a formação de espuma), antiumectantes (diminuem as propriedades de absorção de água), emulsificantes (permitem a mistura de fases insolúveis entre si), espessantes (aumentam a viscosidade), espumantes (favorecem a formação ou manutenção de fase gasosa), estabilizantes (mantêm estáveis emulsões), gelificantes (conferem a textura de gel), seqüestrantes (formam complexos químicos com íons metálicos, inativando-os), fermentos químicos (aumentam o volume e liberam gás), glaceantes (dão aparência brilhante) e melhoradores de farinha (melhoram o processo técnico de produção de compostos à base de farinha).
         As principais substâncias que agem como conservantes são: antioxidantes (retardam a oxidação dos alimentos), conservadores (retardam a ação de microorganismos), umectantes (protegem contra a desidratação), reguladores de acidez (controlam a variação de pH).
         Para alterar as características “sensoriais” dos alimentos, a indústrias abrem mão de acidulantes (aumentam a acidez e/ou conferem sabor ácido), edulcorantes (conferem sabor adocicado), estabilizantes de cor (mantêm a coloração), aromatizantes (conferem ou reforçam aromas e/ou sabor), realçadores de aromas (ressaltam o sabor e/ou aroma).
         Com a função de conservação, os principais aditivos são: ácido propiônico, benzoatos, BHA, BHT, nitrito de sódio e ácido cítrico que são empregados em pães, queijos e margarinas, óleos, geléias e carnes processadas.
         Na tecnologia de fabricação os alginatos, lecitina de soja, pectina, metil-celulose, goma-guar, citrato de sódio, polifosfatos são usados em misturas para bolo, balas, molhos para saladas, maionese, sorvetes e queijos processados.
         Com o dever de modificar as características sensoriais dos produtos, são usados aspartame, sacarina, baunilha, ?-caroteno, glutamato de sódio e eritrosina em sorvetes, iogurtes, balas, pós para gelatinas, refrigerantes e sopas.
         Um processo muito interessante na produção alimentar é a fermentação. Este processo bioquímico é realizado por microorganismos que convertem moléculas de carboidratos (açúcares) em álcool, gás carbônico e energia.
         A fermentação é utilizada na elaboração de bebidas fermentadas, como o vinho e a cerveja. No caso do vinho, a fermentação é utilizada para a obtenção de álcool a partir dos açúcares do suco de uva. Para isso, são utilizados os microorganismos do tipo leveduras (fermentos semelhantes aos utilizados na fabricação de pão) do gênero Saccharomyces, destacando-se as espécies S. ellipsoideus (ou cerevisae ou vini), S. chevalieri e S.oviformis (ou bayanus).
        Outro ramo fundamental que a química abrange é o da conservação e controle de qualidade industrial alimentícia. No processo de embalagens de alimentos muitas inovações foram introduzidas, como por exemplo, os alimentos embalados a vácuo e a injeção de nitrogênio gasoso em embalagens de iogurte, para evitar o contato do alimento com o gás oxigênio, impedindo que o mesmo oxide e se deteriore.
         Desde tempos antigos, alimentos já eram enlatados e com os muitos avanços até nosso século XXI, a química produziu várias técnicas e materiais de embalagem como o isopor, vidros resistentes a altas temperaturas, sacos plásticos, fôrmas plásticas, e embalagens que conservam assepticamente os alimentos por meses como é o caso das embalagens “Ultra High Temperature” (UHT).
         Em análises físico-químicas é lógico que a química vai ser utilizada, para a detectar organismos patogênicos e de culturas impróprias para o consumo humano que por ventura podem se instalar e se reproduzirem rapidamente no alimento. No processo de produção muitas análises químicas são feitas para determinar a qualidade do alimento a ser industrializado em cada estágio de sua produção. É o caso da indústria Láctea que é adepta a diversos testes macrobiológicos e microgiológicos para garantir a verdadeira qualidade dos produtos finais que correm um grande risco de contaminação, mas com a química e suas análises esses riscos foram reduzidos.
         Enfim concluímos este trabalho cientes, e querendo deixar a tese de que a química é a grande responsável pelo alimento que todos nós ingerimos e até reações que ocorrem com ele dentro de nosso organismo (digestão), alimento é vida e então chegamos à conclusão de que sem a química não iríamos viver. Podemos observar que a química está envolvida dentro de todas as operações para a produção de alimentos diretamente e indiretamente.
         Até o pneu do caminhão que é necessário para o transporte das safras até as indústrias, é química. Então chegamos a conclusão de que todos os avanços na produção de alimentos só foram possíveis graças à QUÍMICA.

Bibliografia

http://www.syntonia.com/textos/testonatural/textoagricultura/adubosquimicos1.htm

http://www.crq.org.br/sol.php3?sol=279

http://www.geocities.com/fermentacao301/

http://www.cati.sp.gov.br/tecnologias/catiresponde/CRI2consalimento.html

http://www.qaw.com.br/qaw/experiencia.asp?cod=88&cn4

http://www.manah.com.br/main_informativos_1.asp

http://www.inmetro.gov.br/consumidor/produtos/refresco.asp

Entrevista com o Eng. Químico Jaroslav Kores CRQ:04303861 4a Região


Yuri Andrey Mattana Freitas; Camila Cintra Araújo e Danielly A. de Abreu
1a série
Prof.(a): Almir Vieira França; Elisabeth S. Ugita
Colégio Guilherme de Almeida, Guarulhos

A arte da ciência na produção de alimento

        Desde os primórdios de sua existência, o homem tem usado a química. Essa arte que está presente em tudo que possamos imaginar, seja pela alteração na cadeia genética dos seres vivos (Idade Contemporânea) ou pela simples adição de sal à carne para conservá-la por mais tempo (recurso usado durante as Grandes Navegações). Sem sua utilização, a produção e conservação dos alimentos seria inviável, pois sempre houve a necessidade de aumentar a produção para atender às demandas populacionais.
        Um dos meios para tal é a utilização de insumos , substâncias que, se usadas de forma e quantidade adequadas, aumentam a rentabilidade da colheita (fertilizantes sintéticos, se usados isoladamente e por longo período, esgotam o solo), podendo ser minerais ou orgânicos. Como exemplo de adubos inorgânicos podemos citar: os fosfatados; os nitrogenados, à base de nitrato e os potássicos, à base de cloretos e sulfatos de potássio.
        Fora a adubação, outro fator importante é o ajuste do pH do terreno através da calagem, ou seja, a aplicação de, por exemplo, calcário (CaCO3), se o mesmo for ácido.
        Além destas substâncias já descritas, não podemos nos esquecer dos pesticidas e herbicidas usados nas lavouras para inibir a ação de pragas e ervas daninhas, porém essas substâncias se acumulam na cadeia alimentar. Quando usados em vegetais, elas são absorvidas pelos animais que se alimentarão deles e, posteriormente, pelo homem que se alimentará dos derivados animais. Robert J. Courtine, numa experiência realizada nos EUA,  nos relata: “Pulverizaram-se com DDT as ervas de uma pastagem e com essa forragem alimentaram-se vacas. Com o leite dessas vacas, fez-se manteiga. Deu-se a manteiga a comer a ratos. Os ratos morreram. O DDT contido no estômago dos ratos possuía poder mortífero igual ao do que havia sido empregado inicialmente.” No leite de 30 em 32 mulheres, também se encontrou a substância em quantidades que representam um perigo à vida do bebê devido às crianças se alimentarem apenas de leite e a organismos jovens serem menos resistentes à intoxicação do que organismos adultos. Outro problema relacionado à utilização de defensivos agrícolas é a contaminação de rios e lençóis freáticos, pois essas substâncias são carregadas pela chuva para estas acumulações de água, inutilizando-as para o consumo e até mesmo para o aproveitamento na lavoura.
        Hoje, os campos estão cada vez mais distantes da cidade, portanto é necessário um tempo maior para que os alimentos cheguem aos consumidores. E para que a produção seja suficientemente lucrativa são usados vários aditivos químicos, dentre os a quais podemos citar:
        · Conservadores: substâncias utilizadas para retardar a ação de microorganismos ou enzimas. Por exemplo: nitritos e dióxido de enxofre.
        · Antioxidantes: substâncias que retardam a oxidação (ação do oxigênio) dos alimentos. Como ácidos cítrico e fosfórico.
        · Espessantes: substâncias que tornam soluções mais viscosas. Exemplos: ágar-ágar, alginatos.
        · Acidulantes: substâncias que aumentam a acidez dos alimentos. Exemplos: ácidos lático e cítrico.
        · Edulcorantes: substâncias orgânicas artificiais que intensificam o sabor doce dos alimentos. Exemplo: sacarina.
        · Umectantes: substâncias que evitam a perda de água dos alimentos. Exemplos: sorbitol e glicerina.
        · Estabilizantes: substâncias que reforçam as características de emulsões , soluções ou suspensões. Exemplo: goma arábica.
        · Corantes: substâncias que dão ou intensificam a coloração dos alimentos. Exemplo: urucu.
        · Aromatizantes: substâncias que conferem ou intensificam o aroma dos alimentos. Exemplos: mentol e ésteres.
        O uso de aditivos químicos tem duplo objetivo: conservar as propriedades dos alimentos e adiar a sua deterioração, para isto são aplicados também outros recursos como: secagem, defumação, desidratação, congelamento, embalagem a vácuo, em vidros ou lata, pasteurização e fermentação.
        Geralmente aditivos como esses em doses mínimas só trazem benefícios, o problema surge quando estes são usados em excesso (alguns chegam a ser cancerígenos!).
        Por outro lado, há alimentos que só são produzidos através de reações químicas induzidas, como é o caso das bebidas alcoólicas e do uso de fermento para pães, ambos baseados na fermentação de determinado tipo de bactéria.
        Nos últimos anos, outro assunto que tem tido lugar de destaque em várias discussões são os transgênicos, vegetais alterados geneticamente em laboratório. O uso de tais organismos poderia resolver os problemas alimentares de países como a Índia que está desenvolvendo batatas transgênicas com até 33% de maior produtividade, ou ainda poderia auxiliar na criação de espécies mais resistentes a pragas e vírus. Porém, os efeitos do consumo  deste gênero  a longo prazo são ainda desconhecidos, alguns dos riscos previstos  são: desequilíbrio ambiental devido ao desaparecimento de algumas espécies; possível absorção dos genes “mutantes” por bactérias  do solo, produzindo novas espécies; riscos à saúde animal e humana e o surgimento de alergias.
        Mediante esse amplo leque de recursos, nota-se a importância da química na produção de alimentos, bem como na conservação e maior lucratividade destes. Todavia, o comprometimento do meio ambiente através do uso de agrotóxicos e os efeitos a longo prazo de aditivos à saúde humana são alguns dentre os fatores que têm levado a se questionar o papel desta ciência na produção da fonte vital de energia do  homem.
        Atualmente, muito defendida tem sido a idéia de se optar por uma agricultura orgânica que minimiza ao máximo a agregação da química. Contudo, este tipo de cultura ainda se faz cara devido à baixa produtividade, altos investimentos e mercado consumidor reduzido.
        O que deve ser levado em consideração é que a química, como toda ciência que se apresenta em forma de ferramenta de auxílio ao homem, será benéfica ou maléfica por intervenção do mesmo. Não há dúvida de que os riscos são uma constante, mas a correta e adequada manipulação dessa arte, maximizará os benefícios por ela fornecidos.

Bibliografia

http://ruinuno.50megs.com/quimica.html
http://www.herbario.com.br/biotecn.htm
http://orbita.starmedia.com
Encyclopaedia britannica do Brasil – publicações Ltda- 1998
Volumes 1, 2 e 4       Gráfica e editora Melhoramentos


Patrícia Vieira Cardoso e Elza Mathias da Silva
1a série
Prof(a): Maria do Carmo A. Tocci Piedade
Escola Estadual Comendador Antônio Figueiredo Navas, Promissão

Importância da Química na Produção de Alimentos

        Os alimentos são essenciais a todos seres vivos. Eles contem substâncias que, ao serem transformadas dentro dos organismos, desempenham diferentes funções, como fornecimento de energia, crescimento e renovação dos tecidos e regulagem do funcionamento dos diversos órgãos.
        Proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais, geralmente chamados de nutrientes, são substâncias que, juntamente com a água, estão presentes nos alimentos e desempenham diferentes funções em nosso organismo.
        Desde o aparecimento do homem a alimentação tem sido uma preocupação constante. A busca de alimentos, a forma de armazená-los e conservá-los, e o modo de tornar a escassez determinada pela periodicidade das colheitas são problemas que até hoje tentamos solucionar da maneira mais eficiente possível.
        Embora a conservação de alimentos venha sendo praticada ao longo de toda a história do homem, somente em 1857, com Louis Pasteur, é que se conheceu a causa da deterioração dos alimentos.
        Conservar alimentos é impedir que eles se estraguem devido a alterações provocadas por bactérias, fungos e enzimas. Os fundamentos que se baseiam os métodos de conservação de alimentos são:
        - Redução ou eliminação total dos microrganismos responsáveis pela deterioração;
        - Criação de um meio desfavorável ao desenvolvimento desses microrganismos;
        - Criação de um meio que diminua ou acabe com a atividade enzimática.
        Os melhores métodos são aqueles que garantem uma conservação prolongada e proporcionam um mínimo de alterações nas qualidades naturais dos alimentos.
        A defumação é um dos mais antigos processos de conservação de alimentos, sendo utilizada principalmente em carnes e derivados. Consiste basicamente em expor o alimento à fumaça e, na maioria dos casos, ao calor, por um certo tempo. A duração destes e a temperatura utilizada dependem do produto que se vai defumar. Antigamente, a fumaça era obtida queimando-se madeira ou serragem debaixo da carne; atualmente, em sistemas mais modernos, ela é produzida fora do ambiente onde se encontra o alimento e conduzida por meio de tubulações.
        O uso do calor na conservação tem como objetivo a destruição de todos, ou pelo menos da maioria dos microrganismos e enzimas.
        A secagem foi o primeiro processo de conservação a usar o calor. A secagem reduz consideravelmente a quantidade de água no alimento, criando dessa forma, condições desfavoráveis ao desenvolvimento dos microrganismos e das enzimas, uma vez que ambos necessitam de água.
        Além da secagem, há a pasteurização e a esterilização , processos industriais que também utilizam o calor para a conservação dos alimentos.
        A utilização do frio na conservação de alimentos também é muito antiga. Os povos que habitavam regiões geladas usavam a neve para conservar os alimentos. Existem duas formas de conservação de alimentos pelo frio: a refrigeração e o congelamento.
        Sal e Açúcar são freqüentemente utilizados para preservar alimentos. O sal é geralmente empregado na conservação de carnes e derivados.
        Geléias, frutas cristalizadas ou em compotas e leite condensado são exemplos de produtos conservados pelo açúcar.
        Em meados deste século, a radiação também passou a ser empregada para preservar alimentos, através de um processo chamado irradiação, que normalmente utiliza, como fonte de radiação, o cobalto-60 e o césio-137.
        Na medicina ela pode ajudar no tratamento de câncer e de úlcera.  Ela não é uma técnica tão antiga como as outras, foi em meados deste século que ela começou a ser usada na preservação de alimentos.
        A importância dos aditivos alimentares tem crescido muito, pois permitem que os alimentos industrializados fiquem conservados por mais tempo.  Os aditivos alimentares podem ser agrupados, de maneira geral, em três categorias: os melhoradores, os conservadores e um grupo de aditivos diversos.
        Os melhoradores compreendem os aditivos que têm a função de atribuir, melhorar ou reforçar as características de um determinado alimento, como aroma, sabor, cor e textura.  São basicamente essas características que fazem um produto ser considerado atraente e apetitoso, tornando, portanto, freqüente o uso dos melhoradores.  Eles podem ser classificados em: aromatizantes, corantes, emulsificantes, espessantes e estabilizantes.
        · Aromatizantes: são aditivos que, incorporados aos alimentos fornecem ou realçam o sabor e o aroma, e são geralmente adicionados porque muitos perdem o aroma durante o seu processamento, e a aceitabilidade de um produto depende bastante do aroma e sabor que apresenta.
        · Corantes: são adicionados aos alimentos principalmente para conferir-lhes aspecto agradável e coloração adequada.
        · Emulsificantes, estabilizantes e espessantes: formam um grupo de aditivos cuja função é dar consistência adequada ao alimento.
        Os conservadores têm a função de impedir a deterioração dos alimentos causada por microrganismos ou por reações enzimáticas.
        Nas quantidades recomendadas para uso, a maioria dos conservadores apenas inibe o desenvolvimento dos microrganismos, não os destruindo.
        Os aditivos diversos são formados por um número muito grande de aditivos que desempenham diferentes funções.
        Existem códigos utilizados para os diferentes aditivos.
        Ervilha, milho, sucos, conservas de frutas, patês, carnes e feijão são exemplos comuns de alimentos que podem ser enlatados. A preparação desses alimentos requer técnicas e equipamentos especiais, e as condições de higiene devem ser as mais rigorosas possíveis.
        Além dos nutrientes, ingerimos em nossa alimentação uma série de outras substâncias; são chamados aditivos acidentais, pois estão presentes nos alimentos de forma não racional.  São exemplos desses aditivos:
· Resíduos de agrotóxicos utilizados no combate às pragas;
· Resíduos de antibióticos utilizados no combate às doenças do gado e das aves;
· Detergentes utilizados na limpeza das máquinas processadoras de alimentos;
· Óleos usados na lubrificação das máquinas, principalmente na indústria de panificação;
· Substância utilizada na fabricação de embalagens; capazes de contaminar os alimentos;
· Contaminação radioativa, que pode ocorrer ou pela utilização de armas nucleares, ou por acidentes em usinas nucleares, ou por acidentes em usinas nucleares.
· Intoxicação alimentar, que, em casos extremos pode levar uma pessoa à morte.
        Nos alimentos conservados, a intoxicação alimentar pode ser causada por:
· Microrganismos que sobrevivem ao método de conservação a que o alimento foi submetido, ou que, devido à falha na vedação da embalagem, passaram do ambiente para o alimento;
· Toxinas – substância produzida pelos microrganismos – causadoras dos casos mais perigosos de intoxicação.
        Antes de comprar qualquer alimento devemos observar as condições de armazenamentos, sentir o cheiro e verificar o aspecto. Além disso, a leitura dos rótulos dos produtos, nos permite obter informações sobre sua composição, condições de armazenamento, quantidade presente na embalagem e prazo de validade.
        Por isso, a importância dos aditivos é essencial para todos nós.  Por tudo que sabemos, concluimos que a Química não é algo recente, e sim muito das antigas. Ela está presente em tudo que fazemos até na conservação de alimentos, como  relatamos aqui.
        Procurando mais informações sobre o alimento a ser consumido, nós poderemos desenvolver uma postura mais crítica sobre aquilo que ingerimos. Entrar em contato com os departamentos de atendimento ao público das indústrias para maior esclarecimentos, também é um importante passo para o exercício da cidadania.
        Enfim, a Química hoje faz parte do nosso dia-a-dia. Sem ela, muitas coisas hoje não seria possível, então é comprovado que o seu desenvolvimento é de fundamental importância, principalmente na alimentação.

Bibliografia

LASZLO, H. et al. Química deAlimentos. São Paulo:Nobel,1986
LUFTI, M. Cotidiano e Educação em Química: os aditivos em alimentos
                    como proposta para o ensino de química no segundo grau.
                   Ijuí:Unijuí, 1998
SILVA, E. R.;SILVA, R. R.H. Conservação dos Alimentos. 5ª. Scipione:São
                   Paulo, 1998
SARDELLA, A. Química – Série Novo Ensino Médio. Volume Único.5ª .
                  Ática: São Paulo, 2003
RIOS, E. P. ; RIOS, M.T. Os Alimentos e seus Trajetos. São Paulo: Escolas
                   Associadas, 2003


Belisa Sayuri Naoe
1a série
Prof.(a): Alba Bruno de Brito
Colégio Valribeira, Registro

A Importância da Química na Produção de Alimentos

         Com o surgimento da agricultura, grupos humanos deixaram de ser nômades. Acontece que a exploração do solo não era planejada. Não havia a compreensão de que era necessário repor ao solo os nutrientes (substâncias químicas) que as plantas absorviam no seu desenvolvimento e que eram levados embora junto com a colheita.
         Esse fato, aliado à pratica da monocultura, diminuía cada vez mais o rendimento das colheitas até culminar com o esgotamento do solo.
         Procedimentos artesanais e baseados apenas na experiência foram testados e adotados com o objetivo de otimizar o trabalho nas lavouras e aumentar o rendimento das colheitas.
         O primeiro fertilizante utilizado provavelmente foi o estrume, isto é, o adubo constituído de esterco, normalmente de cavalos e bois e ramos ou folhas apodrecidas.
         O reconhecimento que o estrume contribuía para aumentar a fertilidade do solo levou Aristóteles a apresentar a teoria do húmus, segundo a qual as plantas se nutriam das substâncias orgânicas que existiam na terra.
         Assim, inicialmente a fertilização do solo era feita com resíduos orgânicos (estrume e mais tarde, com o guano, acúmulo de excrementos de aves marinhas), principalmente o originário do Peru.
         Somente no século XVII ficaram constatados os benefícios do uso do salitre, nitrato de potássio (KNO3), composto inorgânico, no tratamento do solo.
         Sua utilização foi incrementada por volta de 1820, quando os agricultores europeus passaram a dispor do produto importado da Índia.
         Logo após, em 1830, iniciou-se a exploração das imensas jazidas de nitrato de sódio NaNO3 no Chile (substância conhecida comercialmente como Salitre do Chile), o que difundiu ainda mais a utilização do nitrato como fertilizante.
         A teoria do húmus, porém só foi contestada em 1840, quando o químico alemão Justun Von Lübig (1803-1873) elaborou a hipótese de que as plantas não se alimentavam das substâncias orgânicas, mas sim de minerais (substâncias inorgânicas), abrindo caminho para a indústria de fertilizantes.
         A primeira experiência de Lübig não teve muito sucesso. Esse fato fez com que a teoria Mineral não fosse aceita de imediato, levando os cientistas ingleses sir John Bennet Laves (1814-1900) e Joseph Henry Gilbert (1817-1901) a fundarem a célebre Estação Experimental de Rothamsted na Inglaterra, para colocá-la à prova.
         Logo que foi esclarecida a razão do fracasso do fertilizante idealizado por Lübig, teve início a fabricação desses nutrientes em escala industrial.
         Na primeira metade do século xx, a agricultura científica obteve seus primeiros resultados importantes. Um deles refere-se à identificação do desempenho dos nutrientes Nitrogênio, Potássio e Fósforo (NPK) no desenvolvimento dos vegetais considerados atualmente macronutrientes primários.
         Até a década de 20, predominava a adubação feita a partir de detritos orgânicos produzidos na propriedade rural.
         Essa adubação com materiais orgânicos, porém só satisfaz parcialmente as necessidades das plantas. Os adubos orgânicos são bons para a formação de húmus e para melhorar a consistência do solo, mas não contém todos os micronutrientes e macronutrientes que as plantas precisam.
         Esses micros e macronutrientes são íons de certas substâncias inorgânicas solúveis fornecidas pelos minerais encontrados no solo.
         O crescimento demográfico gerou uma necessidade de uma agricultura de caráter intensivo: o agricultor precisa obter colheitas com o máximo de rendimento em uma determinada área, ano após ano.
         O objetivo disso é garantir um abastecimento adequado de alimentos ao mercado e até um possível superávit de exportações em relação às importações, de modo a manter a economia interna do país estabilizada.
         Nesse ponto a mineração e o processamento de matérias-primas para a fabricação de fertilizantes na lavoura são atividades necessárias e que beneficiam a sociedade.
         Ocorre que essas atividades, se não forem feitas com cuidado e com critérios, também podem causar graves prejuízos ao meio ambiente.
         Muitos minerais utilizados na fabricação de fertilizantes são retirados de minas de superfície. Quando essas minas não são exploradas de forma apropriada, o que é bastante comum, formam-se grandes áreas que se tornam improdutivas para a lavoura.
         Além disso, o uso excessivo e mal planejado de fertilizantes pode causar a poluição das águas superficiais de lagos, rios e represas, culminando na destruição de todo o ecossistema.
         Quando os íons dos elementos nitrogênio e fósforo alcançam as águas dos lagos, rios e represas, passam a nutrir a população microscópica de algas que constituem o chamado fitoplancton, que bem nutrido, se reproduz numa velocidade acima do normal. Ao morrerem, as algas produzem grandes quantidades de detritos que são decompostos por microorganismos aeróbicos, causando uma deficiência de oxigênio dissolvido na água, o que causa a morte de plantas aquáticas e peixes num processo que vai se agravando progressivamente, até que todo o ecossistema esteja comprometido.
         A multiplicação de fitoplancton também está sendo relacionada a casos de infecções provocadas por toxinas alimentares.
         O fitoplancton segrega uma substância tóxica chamada fitoplancton-toxina, que se ingeridas, pode causar inflamação no estômago e intestino, diarréia e paralisia, um quadro que vai se agravando progressivamente e até levar à morte. Em caso de contato externo podem surgir sintomas de urticária e inflamação das mucosas e dos tecidos conjuntivos da boca e da faringe.
         O destino dos íons de nitrogênio e fósforo no solo depende de vários fatores: solubilidade do fertilizante, precipitações pluviométricas, erosão do solo, natureza do solo e cobertura vegetal.
         A importância da química está estritamente relacionada ao aumento da quantidade de alimentos tão necessário ao ser humano. Os agricultores necessitam de muita orientação na utilização dos produtos químicos, evitando os males acima citados. Está nas mãos dos químicos a melhoria da qualidade dos produtos industrializados, a diminuição da fome da população mundial e por que não dizer, a sobrevivência da raça humana.

Bibliografia

Feltre, Ricardo – Fundamentos da Química, Vol. Único
Usberco, Salvador – Editora Saraiva, 4a edição, 2000
Barbosa, Luiz Claudio de Almeida – Uma Introdução para as Ciências Agrárias e Biológicas
www.embrapa.br
www.serrana.com.br
www.fosfertil.com.br


Alunos da 2ª Série do Ensino Médio em 2003

Ariella Toyama Shiraki
2a série
Prof.(a): José Roberto Tavares Lima
Colégio Objetivo Litoral, Santos

Precisa Imprecisão

         “E se somos Severinos/iguais em tudo na vida/ morremos de morte igual,/ mesma morte Severina:/ que é a morte de que se morre/ de velhice antes dos trintas,/ de emboscada antes dos vinte/ de fome um pouco por dia/ (de fraqueza e de doença/ é que a morte Severina/ ataca em qualquer idade,/ e até gente não nascida).”
          O retrato mundial é inegavelmente uma pintura paradoxal, afinal, antagoniza a alta produtividade agrícola e industrial a um dos maiores flagelos da humanidade, ou seja, os elevados índices de fome e miséria que impedindo o pleno desenvolvimento, figuram como sobreviventes numa feroz realidade como a retratada nesses versos de João Cabral de Melo Neto, na obra intitulada Morte e Vida Severina.
         Neste contexto, o desenvolvimento tecnológico e científico exerce um papel preponderante afinal as novas técnicas para a produção de alimentos, baseadas principalmente na Química, podem representar, indubitavelmente, alternativas que favoreçam a disponibilidade e o acesso a compostos saudáveis, minimizando o atual quadro de desnutrição e comprovando como a construção do conhecimento deve basear-se no bem-estar das populações.
         A indústria de alimentos é uma associação ampla e complexa, que compreende desde o aprimoramento de variedades de animais e plantas buscando maior eficiência na agricultura ecologicamente sustentável e altamente produtiva, até o processamento dessas matérias-primas para produzir alimentos estáveis, garantindo ao consumidor final um produto nutritivo, saboroso e seguro.
         Uma das contribuições mais recentes neste campo concretizou-se com o advento da transgenia que estuda a criação de um organismo a partir da injeção de genes retirados de outro ser.
         Entre as principais causas do desperdício que assola a sociedade, atuando como agravantes da fome, estão as perdas anuais da produção agrícola mundial, que atingem cerca de 37%, sendo que 13% devem-se a ataques de insetos. Em decorrência desse quadro, foram obtidas plantas resistentes a herbicidas, insetos e pragas com a introdução de genes característicos. Através desta experimentação científica objetivava-se uma conseqüente redução dos custos com insumos e defensivos, para o agricultor e uma maior disponibilidade de alimentos e custos menores para o consumidor final. Certas alterações genéticas também visam o enriquecimento nutricional do vegetal e à adaptação a tipos de clima e solos específicos, utilizando processos complexos que atuam no metabolismo da planta.
         Entretanto, a engenharia genética que se desenvolve há apenas três décadas, encontra muitos entraves em sua trajetória. Afinal, os seres vivos são incrivelmente complexos, havendo risco relevante de os genes transplantados afetarem de forma imprevisível o corpo em que foram introduzidos. Além disso, as conseqüências desta nova tecnologia sobre o meio ambiente e a saúde humana, ainda são indefinidas. Especialistas temem que as plantas geneticamente modificadas provoquem o aparecimento de “superpragas”. Quanto à saúde humana, cogita-se a possibilidade desses genes estranhos apresentarem efeitos tóxicos sobre os consumidores, provocando alergias, o aumento da resistência a antibióticos e o surgimento de novos vírus.
         Em contrapartida, não se pode privar a humanidade da biotecnologia, pois tais imperfeições serão possivelmente corrigidas com o tempo. Além disso, a engenharia genética é, indiscutivelmente, uma eficaz alternativa para reduzir o problema da fome, visto que as plantas transgênicas apresentam maior resistência e produtividade em relação às espécies convencionais.
         Outro fator determinante na exploração das áreas cultiváveis é a fertilidade dos solos, estruturada através da presença dos nutrientes necessários ao desenvolvimento das espécies vegetais. Entre eles, o nitrogênio é um dos mais importantes, pois seu fornecimento em quantidade adequadas, garante alta produtividade e qualidade superior dos alimentos. Conseqüentemente, o emprego de fertilizantes nitrogenados é realizado com freqüência em solos deficientes.
         Um adubo nitrogenado natural utilizado há muito tempo é o salitre-do-Chile (NaNO3), porém atualmente, os fertilizantes são predominantemente artificiais. Entre eles encontra-se o próprio amoníaco puro (NH3), na forma líquida ou os seus derivados sólidos, na forma de sais, dentre os quais destacam-se o NH4NO3, o (NH4)2SO4 e o (NH2)2CO (uréia).
         O sulfato de amônio (NH4)2SO4, parcialmente, é um fertilizante muito conhecido entre os agricultores, apresentando coloração que varia do branco ou dourado ao marrom acinzentado. Quimicamente, é um sal que contém 21% de nitrogênio amoniacal (NH4+), um composto estável no solo e pouco volátil, além de 24% de enxofre na forma de sulfato (SO4-2). Sua aplicação é vantajosa, pois o nitrogênio amoniacal, sendo positivamente carregado, é partículas negativas do solo, ficando assim disponível para a absorção.
         Contrariando os citados benefícios, o uso excessivo de adubos químicos pode gerar sérios desequilíbrios ambientais. Uma alternativa consiste na associação natural entre plantas como cana-de-açúcar, café e batata-doce e a bactéria Gluconacetobacter diazotrophicus, que retira o nitrogênio do ar e repassa-o para a planta.
         O aproveitamento agrícola do solo muitas vezes é afetado também pela sua acidez natural, como ocorre em muitos terrenos brasileiros. Este problema pode ser afetado também chamado de cal viva ou cal virgem, ou hidróxido de cálcio (Ca(COH)2), conhecido como cal apagada ou extinta. O CaO é um sólido branco que só se funde à temperaturas elevadíssimas, apresentando propriedades de um óxido básico, enquanto o Ca(OH)2 é pouco solúvel em água. Estas são as bases mais baratas de que se dispõe sendo também empregadas na purificação de açúcares, óleos vegetais e sucos de frutas.
         Na busca por uma agricultura produtiva, num período em que transgênicos ainda são limitados pela legislação, os agrotóxicos também são amplamente empregados. Eles designam os venenos utilizados na agricultura para exterminar pragas e doenças, ou seja, representam genericamente os pesticidas (ou praguicidas), fungicidas e herbicidas. Seu modo de ação pode caracterizar-se pelo contato, pela ingestão, pela respiração, pela atuação translaminar, observada nos frutos quando o pesticida atinge o interior dos mesmos e pela atuação sistêmica, na qual é absorvido e transportado em quantidades suficientes para tornar tóxico um determinado local da planta.
         Os pesticidas inorgânicos foram muito utilizados no passado, mas atualmente representam 10% do total de substâncias em uso. As formas orgânicas, por sua vez, compreendem os de origem vegetal, que apresentam baixa toxidade e curta permanência no ambiente, e os organo-sintéticos. Estes se subdividem em clorados, cloro-fosforados, fosfarados, carbamatos e fumigantes.
         Os clorados são geralmente compostos por um hidrocarboneto clorado que possui um ou mais anéis aromáticos. São persistentes no corpo e no meio ambiente, podendo causar efeitos patológicos a longo prazo, ao interferirem na troca iônica que caracteriza a transmissão de impulsos nervosos. Os cloro-fosforados apresentam um éster de ácido fosfórico (ou tionofosfórico), ditiofosfórico e fosfônico (ou tionofosfônico), que em um dos radicais esterificados possui um ou mais átomos de cloro. São rapidamente degradados e não se acumulam nos tecidos gordurosos. Os fosforados também são formados a partir de ésteres e apresentam comportamento semelhante aos cloro-fosforados. No que se refere aos cabamatos ,são compostos por ésteres de ácido metilcarbônico ou dimetilcarbônico, porém devido ao seu efeito altamente cancerígeno, teve o emprego proibido em muitos países.
         Um dos grandes inconvenientes ocasionados pela utilização de defensivos é a permanência de resíduos tóxicos na terra, na água dos lençóis freáticos, nos vegetais e conseqüentemente em toda a cadeia alimentar, sendo mortal para muitos animais. Portanto, o emprego abusivo de agrotóxico é o principal responsável pela contaminação dos alimentos, que tem atingido níveis alarmantes. Em 1984, foi realizada uma pesquisa sobre a questão e verificou-se que 41% das 1176 amostras analisadas continham quantidade de resíduos de agrotóxicos maiores que o permitido. Um dos produtos mais nocivos é o DDT, o primeiro inseticida fabricado em larga escala, inicialmente para livrar os soldados de pulgas e percevejos durante a Segunda Guerra Mundial e posteriormente, para a atuar como defensivo agrícola. Entretanto, atualmente sua aplicação é proibida.
         Com o surgimento de indícios de que a agricultura convencional causava um crescente dano ambiental na década de 90, explodiu o movimento em favor da agricultura orgânica. Essa prática consiste num sistema de produção que exclui o uso de fertilizantes sintéticos de alta solubilidade, agrotóxicos, reguladores de crescimento, aditivos sintéticos para as rações, além de hormônios e remédios aplicados em animais de corte. Quando possível, baseia-se no uso de esterco, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de praga e doenças. Busca manter a estrutura e produtividade do solo trabalhando em harmonia com a natureza.
         Estes alimentos naturais, portanto aproximam-se daqueles disponíveis aos povos primitivos, que os ingeriam no local e no instante em que eram colhidos. Entretanto, atualmente, com o crescimento da população mundial e o advento da urbanização, os centros consumidores distanciaram-se consideravelmente das áreas produtoras, tornando complexa a questão da alimentação e ocasionando problemas de conservação dos alimentos. Com o intuito de solucioná-los, desenvolveram-se as indústrias alimentícias e a Engenharia de Alimentos, que fabrica produtos muito sofisticados como os alimentos desidratados utilizados pelas Forças Armadas.
         Por conseqüência, com o intuito de aumentar a vida útil dos compostos muitos processos passaram a ser empregados, tais como a refrigeração, o congelamento, a pasteurização, a embalagem a vácuo e a exposição a matérias radioativas. Outro processo muito comum para a conservação consiste na adição de substâncias químicas denominadas aditivos alimentares, os quais permitem também a adequação dos produtos ao paladar e às necessidades das pessoas.
         Esta prática pode ser exemplificada pela simples adição de sal comum (NaCl), do vinagre (que contém ácido acético) e do limão (que contém ácido cítrico). Mais recentemente, passou-se a utilizar o bicarbonato de sódio para provocar o crescimento de bolos e biscoitos, além do iodeto de potássio que quando colocado em pequena quantidade no sal comum, evita a hipertrofia da glândula tireóide.
         Nesta etapa industrial da produção de alimentos, a Química igualmente figura como protagonista, afinal desenvolveu uma ampla classe de aditivos, cuja aplicação tornou-se trivial. Entre eles figuram os conservantes, corantes, aromatizantes, acidulantes, edulcorantes, estabilizantes, espessantes, umectantes e antiumectantes, além de antioxidantes.
         Os conservantes retardam alterações provocadas nos alimentos por microorganismos ou enzimas aumentando a durabilidade do produto. Certos alimentos, porém não necessitam destes aditivos, pois utilizam processamentos e embalagens adequadas. Entre os conservantes encontramos, por exemplo, o ácido sórbico, uma substância conhecida como vitamina C que também atua como um dos principais antioxidantes existentes. Produtos como margarinas e maioneses freqüentemente utilizam os antioxidantes como aditivo alimentar.
         Os corantes intensificam a cor natural do alimento, melhorando sua aparência e aceitação. São geralmente extraídos de frutos ou vegetais, como é o caso do betacaroteno (uma forma de vitamina A) e da clorofila. Entretanto, muitas cores específicas são obtidas somente em laboratório.
         Os aromatizantes ou flavorizantes realçam o sabor e o odor de alimentos. Os acidulantes, por sua vez, conferem sabor ácido principalmente às bebidas (Ex: ácido adípico, ácido cítrico, ácido fosfórico, ácido lático). No que se refere aos edulcorantes, são substâncias de sabor doce que substituem os açúcares, sendo empregados na fabricação de produtos light.
         Certos aditivos atuam no aumento da viscosidade dos alimentos. Trata-se dos espessantes, largamente empregados na produção de iogurtes. Os estabilizantes são igualmente requisitados na sua fabricação, bem como na obtenção de sorvetes e chocolates, pois facilitam a dissolução e ajudam a evitar a formação de cristais que afetariam a textura, mantendo a aparência homogênea do produto.
         Para controlar a retenção de água pelo alimento foram criados os umectantes que evitam o seu ressecamento, sendo muito utilizados em doces com recheio e bolachas. Contrariamente, os antiumectantes impedem a absorção de umidade, sendo encontrados nos macarrões.
         O uso de aditivos em quantidades mínimas e adequadas trás, sem dúvida, importantes benefícios. Entretanto, sua utilização abusiva pode concorrer para o aparecimento de distúrbios físicos como a arteriosclerose, alergias, descalcificação de ossos e até mesmo doenças graves como o câncer. Os ciclamatos, consumidos como adoçantes, estão proibidos em muitos países por serem, comprovadamente, causadores deste mal.
         Em geral, desde o processo de produção, o alimento sofre diversas formas de contaminação passando a apresentar resíduo, denominados aditivos acidentais, muitas vezes prejudiciais à saúde humana. Antibióticos utilizados no combate às doenças do gado e das aves são encontrados nas carnes e no leite, incorporando-se ao organismo dos consumidores. Igualmente agem os resíduos de agrotóxicos, os detergentes utilizados na limpeza de máquinas processadoras de alimentos, os óleos usados na lubrificação das mesmas, principalmente na indústria de panificação bem como as substâncias utilizadas na fabricação de embalagens.
         Portanto, numa projeção futura, é preciso que a estreita relação da Química com a produção de alimentos amplie os resultados favoráveis e reduza os prejuízos à saúde e ao meio ambiente. Através da utilização segura e racional dos transgênicos, espera-se reduzir a poluição ocasionada pelos agrotóxicos bem como a extensão das áreas devastadas para o plantio, partindo do pressuposto de que as sementes geneticamente modificadas intensificam a produtividade. Nesta nova realidade, possivelmente cápsulas alimentares com alto teor nutritivo e baixo custo estarão disponíveis para o consumo. O grande inconveniente das mesmas, porém repousa no fato de que a alimentação ultrapassa o conceito de suprir necessidades do metabolismo celular, concretizando-se como uma forma de prazer pessoal.
         Inegavelmente, apesar dos efeitos nocivos e da errônea e inevitável associação da Química a elementos prejudiciais, é impossível viver sem ela. Afinal, esta ciência está presente em nosso convívio diário, compondo os alimentos que ingerimos e o próprio corpo humano, que é um complexo laboratório químico. Assim anúncios que promovem “alimentos naturais sem Química” tornam-se uma grande inverdade, pois tudo o que nos cerca é constituído de matéria química.
         Na verdade, a importância desta ciência transcende o campo científico e atinge diretamente questões sociais. Afinal, sem o seu desenvolvimento, inexistiriam adubos e defensivos agrícolas, o que geraria uma drástica redução no rendimento da produção e a perda de grande parte da colheita, agravando o problema da fome no mundo.
         Apesar destas suas muitas contribuições, ainda desperta o medo e a desconfiança originados principalmente a partir de uma mentalidade restrita que confunde o conhecimento benéfico da Química com suas possíveis aplicações irracionais e pouco controladas. Dessa forma, o problema da degradação ambiental é mais uma questão ética , moral e política do que propriamente científica.
         Não se pode temer as transformações oriundas deste campo, afinal isso entregaria a sociedade a um processo de estagnação irreversível. Entretanto, é preciso promover o desenvolvimento equilibrado da humanidade, de tal modo que o progresso não comprometa a natureza e sua biodiversidade.
         O futuro da Química e suas possíveis contribuições apresentam rumos incertos, porém necessários, constituindo, assim uma precisa imprecisão. Porém, embora a ciência canalize seus esforços em prol da melhoria da qualidade de vida, através do bom aproveitamento de recursos naturais tangíveis à sociedade, à esfera econômica e social não acompanham esta evolução, acentuando as desigualdades e fazendo persistir a imagem das vidas severinas.
         Aguarda-se o dia em que a ciência trabalhe, de fato em favor da humanidade indistintamente tornando palpáveis os caminhos para que a tese transmute-se em ação.

Bibliografia

Revista Veja – 29 de outubro de 2003
www.sn-centro.com.br
www.ruralinks.com.br
www.aao.org.br
Almanaque Abril Atualidades – Vestibular 2004
Rodrigues, Rosicler Martins. Vida na Terra – Ed. Moderna; São Paulo:1991
Carraro, Fernando. A parábola do Planeta Azul – Ed. FTD, São Paulo: 1997
Feltre, Ricardo. Fundamentos da Química – Ed. Moderna; São Paulo: 1996


Gustavo Henrique Milaré
2a série
Prof.(a): Gislaine A. Barana Delbianco
ETE. Trajano Camargo, Limeira

Química: do Cultivo ao Consumo

        Tenham as pessoas quaisquer gostos, estilos de vida, sejam empresários ou analfabetos, vivam de trabalho ou descanso, não, há, definitivamente, forma de inibi-la de suas dietas. Química, de todas as formatos e estilos, cheia de riscos, sucessos e fracassos, está presente em qualquer prato. Esteja ela em conservantes, corantes, expessantes, aromatizantes, emulsificantes, estabilizantes e até mesmo as vitaminas e minerais da caixa de cereais matinais, - “são centenas de aditivos numa única refeição” [1] - pesticidas, formicidas, herbicidas e adubos.
        Como comprovação disso, imaginemos o senhor João em um supermercado qualquer, a escolher os produtos que levará. Poderia ele comprar um presunto Sadia esbranquiçado? Quem sabe ele não gostaria de ver a Hellman’s empelotada? Isso evidencia a mais notória presença da química: aqueles nomes estranhos das embalagens, os aditivos químicos, abjetos no ponto de vista da sociedade, mas, infelizmente, indispensáveis.
        Conservantes têm notório espaço entre eles. O primeiro dos conservantes foi o sal comum, o cloreto de sódio, agente antimicrobial graças à sua capacidade de absorver água, desidratando os microorganismos. E era, inclusive, o meio pelo qual navegantes portugueses e espanhóis conservavam seus alimentos, já que não era possível pescar em alto mar. Com certeza, uma alimentação bem precária e excessivamente salgada. Como consequência, eles sofriam de várias doenças por falta de vitaminas e minerais, destacando-se o escorbuto, causada pela carência de vitamina C. Esta doença causava anemia, hemorragias, inchaço nos lábios e até queda dos dentes.
        Hoje em dia, há vários antimicrobiais: ácido acético (vinagre), sulfitos (para frutas secas, vinho e sucos), nicim e natamicida (fungicidas), nitrito de sódio (utilizados em carnes cruas etc). Os nitritos e sulfitos reagem com o ácido clorídrico do estômago, formando ácidos - nitroso e sulfuroso, respectivamente. O ácido nitroso, porém, é agente causador de tumores e provém de salames e calabresas.
        Outra espécie de conservante são os antioxidantes, que previnem o produto de adquirir mau odor em contato com o ar. Eles são oxidados no lugar do alimento. São eles: BHA e BHT (sintéticos), sulfito de sódio, vitaminas E e C. Estas vitaminas só coexistem em abundância em remédios e vegetais, onde são protegidos do ar; produtos industrializados perdem grande quantidade deles pelo caminho.
        Existe, ainda, uma terceira classe de conservantes, além de sintéticos e naturais: as embalagens. Por exemplo, a embalagem do leite UHT, onde este é armazenado após choque térmico, tira a necessidade de mais conservantes. Embalagens de pães e bolos evitam bolor e perda de maciez.
        Alguns aditivos são utilizados para manter a consistência dos produtos. Emulsificantes, os “detergentes comestíveis”, dissolvem as gorduras em água, encontrados nos tradicionais sorvetes e maioneses. Estabilizantes e expessantes estabilizam as emulsões criadas e aumentam a viscosidade. Mais utilizados são as proteínas, como a da gelatina, e os amidos, como a farinha para o bolo caseiro. Sequestrantes, como EDTA, carregam aditivos nutricionais que possibilitam a digestão, como cálcio e magnésio. Finalmente, umectantes, muito utilizados em pães e bolos, antiumectantes, em macarrões, controlam a umidade.
        O visual também é importante, e muito. Corantes são extraídos de minérios (óxido de titânio, usado em sucos), de plantas e derivados (os mais comuns) e de alguns animais. Alguns deles são extremamente tóxicos, mas são utilizados em baixa concentração nos alimentos, o que os torna inofensivos - ou quase. Alguns deles chegam a ser proibidos em certos países.
        Para que o alimento tenha sabor e odor agradável, é indispensável o uso de flavorizantes, também conhecidos por aromatizantes. O muito usado glutamato monossódico, assim como inosinato e guanilato dissódicos, todos encontrados nos produtos da Ajinomoto [6] e inicialmente utilizados pelos orientais, acentuam o sabor original dos alimentos. A cafeína, utilizada em chocolates, café e Coca-Cola [2], não é tão devastador ao organismo e deixa o sabor amargo nos alimentos, apreciado por muitas pessoas.
        Há outros que alteram sabor. Adoçantes ou edulcorantes: a sacarose da cana-de-açúcar, o composto químico mais vendido. Sua grande infâmia é na balança: fornece muitas calorias, como os outros adoçantes naturais. Esse é o motivo que fez os cientistas sintetizarem vários outros, como sacarina e ciclamato sódicos, e o aspartame - de todos o de menor risco.
        Acidulantes: o vinagre utilizado na salada. São ácidos e têm por objetivos diminuir o pH e alterar o sabor. O ácido carbônico do refrigerante, que se decompõe em gás (carbônico) e água, especialmente fora da geladeira - por isso fica “sem gosto”, além de deixar de “coçar” a boca.
        É claro que todos esses aditivos têm um limite de uso, mas nem sempre o limite é tão eficaz. Muitos problemas são encontrados quando se fala em aditivos; mas, muitas vezes, não há outra alternativa que tenha os mesmos benefícios ou seja barata.
        Além de todos esses aditivos, existem os agrotóxicos. O grande problema atualmente é como evitar usá-los, pois são extremamente tóxicos. Uma forma da diminuição do uso é a cultura de transgênicos; porém, estes já são muito rejeitados. O desconhecimento científico frente aos transgênicos é grande, os testes desproporcionais aos riscos que eles trazem.
        Por ser grande produtor rural, o Brasil se encontra em terceiro lugar no consumo mundial de defensivos agrícolas, cerca de um quilo e meio por hectare. Um exagero, e desnecessário, já que, em paradoxo ao aumento exagerado do consumo deles, o ataque às safras por parte das pragas não aumentou.
        Os pesticidas utilizados continuamente pelo mundo todo acarreta na adaptação dos insetos. Então são produzidos outros mais tóxicos, não só aos insetos, mas também a outros animais e plantas, habitantes de regiões próximas, e ao homem. E tamanha é sua periculosidade que os fazendeiros que utilizam-nos são obrigados a colocar roupas de proteção bastante pesada. Além de tudo, tomar banho e trocar de roupa, lavando-a separadamente. A embalagem deve ser lavada três vezes ou sob pressão e recolhida por uma empresa responsável, que efetuará a reciclagem.
        Ainda assim, as populações da fazenda e ao seu redor não estão muito seguras. Geralmente os efeitos começam a surgir após algum tempo de uso. Há muitos trabalhadores que estão impossibilitados devido à contaminação por agrotóxicos e não têm atendimento devido. O mal é facilmente percebido.
Infelizmente os defensores agrícolas mais usados são os mais fortes, como Tamaron e Gramoxone; muitas vezes, aplicados por pessoas sem vestimenta e mal assalariadas, contratadas por agricultores e usinas. É como se dedetizassem a casa de alguém sem que este saia da casa. Depois do uso, muitas das embalagens são descartadas em rios que abastecem pessoas. Os fetos das mulheres grávidas que trabalham com agrotóxicos acabam deformados: sem braços, sem pernas. Foi noticiada por Fernando Dantas Ferro [9] uma criança com um olho na testa...
        Existe muitas leis, não observadas, que proíbem esse tipo de acontecimento, permitindo aplicação de alguns venenos apenas por especialistas treinados. Quase metade das marcas de defensivos comercializadas no Brasil são proibidas pela legislação, e há um limite para a aplicação delas. Ou seja, se estas lei fossem cumpridas, eles seriam, talvez, quase tão inofensivos quanto os aditivos químicos.
        A intoxicação não se limita à aplicação. No prato ele também oferece alguns riscos: segundo pesquisa da Anvisa [15] em vários Estados, cerca de 22% de todos os vegetais estão fora dos padrões das leis de limite de uso e de venenos permitidos. Estes se encontram na polpa desses vegetais, principalmente em frutos mais sensíveis. Portanto, lavar o alimento antes de comer pode retirar uma parte deles, mas o uso de alguns produtos como vinagre e bicarbonato de sódio são insignificantes: grande parte dos agrotóxicos dificilmente são destruídos, embora o vinagre seja excelente contra agentes patogênicos.
        Outro método é a criação dos vegetais Hidropônicos e Orgânicos. Os primeiros são cultivados em estufas, o que os torna bastante saudáveis e resistentes às pragas. Só podem ser atacados em caso da demora da colheita, daí são utilizados defensivos agrícolas em pequena quantidade. Os últimos se desenvolvem sob condições naturais favoráveis, como húmus, solo fértil, rotação de culturas, agrotóxicos e inimigos naturais (como joaninhas). Essas culturas são ótimas para oferecer empregos e inutilizar agrotóxicos artificiais caros, além de terem os mesmos preços que os tradicionais.
        Está aí: não há necessidade de pânico, mas de mudança: a Química nos alimentos nos oferece um mundo de possibilidades. Basta que sua devida importância seja dada e que sua utilização reverta apenas em benefícios, desde o cultivo das matérias primas até o último retoque do produto final. Seria ótimo se pudéssemos ir ao supermercado na certeza de comprar produtos que sejam “pura saúde”, não agridam ao ambiente, aos animais ou ao bolso.

Bibliografia

Aditivos
[1] MINATTI, E. Aditivos Alimentares. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/aditivos.html Arquivo capturado em 12 de outubro de 2003.
[2] COCA-COLA. Informações sobre os produtos: Cafeína e Saúde. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.cocacolabrasil.com.br/nossasmarcas/info/prod.asp Arquivo capturado em 12 de outubro de 2003.
[3] SHIMIZU, A. O Que São, Como São Utilizados, Onde São Encontrados e as matérias primas. [online] Disponível na Internet via WWW. URL: http://kshimizu.sites.uol.com.br/oqsao.htm

Arquivo capturado em 25 de outubro de 2003.
[4] SHIMIZU, A. Quais os limites para os aditivos. Disponível na Internet via WWW. URL: http://kshimizu.sites.uol.com.br/limites.htm Arquivo capturado em 31 de outubro de 2003
[5] AJINOMOTO. Zoom Produto, Aji-no-moto. Disponível na Internet via WWW. URL:  http://www.ajinomoto.com.br/zoomprod.asp?id=30&id_cat=4 Arquivo capturado em 12 de outubro de 2003.
[6] AJINOMOTO. Zoom Produto, Ajitide. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.ajinomoto.com.br/zoomprod.asp?id=29&id_cat=4 Arquivo capturado em 12 de outubro de 2003.
  Agrotóxicos
[7] CARLOS AUGUSTO. Agrotóxicos. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.racoeslourenco.hpg.ig.com.br/agrotoxicos.htm Arquivo capturado em 25 de outubro de 2003.
[8] SENAR-AR/RN Agrotóxicos. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.faern.com.br/upload/AGROToXICOS.doc Arquivo capturado em 25 de outubro de 2003.
[9] FERRO, F. D. Agrotóxicos estão Matando Produtor Rural. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.preservacaolimeira.com.br/agrotoxicos/ferro2.htm Arquivo capturado em 31 de outubro de 2003
[10] AMARANTHUS. A Produção Orgânica. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.agroecologia.com.br/amaranthus/prod_organica.htm Arquivo capturado em 2 de novembro de 2003.
[11] HARKALY, A. (IBD) A Questão dos Agrotóxicos nos Alimentos - O Caso do Bicarbonato. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.ibd.com.br/arquivos/saudexagrotoxicos/agrotoxicos.htm Arquivo capturado em 31 de outubro de 2003
[12] IBD. Como Reduzir Resíduos de Agrotóxicos dos Alimentos Convencionais. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.ibd.com.br/arquivos/saudexagrotoxicos/comoreduzirresiduos.htm Arquivo capturado em 31 de outubro de 2003
[13] INPEV. Embalagens Vazias de Agrotóxicos. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.inpev.org.br/2003/triplice.asp Arquivo capturado em 25 de outubro de 2003.
[14] MARTINS, V. R. Na Hidroponia Usam-se Agrotóxicos?. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.hydor.eng.br/Pagina6.htm Arquivo capturado em 2 de novembro de 2003.
[15] IBD. Perigo Ronda o Prato, da Salada à Sobremesa. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.ibd.com.br/arquivos/saudexagrotoxicos/perigorondaoprato.htm Arquivo capturado em 31 de outubro de 2003
[16] IBD. Relatório da FAO Mostra que o Brasil é o 3º Maior Consumidor de Agrotóxicos no Mundo. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.ibd.com.br/arquivos/saudexagrotoxicos/relatorioFAO.htm Arquivo capturado em 31 de outubro de 2003
Outros
[17] PAULINO. Bioquímica celular (vitaminas) Biologia, Série Novo Ensino Médio, 7. ed., v. único, p. 30-31. São Paulo: Ática, 2002.
[18] GREENPEACE BRASIL. Perguntas e Respostas Sobre Transgênicos. Disponível na Internet via WWW. URL: http://www.greenpeace.org.br/transgenicos/faqtrans.asp Arquivo capturado em 25 de outubro de 2003.


Caio Matsui
1a série
Prof.(a): André Luis Della Volpe
Escola Técnica, Americana

Dependência ou morte

        Na revolução agrícola, que ocorreu por volta de 5.000 a.C., o homem deixa de ser nômade, pois descobre como cultivar sementes para a produção de alimentos e como criar animais para obtenção de leite, lã e carne. A descoberta da agricultura, arte de cultivar os campos, só foi possível graças à manipulação da água (H2O), que por meio da irrigação, possibilitava o desenvolvimento das plantas. Além disso, a utilização de adubos orgânicos, no caso, fezes de animais e restos de alimentos, foi indispensável na descoberta da agricultura. Ou seja, o homem começa a utilizar, pela primeira vez, a química na produção de alimentos. Tornando-se então, sedentário, gerando assim um pequeno aumento populacional devido à fixação da moradia e ao aumento da produção de alimentos.
        Após 7 mil anos de evolução, o homem, hoje, conta com uma população de mais de 6 bilhões de pessoas. Devido a grande explosão demográfica, gerada pela consolidação do sistema capitalista e do advento da revolução industrial, a partir dos séculos XVIII e XIX.
        Levando Thomas Malthus a elaborar sua teoria demográfica, demonstrando que a população crescia tão rapidamente que superava a capacidade da terra em gerar alimentos; ele dizia que enquanto a população aumentava com o ritmo de uma progressão geométrica (1,2,4,8,16,....), a produção de alimentos aumentava como uma progressão aritmética (1,2,3,4,5,....). Logo, a vida estaria ameaçada pela escassez de alimentos.
        Primeiramente deve-se entender porque somos dependentes dos alimentos para depois entender porque a química é importante para o homem.
        Essa dependência ocorre porque o nosso corpo necessita dos carboidratos para sintetizar energia (ATP’s) através da glicose (C6H12O6) e do oxigênio (O2) que respiramos. Além disso, precisamos adquirir proteínas, que contêm aminoácidos utilizados na formação de novas proteínas, como: enzimas, que agem catalisando as reações químicas que ocorrem em nosso organismo; hormônios, que controlam diferentes aspectos do metabolismo, assim como o crescimento celular, a freqüência cardíaca, o sistema reprodutor e muitas outras funções; proteínas de transporte, como a hemoglobina, que transporta gases pelo sistema sangüíneo; além de uma gama de outras classes de proteínas. Sem contar que necessitamos também de lipídios para o armazenamento de energia; sais minerais para o controle osmótico e vitaminas para auxiliar a transformação do alimento em energia. Sendo que todas essas substâncias estão presentes nos alimentos. É por essa razão, que podemos dizer, que a vida está intrinsecamente ligada aos alimentos.
         A escassez de alimentos não aconteceu; porque Malthus esqueceu de contar com a capacidade do homem em utilizar as tecnologias adquiridas para aumentar a produção agrícola, assim como desenvolver produtos que tornem mais rápidas e produtivas suas colheitas. Por isso a química é de extrema importância para o homem, pois participa da elaboração de tais produtos. Logo, a vida está também, imprescindivelmente ligada à química.
        Dentro desse ciclo entre química, alimentos e vida, uma etapa obrigatória é a plantação, sem ela o resto do ciclo pára, ou seja, todas as etapas dependem da plantação, assim como todo os níveis tróficos de uma cadeia alimentar dependem dos produtores. Entretanto, a plantação depende da água, pois as plantas necessitam sintetizar a glicose para a produção de energia por um processo químico que transforma, por meio da energia solar, de enzimas e da clorofila, água e dióxido de carbono (CO2), em glicose e oxigênio, sendo esse processo denominado fotossíntese (6CO2 + 6H2O à C6H12O6 + 6O2)
        Alem da água, as plantas também necessitam de nutrientes para o seu desenvolvimento, sendo que hoje em dia são utilizados adubos, também chamados de fertilizantes, para enriquecer o solo de nutrientes, garantindo um maior e mais rápido crescimento as plantas. É importante ressaltar ainda que existem dois tipos de adubos, os orgânicos, que são compostos basicamente por lixo orgânico, e os inorgânicos, que são compostos sintéticos formados por fósforo, nitrogênio, enxofre, entre outros.
        É importante ressaltar ainda que a maior utilização de ácido sulfúrico (H2SO4) acontece na produção de adubos, já que 30% da produção total de ácido, é utilizada na fabricação de fertilizantes, pois um dos elementos que as plantas precisam é o fosfato (P), sendo encontrado na natureza apenas como fosfato de cálcio e fluoreto de cálcio, que são insolúveis em água; sendo assim as plantas não conseguem absorvê-los. Logo, é usado ácido sulfúrico para transformar os fosfatos em produtos solúveis em água.
        Além disso, as plantas, como produtoras da cadeia alimentar, possuem predadores; para a plantação de alimentos, esses significam uma perda na produção total. Sendo assim, são utilizados defensivos agrícolas para o controle biológico daqueles. Existem os defensivos naturais e os artificiais, dentre os naturais, estão sendo utilizados fungos, que agem especificamente atacando alguns insetos e bactérias, o processo ocorre dissolvendo-se os esporos em água e aspergindo a solução na lavoura, as hifas dos fungos desenvolvem-se nos invasores, matando-os. Com o grande desmatamento para a prática da agricultura, ocorre o desequilíbrio ambiental e conseqüentemente o surgimento de pragas que atacam os campos, logo, para combatê-las, são usados defensivos artificiais, no caso, pesticidas, já para os insetos, temos os inseticidas; para as ervas daninhas, herbicidas; para as bactérias, bactericidas e para os fungos, fungicidas.
         Após a plantação existem os processos de industrialização, sendo um desses a fermentação, que difere principalmente entre alcoólica, láctica, acética. A primeira ocorre na produção de vinhos e pães, sendo utilizada para fermentar, a glicose para os vinhos e o amido (C6H10O5) para os pães. As uvas contêm glicose, os levedos, presentes naturalmente nas uvas, fermentam a glicose e produzem o álcool etanol (H3C – CH2 – OH), assim o suco de uva vira vinho. Se o etanol for deixado em contato com o ar, ele reage com o oxigênio formando acido acético (H3C – COOH) mais água, sendo o acido acético chamado de vinagre. Pode-se também fermentar outras frutas além da uva, mas somente a uva fermentada é chamada de vinho. Também é possível produzir vinagre com outras frutas, como é o caso do vinagre de maçã. Nos pães, o amido é transformado, por meio de fungos do gênero Saccharomyces, em ácido piruvico (CH3– CO - COOH) e logo após em oxigênio, energia e dióxido de carbono (CO2), sendo o último, responsável por fazer o pão crescer. Já a fermentação láctica ocorre através da lactose (C12H22O11) do leite, podendo ser fermentada por fungos ou bactérias, como as do gênero Lactobacillus, produzindo coalho, através da diminuição do pH causada pela presença do ácido láctico. Dessa maneira podem ser produzidos queijos e iogurtes por meio do coalho.
         Outro processo, que necessita de um catalisador, geralmente o níquel, e temperaturas acima de 200ºC, é a hidrogenação, que ocorre na fabricação da margarina e de gorduras semi-sólidas, onde átomos de hidrogênio (H2) são inseridos em ligações duplas de carbono (C = C) de óleos insaturados, convertendo-os em gorduras sólidas ou semi-sólidas, com menores chances de estragar e melhor consistência. Porém, esse processo produz ácidos graxos trans, que não podem ser metabolizados pelo organismo, ficando muitas vezes no organismo pelo resto da vida; a partir de ácidos graxos cis naturais, que não fazem mal à saúde. Sendo os ácidos graxos cis diferenciados do trans apenas pelas suas fórmulas estruturais, ou seja, são isômeros.
         Já, a desidratação, é outro processo que diminui as chances do alimento estragar, ou seja, conserva os mesmos. Como é o caso do tomate seco, em que o tomate é desidratado, eliminando-se a água presente no mesmo através de um secador solar ou outro aparelho, para com isso conservá-lo por mais tempo que um tomate comum. Esse processo pode ser utilizado também com frutas, alimentos altamente perecíveis, pois pode conservar seu valor nutritivo, sabor e aroma, podendo ser mais tarde adicionados a mingaus, assim como introduzido na receita de pães, bolos e biscoitos. A desidratação possibilitou a adição de vegetais às sopas instantâneas, assim como a produção dos sucos em pó.
         Como já dito, o nosso corpo necessita de vitaminas e sais minerais, sendo que existem taxas mínimas de ingestão diária dessas vitaminas e sais, portanto alguns alimentos são, atualmente, industrializados com a adição dos mesmos, para que se consiga atingir a taxa mínima, não havendo assim, complicações por carência daquelas no organismo. Um exemplo é o iodo, que carente no organismo, provoca uma doença, chamada hipotireoidismo, que ataca a glândula tireóide. Com isso, o sal de cozinha (NaCl) , substância muito consumida como tempero pela população, é iodado, para que essa não sofra doenças.
         Para que os alimentos não estraguem na prateleira dos supermercados, são utilizados os conservantes, que retardam o acontecimento das reações químicas de decomposição, assim como inibem a ação de determinados microorganismos decompositores. O uso de conservantes começou, quando o homem utilizava o fogo para secar os alimentos, impedindo a sobrevivência de bactérias e fungos devido à falta de umidade, esse processo é chamado de defumação. Outro processo que acontecia em carnes e peixes, era a adição de especiarias com pequenas propriedades antioxidantes e anti-sépticas. Hoje, essas especiarias já não são mais necessárias porque o homem faz uso da geladeira, que a baixas temperaturas, reduz a oxidação e torna lento o crescimento microbiológico. Os antioxidantes são uma variedade dos conservantes, eles impedem as reações oxidantes dos lipídios, ocorridas quando, um lipídio, por meio da irradiação recebida, tem um hidrogênio, ao lado de uma ligação dupla, separado do ácido graxo, formando assim, um radical livre que reage com outros ácidos graxos, compondo mais radicais livres, como numa reação em cadeia, até que se forme um produto de radicais livres estáveis.
         Antes da ingestão dos alimentos, nós o julgamos pela sua aparência e pelo seu cheiro. Para tornar os alimentos mais atraentes, foram criados os aromatizantes, que cedem ou apenas realçam as características aromáticas ou sápidas dos alimentos, assim como os corantes, que tem a função de dar cor aos alimentos para torná-los atraentes aos olhos dos consumidores. Os corantes podem ser naturais, como os carotenóides, à base de urucum, ou sintéticos, como o betacaroteno.
         Além do aspecto visual, existe o aspecto palatável, já que ao ingerirmos um alimento, esperamos que o mesmo possua um bom sabor, um bom gosto. Para isso contamos com os adoçantes, que adoçam o sabor dos alimentos e também podem ser artificiais como o acesulfame K, um sal sintético de potássio ou naturais como o steviosídeo, extraído de uma planta denominada stevia.
         Após a plantação e a industrialização, agora temos o processo de embalagem e armazenamento dos alimentos. As latas são uma ótima alternativa como embalagens, pois protegem o alimento da luz e de microorganismos exteriores, além de serem objetos resistentes e de fácil manuseio, podendo ser empilhadas durante a armazenagem, o que gera uma economia no espaço físico. As latas também podem ser recicladas, sendo que a cada cem latas recicladas, há uma economia de energia equivalente a de uma lâmpada de 60W, ligada por uma hora. Atualmente, existe uma nova tecnologia, em que os alimentos enlatados são cozidos, a altas temperaturas, dentro da própria embalagem, diminuindo assim a quantidade de conservantes necessários aos alimentos. Outra opção quanto às embalagens, é uma grande novidade, chamada embalagem ativa, elas interagem com o produto que armazenam, alterando, como desejar o fabricante, propriedades dos alimentos, como por exemplo, o amargo do suco de laranja, posto que as embalagens de suco são forradas com substâncias que reagem com o amargo do suco de laranja, deixando-o com um sabor mais agradável. Essas embalagens além de conservar os alimentos, ainda podem melhorar a sua qualidade.
         Com a invenção de novos aditivos químicos artificiais e com o crescente consumo, por parte da população, de alimentos industrializados, surgiram grandes problemas: as doenças pelo excesso de tais produtos e a discriminação por parte da população desinformada.
         O estado, temendo pela saúde dos cidadãos, cria quotas plausíveis à mesma, com relação ao uso de defensivos, conservantes, aromatizantes, etc... Essas quotas são respeitadas pelas empresas, o problema é que o cidadão não obedece às taxas máximas para consumo diário de determinados produtos, pois, muitas vezes, as desconhece. Ou seja, o cidadão está consumindo em excesso determinados produtos, sem saber que é danoso à sua saúde, o que gera um acúmulo constante de aditivos químicos em seu organismo, podendo gerar doenças ou até mesmo um câncer.
         Portanto, devem ser divulgadas aos cidadãos, as taxas máximas de consumo diário, evitando complicações quanto à saúde dos mesmos. Além da conscientização dos mesmos para que dosem as quantidades de alimentos industrializados consumidos.
         Para o futuro da química na produção de alimentos, espera-se uma diminuição no uso de defensivos agrícolas e aditivos químicos, pois esses se tornarão mais eficientes e, portanto, podem ter sua quantidade reduzida sem que isso afete a qualidade dos alimentos. Até porque, com o desenvolvimento dos alimentos transgênicos, será possível obter alimentos prontos para o consumo desde sua colheita, de modo que o produtor poderá escolher os genes a serem usados segundo as características que deseja estarem presentes em seu produto.
         É importante citar também, que os alimentos transgênicos, atualmente, são motivo de muitos debates, pois os consumidores acabam agindo preconceituosamente com relação aos transgênicos. Isso porque não há comprovações cientificas de que eles fazem mal à saúde, assim como também não é comprovado que eles inalteram ou melhoram a saúde. Logo, deve-se admitir que os transgênicos foram uma grande evolução, ou melhor, uma grande revolução no campo da biotecnologia e da química.
         A influência da química sobre os alimentos tem crescido muito, com o uso de defensivos, conservantes, aromatizantes, corantes e muitos outros produtos artificiais, gerando grandes benefícios à humanidade, assim como a descoberta dos transgênicos que possibilitou alimentos de melhor qualidade. Espera-se daqui alguns anos que a química evolua, sem interferir no modo em que nós nos alimentamos, dando assim, continuidade na produção de alimentos naturais, não a alimentos enlatados com aglomerados de vitaminas, sais, lipídios, carboidratos, corantes, aromatizantes e conservantes.

Bibliografia

· http://www.bibvirt.futuro.usp.br/index.html?principal.html&2
      ( extraído em 14/11/03 )
· http://qmc.ufsc.br/qmcweb/artigos/vinho/processos.html
( extraído em 14/11/03 )
· http://www.ufrgs.br/tecvege/ped/seminarios/aromatizanteseantioxidantes.doc
      ( extraído em 14/11/03 )
· http://www.alcidesquimica.com.br/quimica_na_cozinha.htm
      ( extraído em 14/11/03 )
· http://www.cct.ufcg.edu.br/probex/projetos/Desidratacao_de_frutas.doc
      ( extraído em 16/11/03 )
· http://www.alcalis.com.br/iodacao.htm
      ( extraído em 16/11/03 )
· http://www.corantec.com.br/public.htm
      ( extraído em 16/11/03 )
· http://www.ciagri.usp.br/~luagallo/adocantes.htm
 ( extraído em 16/11/03 )
· http://revista.fapemig.br/9/alimentos.html
      ( extraído em 16/11/03 )


Juliana Poço Ramos
2a série
Prof.(a): Edson Luiz Ciotti; Katia Cilene Costa Bocchi
Colégio Jardim São Paulo, São Paulo

A importância da química na produção dos alimentos.

        Nos dias de hoje, podemos dizer, sem nenhum tipo de receio, que a ciência que mais vem contribuindo para que os alimentos produzidos pelo homem tenham maior rendimento e sejam mais saudáveis é a química. Obviamente, pelo fato de que uma ciência nunca trabalha sozinha, a química é auxiliada, muitas vezes, por outras ciências, como a biologia e a física. Entretanto, é sempre útil ressaltar que, se não fossem os avanços químicos na descoberta de novos processos e novas substâncias, o mundo ainda estaria muito atrasado, principalmente na questão alimentícia.
        Somente para iniciarmos nossa discussão sobre esse assunto, vamos tratar da questão sobre os defensivos agrícolas. É de conhecimento geral que há muito tempo o homem busca meios para melhorar a produtividade de suas lavouras, protegendo-as contra ataques de insetos, fungos e, até mesmo, vírus que podem levar ao extermínio de toda uma plantação. Dentre todos esses agentes causadores de prejuízo nas lavouras, um dos mais combatidos são os insetos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de um terço dos produtos agrícolas cultivados pela humanidade é devorado ou destruído por insetos . Por causa disso, os fazendeiros acabam, muitas vezes, travando uma guerra contra esses animais, utilizando-se dos inseticidas.
        Partindo desse ponto, seria totalmente justificável a utilização dos inseticidas, já que isto garantiria mais alimentos para a humanidade. Em contrapartida, não podemos esquecer que inseticidas são substâncias tóxicas e que, sendo letais para os insetos, trazem, também, alguns prejuízos para a saúde humana. Os inseticidas utilizados na agricultura podem ser de origem vegetal ou sintética. Dentre os de origem vegetal, podemos citar a nicotina, que após uma série de processos químicos é transformada em sulfato de nicotina, atuando, principalmente, por contato externo com o inseto, podendo, também, matar por ingestão. Porém, um inconveniente da nicotina é que ela também é tóxica para os animais de sangue quente, causando intoxicações ao ser humano. Além destes, temos os de origem sintética que se dividem em organoclorados, organofosforados e carbamatos, sendo que, dentre estes, iremos tratar do DDT, o Dicloro Difenil Tricloroetano, um organoclorado patenteado em 1939 que motivou uma série de discussões a respeito de sua toxidade. Seu uso foi banido, porém sem provas suficientes para comprovar sua ação tóxica em aves e nos seres humanos.  Analisando esses dados sobre as ações dos inseticidas, podemos estabelecer uma reflexão sobre seu uso na produção de alimentos. É evidente que os avanços químicos irão gerar substâncias capazes de matar os insetos sem trazer problemas à saúde humana. Contudo, é bom ponderar o uso dos agrotóxicos disponíveis atualmente, devendo a população ser exigente com relação à produção dos alimentos agrícolas, evitando danos futuros à saúde tanto do produtor quanto do consumidor.
        Os ramos de atuação da química na fabricação dos alimentos são tantos que seria impossível enumerá-los em poucas páginas. Uma outra atuação importante da química nos alimentos, dessa vez na indústria, corresponde ao processo de fabricação de bebidas obtidas a partir da fermentação. Aqui iremos tratar, particularmente, dos vinhos que são fabricados desde a antiguidade e se beneficiaram imensamente das descobertas de novos processos químicos, que contribuíram para sua fabricação, eliminando bactérias e possibilitando sua produção em larga escala.
        Durante a fabricação dos vinhos, são adicionadas substâncias químicas, como o dióxido de enxofre, adicionado após a moagem das uvas, que possui ação antimicroorganismos, evitando a contaminação por esses organismos indesejáveis. Além disso, na fase da fermentação são adicionadas ao suco das uvas bactérias que realizam a transformação da glicose em álcool etílico e gás carbônico, caracterizando o processo de fermentação alcoólica. Depois de ocorrida a fermentação alcoólica, ocorre um outro tipo de fermentação, a malolática, que só é possibilitada após a adição de mais dióxido de enxofre e carbonato de cálcio. Essa nova fermentação é necessária para reduzir a acidez do vinho, estabilizá-lo e aumentar seu aroma. Após esse processo, o vinho vai envelhecer nos tonéis, para depois passar pelo processo de clarificação, no qual são adicionadas proteínas para eliminar resíduos das cascas que não foram eliminadas. Após a clarificação, o vinho está pronto para ser engarrafado.
         Por meio dessa breve explicação sobre a produção de vinho, que é semelhante à de outras bebidas alcoólicas obtidas por fermentação, podemos perceber a importância inegável da química também nesse ramo industrial. As pesquisas por novas substâncias e o conhecimento exato dos processos químicos levaram a uma intensa melhoria no sabor e na qualidade dessas bebidas, favorecendo também o ramo industrial.
        Até aqui tratamos da importância inestimável da química na produção agrícola e na industrialização dos alimentos. A partir deste ponto, iremos tratar, também, de um ponto muito importante, que é a embalagem dos alimentos. Para exemplificar, utilizaremos uma forma de embalagem muito popular em nosso país, que é a embalagem tipo PET (sigla de Polietileno teraftalato), normalmente utilizada para acondicionar bebidas como refrigerantes e sucos, muito consumidos no Brasil e em todo o mundo. Como o próprio nome já diz, essa embalagem trata-se de um polietileno, um composto da família dos polímeros que são macromoléculas resultantes da combinação de milhares de moléculas pequenas, denominadas monômeros. O processo pelo qual essa combinação ocorre é chamado de polimerização. Os polímeros podem ser divididos em polímeros naturais ou artificiais, sendo que o polietileno encontra-se no grupo dos artificiais. O polietileno possui, como características, a alta resistência à umidade e ao ataque de substâncias químicas, como, por exemplo, os solventes. Também possui baixo custo de fabricação e boa flexibilidade, embora apresente certa resistência mecânica.
        O polietileno teraftalato é utilizado na fabricação dessas garrafas, pois é capaz de manter bolhas de oxigênio aprisionadas à sua estrutura, o que ajuda no processo de modelagem das garrafas. Além disso, como já mencionamos anteriormente, o polietileno possui baixo custo de fabricação, tornando-se a matéria prima ideal para a indústria de bebidas que está sempre buscando inovações com o intuito de reduzir custos na produção.
         Se analisarmos como era o acondicionamento das bebidas tempos atrás, especialmente dos refrigerantes, podemos concluir que a descoberta desse uso para o polietileno foi uma verdadeira revolução. As antigas garrafas de vidro causavam muito mais problemas, pois são muito mais frágeis e pesadas, além de possuírem o inconveniente de terem de ser retornadas aos pontos de venda, o que não acontece com as garrafas tipo PET, que são mais resistentes, de fácil transporte e tão recicláveis quanto as de vidro, pois do seu processo de reciclagem podem ser obtidos tapetes e penugem para bolas de tênis, além de outros artefatos. Dessa forma, devemos novamente esse progresso aos avanços ocorridos na química durante esse período.
        Finalmente, após essa breve discussão realizada neste texto, podemos ter uma pequena idéia sobre a contribuição da química na produção dos alimentos. Foram abrangidos, aqui, assuntos desde a produção da matéria prima na agricultura, até a sua embalagem final, passando pelo seu processamento na indústria. Esses três temas foram abordados com a intenção de fornecer um panorama amplo sobre todas as etapas que envolvem o desenvolvimento dos alimentos. Desta maneira, percebemos que a química foi muito importante desde o início de seu estudo, na antigüidade, para melhorar o padrão de vida do ser humano através de avanços, muitos deles no ramo alimentício. Obviamente, alguns problemas sempre ocorrem, como a contaminação pelo uso inadequado de determinados produtos. Porém, não há praticamente nada que as pesquisas que vêm sendo realizadas não possam solucionar. Assim sendo, concluímos que a química é simplesmente essencial para a produção de alimentos.

Bibliografia

1) Reis, Martha; Completamente Química; São Paulo; Editora FTD; 2001.

2) Canto, Eduardo Leite do e Peruzzo, Francisco Miragaia; Química na abordagem do cotidiano; São Paulo; Editora Moderna; 1998.


Beatriz Momesso Paulino
2a série
Prof.(a): Míriam Possar do Carmo
Colégio Singular, São Bernardo do Campo

A importância da química na produção de alimentos

        Preparar um simples almoço de semana pode parecer uma tarefa complicada para algumas pessoas, entretanto, nos deparamos com inúmeras facilidades na produção de alimentos no nosso dia-a-dia; vantagens que vêm evoluindo há milhares de séculos, e que, acompanhando a evolução tecnológica, avançaram muito no último século.
        A capacidade de criação dos homens possibilita que por meio da observação da natureza, esses possam, “copiando”, “controlá-la”. Faz-se isso simulando determinados fenômenos conforme se mostram necessários na busca por uma produção mais eficaz. Temos como exemplo a adubação: um dia alguém percebeu que as plantas cresciam melhor em terras onde caíam muitas folhas e frutos, e assim, passaram a levar matéria orgânica a elas. Apenas muito tempo depois, através de pesquisas, pôde-se concluir que dentre os elementos que as plantas precisam, parte é retirada do ar (carbono, hidrogênio e oxigênio) e a outra precisa ser colocada na forma de adubo, como o nitrogênio.
        Partindo de informações como essas que começam a ser elaboradas técnicas para aperfeiçoar a utilização da química, a fim de um rendimento que acompanhe o crescimento populacional. Seguindo o exemplo citado anteriormente, podemos propor que mesmo com a produção em alta por causa dos adubos naturais, este foi insuficiente, devido ao crescimento da produção. Para contornar o problema, desenvolveu-se um fertilizante chamado nitrato de amônio (NH4NO3), fabricado por meio da reação de amônia com ácido nítrico.
        Mesmo que essas técnicas possam causar danos ao meio ambiente-como na fabricação do ácido nítrico, (que se não for bem controlada, pode causar chuvas ácidas)-elas rendem muito mais, uma vez que os compostos de nitrogênio que se encontram nos estercos ou nos restos de plantas são transformados em sais de amônio e nitratos pelas bactérias, resultando em um processo mais demorado e que demanda grande quantidade de matéria.
        Obtido o crescimento da lavoura, a garantia de uma planta saudável se afirma quando são aplicados defensivos. O 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético), por exemplo, é um herbicida que provoca distúrbios generalizados em certas plantas: há uma reação do 2,4-D com substâncias próprias do vegetal, formando-se outros compostos que são letais.
Atualmente a utilização de herbicidas é quase imprescindível, devido à grande quantidade de pragas que se espalham entre as propriedades. Porém, essa garantia que a química proporciona já causa uma série de debates. Esses produtos são altamente tóxicos, e muitas vezes são aplicados sem devida instrução, o que contamina o solo e a água, atingindo todo o ecossistema. Muitas pesquisas científicas estão evidenciando cada vez mais os males causados pelos defensivos agrícolas, tanto para a saúde dos trabalhadores rurais, quanto para os consumidores (resíduos de pesticidas nos legumes, verduras e frutas que podem ser carcinogênicos ou até mutagênicos). Dados como esses justificam a busca pela agricultura sustentável, como por exemplo, a produção de produtos orgânicos, que ao abolir qualquer tipo de agrotóxico, focaliza a harmonia homem-natureza.
        Mas a química está longe de ser dispensável, independente de os produtos serem orgânicos ou não, depois de colhidos, no caso das frutas, há um problema a mais: até que o produto seja transportado e negociado, essas frutas permanecem “estocadas” em algum lugar, e como se sabe, elas liberam o gás etileno, que é um hormônio responsável pelo seu amadurecimento. Muitas plantas juntas liberam grande quantidade de etileno, a tendência então é que chegado o momento do consumo, estejam todas podres. Uma das saídas é mantê-las em refrigeração, porém a adição de CO2 no ambiente em que as frutas estão, poderá antagonizar os efeitos do etileno; pode-se até retirar O2, o que evita a oxidação.
        Devido aos avanços citados acima, têm-se hoje, uma produção agrícola maior e mais eficaz, entretanto, observa-se um outro evento: grande parte dos alimentos consumidos passam pelas indústrias. Assim, recebendo aditivos químicos, proporcionam uma alimentação sadia, segura e higiênica, além de terem sabores e aparências realçadas.
        Antes mesmo da indústria, os aditivos já vinham sendo utilizados. Usar sal para preservar carnes e peixes, por exemplo, age como um agente antimicrobial, inibindo o crescimento de microorganismos, como fungos e bactérias. Para essa mesma função, era comum a adição de vinagre aos vegetais; hoje, ácidos orgânicos como o benzóico, propanóico, ácido sórbico e o próprio ácido acético, proporcionam os resultados exatos que os químicos procuram. Para carnes cruas, como salames, mortadelas e bacons, o aditivo nitrito de sódio(NaNO2) é o mais utilizado, e o dióxido de enxofre é adicionado para controlar o crescimento de microorganismos em frutas secas, sucos e vinhos.
        Não é só o crescimento de microorganismos que pode comprometer a qualidade do alimento, para prevenir a oxidação são usados os antioxidantes. Segundo dados da QMCWEB, “A oxidação envolve a adição de um átomo de oxigênio ou a remoção de um átomo de hidrogênio das moléculas que constituem o alimento (...) Os produtos dessa reação, chamados radicais livres, são extremamente reativos, produzindo compostos responsáveis pelo mau odor e pela rancificação do alimento. Os compostos que reagem com os radicais livres podem reduzir a velocidade da auto-oxidação. Estes antioxidantes incluem os naturais, tais como o tocoferol (vitamina E) e os sintéticos, tais como BHA e BHT, ambos derivados do fenol.”.
        Já no processo de fabricação, um problema como a não dispersão uniforme de um líquido em outro - como água e óleo - é resolvido com adição de um emulsificante. Os emulsificantes possuem normalmente em sua estrutura química, uma porção polar e outra apolar, possibilitando a dissolução dos dois líquidos. Estabilizantes e expessantes (formados por polissacarídeos) se encarregam de aumentar a viscosidade do produto final; enquanto a glicerina e o monoestarato glicérico são capazes de manter o alimento úmido e macio.
        Devido à grande importância comercial que estes produtos possuem, surge a necessidade de mexer com os sentidos dos consumidores. Mudar a cor de um alimento pode ser fundamental para este parecer mais saudável e apetitoso. Esses aditivos podem ser naturais: derivados de plantas, animais, minérios (óxido de titânio TiO2); no entanto, há a facilidade de os corantes sintéticos serem solúveis em água, resistentes à luz e calor, não reagirem com compostos do alimento, e assim terem muito mais fornecedores.
        O antigo costume de adicionar ervas e temperos aos alimentos é empregado até hoje juntamente com aromatizantes artificiais para melhorar o odor e sabor dos produtos. O primeiro flavorizante vendido comercialmente foi o glutamato (MSG), vários séculos atrás, na Ásia. Hoje, utilizamos principalmente ésteres, lactonas, IMP, malte e proteínas vegetais hidrolizadas.
        Ainda pensando em melhorar o sabor dos alimentos, há a utilização de agentes adoçantes. Dentre os nutritivos (que fornecem energia na forma de carboidratos), o mais vendido é a sacarose (açúcar comum); porém cresce a procura por alimentos de baixa-caloria, que podem ser obtidos pelo adoçante não nutritivo. Esse vem sendo desenvolvido há quase 200 anos, desde a descoberta da síntese da sacarina. Fornecendo nada, ou poucas calorias, e sendo mais poderosos que os nutritivos (uma pequena quantidade atinge o efeito desejado), a maioria dos paises incentiva a sua produção mesmo estando comprovado que estes adoçantes podem provocar câncer.
        Outro fator que influencia cada vez mais os consumidores ao adquirir um produto alimentício é o valor nutricional. Essa prática já não é tão antiga, teve início em 1924 quando, nos EUA, o iodo foi adicionado ao sal de cozinha, numa tentativa de inibir o bócio. Decorrente das perdas no processo de manufaturação ou até para “melhorar” o produto, como é o caso dos sucrilhos, a adição de vitaminas se torna cada vez mais comum. De acordo com dados do QMCWEB, “Vitaminas D são adicionadas a cereais, farinha, macarrão; a vitamina C é adicionada a bebidas, derivados do leite e confeitos. Além destes, aditivos como óleos essenciais, minerais e fibras diéticas são também empregados”.
        Procurando produzir diferentes produtos, mais um fator importante comercialmente, são empregadas as mais diferentes técnicas de produção. Um conhecido exemplo de uma delas, a fermentação, é a produção do etanol, um importante componente químico usado em diversos setores, inclusive na indústria de alimentos com a produção de bebidas alcoólicas. Porém, a fermentação láctea também possue bastante importância, já que esse processo é utilizado na produção da maioria dos derivados do leite (iogurte, queijo, manteiga). Para isso há a conversão da lactose em ácido lácteo pelas bactérias, e essa mudança de pH é que causa a coagulação de muitas das proteínas do leite, gerando a separação de fases.
        Diversidade de produtos alimentícios é algo que não falta hoje em dia, mas os avanços químicos continuarão a crescer, a variedade e a qualidade dos produtos também. Será cada vez mais fácil preparar um “almocinho”. E ao mesmo passo em que “saber se virar na cozinha” pode ser até dispensável, conhecer como a comida veio parar na nossa mesa, saber um pouco de todo trabalho empregado nela, torna-se imprescindível.

Bibliografia:

· Armênio Uzunian – Livro texto Anglo Biologia n° 7
· Site: http://qmc.ufsc.br/qmcweb/index.html , revista eletrônica de química da UFSC.(QMC WEB)
· Site: http://www.bibvirt.futuro.usp.br  Aulas 31 e 34 do Telecurso 2000 de química 


Henrique Alves Amorim
2a série
Prof.(a): Almir Vieira França
Colégio Bandeirantes, Suzano

A Química na Produção de Alimentos

         Hoje, aplicação da química se faz presente nos mais diversos campos de atuação humana. O mais importante desses campos de atuação é a produção de alimentos.
         O avanço da química na produção de alimentos é tão grande que, hoje veremos a seguir.

 A Química na Agricultura e Pecuária

         A partir do momento no qual os Homens descobriram como cultivar alimentos deixaram, a condição de serem nômades a fundar cidades e civilizações. Junto com esse desenvolvimento social, a agricultura foi evoluindo até chegar nos dias atuais. A química se faz presente nesse desenvolvimento através de fertilizantes, defensivos, modificadores genéticos e etc.
         Os fertilizantes, tanto os orgânicos quanto os inorgânicos, são produtos que visam melhorar e agilizar a nutrição das plantações. Os fertilizantes surgiram da necessidade de nutrir a plantação, uma vez que as culturas se intensificavam e os campos já não agüentavam suprir tais necessidades de forma eficiente e rápida.
         Dependendo da sua utilização, os fertilizantes podem ser classificados de duas maneiras:
        · Adubos, quando atua de forma direta, proporcionando às plantações uma melhora quanto à quantidade de nutrientes bons para as mesmas.
        · Corretivos, quando atua de forma indireta, fazendo a função que o próprio nome diz corrigindo as deficiências presentes nos solo.
        Os adubos vêm sendo utilizados desde os tempos helênicos, quando a Grécia e a Roma dominavam o Mundo. Eles surgiram da necessidade de produzir mais e melhores alimentos para alimentar suas populações. Os adubos possuem nutrientes que vêm a enriquecer o solo conseqüentemente, as plantações.
         Os corretivos, apesar de serem usados em menor quantidade que os adubos e de também serem formados por nutrientes, são necessários quando o solo possui condições desfavoráveis às plantações, como baixa absorção de ar, água, alta ou baixa acidez e etc.
        Quanto à origem, os fertilizantes podem ser classificados de duas maneiras:
        · Orgânicos, quando derivam das decomposições de vegetais, estrume e outros meios naturais vegetais e animais.
        · Inorgânicos, quando derivam de minerais como: N,P,K,Ca, etc
        Outros elementos importantes na agricultura são os herbicidas, inseticidas, fungicidas. Eles atuam de forma a combater pragas como insetos, fungos e etc. Eles podem ser classificados como:
        · Compostos inorgânicos, formados por arsênio, chumbo e mercúrio. Estes são os mais prejudiciais ao Meio-Ambiente porque sua persistência dura mais de um século!
        · Compostos organoclorados, que possuem cloro nas suas composições e são normalmente inseticidas, como DDT. Persistem por cerca de 2 a 5 anos na natureza.
        · Compostos organofosforados, que possuem fósforo nas suas composições e são inseticidas, fungicidas e herbicidas, como o paration. Persistem de alguns dias a vários meses.
        · Carbamatos, que são inseticidas, fungicidas herbicidas, como o carbaryl. Persistem na natureza por alguns dias a vários meses.
        O problema decorrente da utilização de tais elementos, também chamados de agrotóxicos, é que os mesmos podem atacar as águas dos rios, quando levados pela chuva, poluindo assim o Meio Ambiente. Após atacar as águas dos rios, eles permanecer ativos por muito tempo, podendo atacar a saúde das pessoas que consumam tal água e até mesmo as plantações que sejam irrigadas com a água contaminada.
         As modificações genéticas são feitas para evitar que plantações sofram com as ações de certas pragas. Para isso, é modificada a estrutura genética, fortalecendo a cultura plantada. Uma dessas modificações são os alimentos transgênicos, modificados geneticamente e que causam polêmica por causa da não comprovação de boa procedência, ou seja, se faz bem ou mal à saúde e etc. Pouco se sabe sobre transgênico a ponto de garantir sua excelência.
         Na pecuária, as modificações genéticas e as rações são as melhores contribuições da química, além dos tradicionais remédios.
         As modificações genéticas feitas na pecuária visam obter melhores raças, melhor qualidade e lucro. Hoje em dia, é possível antecipar a idade fértil de uma espécie proporcionando lucros mais rápidos e uma raça mais forte e produtiva.
         Antigamente, galinhas eram criadas se alimentando de minhocas, ervas...e os bovinos, caprinos eram alimentados por pastos naturais. Hoje, ainda há essas práticas, porém com o avanço da química agropecuária, é possível alimentar os rebanhos, de modo geral, com rações que garantam boa engorda, boa saúde, aumento da longevidade do animal e até da produção de leite e ovos.

 Química na Indústria Alimentícia

         Os povos antigos consumiam os alimentos naturais no instante em que tais eram colhidos. Hoje em dia, com o crescimento da população e da urbanização pelo Mundo, o problema da alimentação se tornou complexo. Vários fatores contribuem para esse problema com distância dos campos às cidades e durabilidade.
         Para driblar esses problemas, as indústrias alimentícias com a ajuda fundamental da química trabalham arduamente, tentando criar novas soluções para o problema da alimentação. Técnicas e substâncias são usadas hoje pela indústria. A seguir, serão apresentadas algumas técnicas e substâncias usadas pela indústria alimentícia nos dias de hoje.
        · A fermentação surgiu há muito tempo, sendo tão velha quanto a agricultura. É utilizada para o crescimento de massas, com a liberação do CO2 que estufa a massa, produção de queijos, produção de bebidas como vinho e cerveja, onde um açúcar é transformado em álcool, e outros produtos.
        A fermentação é basicamente a quebra de compostos grandes, como açúcares, formando compostos menores, como álcoois e ácidos, através de bactérias que possuam tal propriedade. A causa da mesma não era bem compreendida até o século XIX quando Pasteur, estudando alguns problemas de produtores de bebidas da França, descobriu algumas das propriedades da fermentação.
        · A extração é um processo que visa extrair substancia de um produto, plantas, por exemplo. Normalmente, a extração é usada para a fabricação de óleos, como de soja, castanha e etc. Um dos elementos utilizados na extração é o CO2 supercítrico.
        · A hidrogenação atua transformando substância insaturada em saturada. Isso possibilita que óleos passem do estado líquido para o sólido, como óleos utilizados na fabricação de margarina e também uma maior durabilidade, uma vez que o ponto de fusão aumenta.
        · A desidratação é feita através de mecanismos como secagem por ar quente, por contato, secagem por congelamento (liofitilização). Ela visa aumentar a conservação do alimento, uma vez que a umidade facilita o aprodecimento do alimento por bactérias.
        · A adição de fortificante é uma prática que visa adicionar nutrientes em alguns alimentos, como achocolatados e leite em pó. Como curiosidade, em 2002 houve um encontro de alguns países da África Ocidental em Gana, onde foi discutida a adição de fortificantes nos alimentos visando diminuir a desnutrição. Para isso, alguns governos daquela região incentivam a adição de ferro, vitamina A e iodo em alguns alimentos.
        · Os conservadores são substâncias que aumentam a durabilidade ou impedem o apodrecimento dos alimentos, causado por microorganismos ou enzimas. Exemplos: ácido benzóico, propionatos, etc.
        · Os aromatizantes são substâncias que conferem ou aumenta o aroma dos alimentos e bebidas. Exemplos: Vários ésteres.
        · Os edulcorantes são substâncias orgânicas artificiais, que conferem sabor doce aos alimentos. Exemplo: Sacarina.
        · Os corantes estão presentes na maioria dos alimentos industrializados e são as substâncias que conferem cor aos alimentos. Exemplos: Caratenóides (cor amarela), urucu (vermelho), etc.
        Essas são algumas das práticas e substâncias usadas pela indústria de alimentos. Há diversas outras como acidulantes, umectantes, estabilizadores e etc.
        O uso de aditivos, substâncias, nos alimentos, que pode ser bom desde que feita em quantidades mínimas, evitando o abuso. Pessoas se deixam enganar quando compram alimentos rotulados de “alimentos naturais” porque os próprios são compostos químicos por natureza. O certo seria rotular “esse alimento não contém produtos nocivos à saúde”.

A Química na Conservação e Controle de Qualidade dos Alimentos

        Como foi dito anteriormente, a humanidade tem a necessidade de conservar os alimentos. Para fazer o mesmo, já foi dito sobre algumas técnicas e substâncias que ajudam na conservação. Outra prática utilizada é a da embalagem que, dependendo da relação entre o alimento e o material, modelo da embalagem, pode conservar por mais tempo. Uma boa embalagem pode evitar desperdícios com alimentos podres, impróprios para consumo, logo propõe uma maior economia.
        O mercado de embalagens é bastante competitivo, logo a atuação da química na modernização das embalagens pode significar assumir a dianteira frente aos concorrentes. Um exemplo de modernização quanto embalagens é a gradual substituição das embalagens de “papelão revestido ou metal” pelas de plástico. A vantagem da embalagem de plástico é o fato de não ter tanta chance de liberar resíduos quanto às outras, o que garante a manutenção do sabor e da qualidade. O fato de a embalagem ser de metal não garante que a mesma é ruim, porque a química já desenvolveu vernizes e revestimentos que colaboram com a manutenção dos alimentos. Um exemplo é a utilização de folhas de aço revestidas com cromo nas latas de sardinhas, o que proporcionou a possibilidade das mesmas serem cozidas já enlatadas.
        Uma má manipulação ou uma má conservação dos alimentos pode causar, além do desperdício, problemas para a saúde humana. Exemplos disso foram constatados com o botulismo, intoxicação alimentar grave, causada pelo palmito contaminado, que causou a morte de algumas pessoas há alguns anos e até antigamente, quando uma fermentação era feita erradamente poderia causar a morte de uma pessoa por causa da presença de bactérias letais ao homem. Intoxicações alimentares são os casos mais comuns causadas por alimentos mal conservados ou mal tratados.
        Para driblar tais problemas, a química proporciona a possibilidade de serem feitas análises químicas nos alimentos. Tais análises podem evitar a morte por botulismo, por exemplo, ou intoxicações alimentares. Um dos órgãos que vigiam a qualidade dos alimentos é a ANVSA Agência Nacional de Vigilância Sanitária. O respeito aos prazos de validade e aos modos de conservação podem ajudar muito contra esses problemas de alimentos.

Conclusão

        A química se faz presente nos mais diversos segmentos, sobretudo nos alimentos, como podemos, como podemos observar. A mesma química proporciona soluções para problemas como má alimentação, necessidade de alimentar a população, necessidade conservação e etc.
        Porém, um mau uso de produtos químicos pode ocasionar danos ao Meio Ambiente e à saúde humana. Para impedir isso, o controle de qualidade e o uso adequado de práticas, embalagens e substâncias se fazem necessários.
        Podemos dizer que só nos alimentamos hoje por causa da química nas mais diversas áreas de alimentos como a agropecuária e a indústria alimentícia.

Bibliografia

· http://www.karatebarretos.com.br/carboidratos.php
· http://www.bycorpus.com.br/materia3.html
· http://www.copacabanarunners.net/indinutri.html
· http://www.planeta.terra.com.br/saude/luizmeira/fat.html
· http://www.geocities,yahoo.com.br/quiprocura1/mais3/prot.htm
· http://www.campus.fortunecity.com.yale/757/fertiliz.htm
· http://www.ancp.org.br/tecno_precodidade.asp
· http://www.vegetarianismos.com.br/artigos/pecuaria-moderna.html
· http://www.geocities.com/fermentação301/
· http://www.ufrj.br/posgrad/cpeq/separa.html
· http://www.esrp.pt/departam/g04/12_ano/rec_org.html1#31
· http://www.dq.ua/intranet/programas/Htm/2001_2002/Processos%20Unitários%20industria%20alimentar.htm
· http://www.pfnutrition.org/ConsensusSP.html
· http://www.saude.pr.gov.br/Agravos/Outras_doenças/botulismo.htm
· http://www.quimica.com.br/revista/qd414/tintas.html
· Feltre, Ricardo. Química Orgânica. Vol. Único. Capítulo 22